Ex-vice-prefeito questiona Saúde de Ribeirão sobre vacinação contra a Covid-19
Ofício do promotor Carlos Cezar Barbosa questiona secretário Sandro Scarpelini sobre cadastramento de idosos, número de vacinas necessárias e divulgação de dados
*Matéria atualizada às 13h50 para inclusão de resposta da Secretaria Municipal de Saúde
O ex-vice-prefeito e promotor de Justiça da Pessoa Idosa do Ministério Público (MP), Carlos Cezar Barbosa, encaminhou um ofício à Prefeitura de Ribeirão Preto questionando sobre o andamento da campanha de vacinação contra a Covid-19 no município.
No documento, enviado à secretaria, o promotor questiona se a vacinação de pessoas idosas, por faixa etária, está sendo realizada exclusivamente por agendamento, mesmo diante de evidências de que muitas dessas pessoas não sejam dotadas de recursos intelectuais, eletrônicos ou materiais, no sentido amplo, para realizar tal agendamento. “Em caso positivo, qual o fundamento legal desse procedimento?”, questiona Carlos Cezar Barbosa.
Barbosa também pergunta se, a Secretaria da Saúde usa as informações do senso para identificar o número de vacinas necessárias para a imunização das faixas etárias respectivas, dentro do prazo anunciado, de modo que nenhuma pessoa idosa de cada faixa etária fique à margem da vacinação.
O terceiro e último questionamento do promotor ao secretário é em relação à transparência. “A população de Ribeirão Preto tem sido informada a respeito de quantas vacinas vêm sendo disponibilizadas pela União ou pelo Estado para cada uma das fases de vacinação, bem como a origem de cada uma dessas vacinas? Em caso positivo, onde se encontram essas informações.”
Ainda segundo o ofício, diante da urgência que o caso requer, a secretaria tem o prazo de cinco dias para responder à promotoria, “juntamente com o envio de documentos pertinentes”, conclui o documento.
"Recebi reclamações de idosos que se deslocaram de suas casas, na periferia, desacompanhados e utilizando transporte público, que chegaram nos postos de vacinação e não foram vacinados por que não haviam feito o agendamento. Além disso, os telefones disponibilizados para o agendamento não atendem a demanda. Estão ocupados o tempo todo.", declarou o promotor.
Barbosa ressaltou que o agendamento até pode ser utilizado para facilitar a logística, mas não pode ser condição obrigatória para a vacinação, sob pena de pessoas idosas carentes, sem acesso aos recursos de agendamento, ficarem excluídas.
"Me chamou a atenção, de outra parte, a falta de transparência da administração com relação ao processo de vacinação nas suas diversas etapas. Quantas vacinas serão aplicadas? Atenderão ao público da respectiva faixa etária? Qual a origem dessas vacinas? Estado? União? Que vacinas são essas? A população tem o direito de acessar a essas informações. Isso se chama transparência e ajuda muito a dar credibilidade (ou não) à maneira como o Poder Público está tratando a questão da pandemia", concluiu o Barbosa.
A Secretaria Municipal da Saúde informou que recebeu o ofício e os questionamentos serão respondidos em tempo ao promotor Carlos Cezar Barbosa.
Relação conturbada
Carlos Cezar Barbosa foi vice-prefeito de Ribeirão Preto durante o primeiro mandato de Duarte Nogueira (PSDB). Porém, a relação dos dois sofreu desgastes desde o início do mandato. Barbosa não possuía um gabinete próprio, pediu exoneração da Secretaria de Assistência Social e, após uma mensagem enviada a subordinados, se viu envolvido em uma suposta denúncia de compra de votos contra a ex-primeira dama.
Em entrevista ao Portal Revide na época, Barbosa afirmou que em momento algum acusou diretamente Duarte Nogueira ou a primeira dama e que a informação sobre a troca de mensagens vazada era improcedente. “Fui vítima de matéria sensacionalista. Tem veículo de imprensa que é pior que vampiro – se alimenta de sangue", criticou. Além disso, o vice utilizou, algumas vezes, as redes sociais, para criticar medidas do Executivo.
Devido ao desgaste e divergências na condução do município, Barbosa não aceitou disputar uma nova eleição enquanto vice de Nogueira. O que fez com que o atual prefeito escolher Daniel Gobbi (PP) para ocupar a função.
Foto: Ibraim Leão
