Ribeirão Preto cria planos de contingência para o coronavírus

Ribeirão Preto cria planos de contingência para o coronavírus

Mesmo sem nenhum caso confirmado no Brasil, o problema acendeu um sinal de alerta das autoridades do país e do mundo

Nos primeiros dias de 2020, uma doença silenciosa se espalhava por uma das regiões mais populosas da China. No final de dezembro de 2019, moradores da cidade de Wuhan, com cerca de 11 milhões de habitantes, procuraram ajuda médica reclamando de problemas respiratórios. Em pleno inverno chinês, com temperaturas abaixo dos 10ºC, a epidemia foi interpretada como uma pneumonia ou uma virose típica da estação. No dia 31 de dezembro, autoridades chinesas alertaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a epidemia. No dia 9 de janeiro, após análise de amostras do vírus, a OMS revelou que a suposta epidemia de pneumonia era, na verdade, um novo tipo de coronavírus. Dois dias depois, em 11 de janeiro, a primeira morte pela doença foi registrada. Em menos de um mês, o vírus se tornou problema de saúde global, implicando, inclusive, na criação de planos de contingência pela Prefeitura de Ribeirão Preto, a 17 mil quilômetros do epicentro da epidemia. Mesmo sem nenhum caso confirmado de coronavírus no Brasil — até o momento—, governantes já articulam medidas para evitar que a doença se alastre pelo país. 



No dia 30 de janeiro, a Prefeitura convocou uma reunião de contingência para tratar sobre a possibilidade do vírus na cidade. Participaram o prefeito Duarte Nogueira (PSDB), o secretário da Saúde, Sandro Scarpelini, a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Luzia Marcia Romanholi Passos, e o gerente da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Luciano Fiori. Na reunião, Sandro reforçou que Ribeirão Preto não tem nenhum caso suspeito e ressaltou que as equipes nas unidades de saúde já estão preparadas para eventuais atendimentos. “Todos já foram informados, preparados e orientados no caso de chegar algum paciente numa unidade de saúde com os sintomas. Eventualmente, se houver caso mais grave, deverá ser tratado em um hospital”, explicou o secretário. Dependendo da gravidade, contudo, o paciente poderá ser orientado a voltar para casa e ficar em repouso. A notificação seguirá o protocolo municipal para Enfrentamento ao Novo Coronavírus, divulgado pelo governo. Caso o paciente possua os sintomas previstos no protocolo, amostras de secreções deverão ser enviadas, o quanto antes, ao Instituto Adolfo Lutz para análise. Além disso, será encaminhada uma ficha contendo as informações do quadro do paciente ao Ministério da Saúde.


Segundo o protocolo da Secretaria da Saúde, a principal ação para contenção da doença é limitar a transmissão entre humanos. Em casos graves, o paciente deverá receber uma máscara cirúrgica e ser isolado o mais rápido possível. Ele deverá ficar em um quarto privativo, com acesso restrito, no qual os únicos autorizados a entrarem deverão portar máscara cirúrgica, protetor ocular, luvas e avental. Após serem liberados, os pacientes ainda deverão passar por um isolamento domiciliar por, pelo menos, sete dias.  Além disso, a vigilância epidemiológica irá investigar todos os indivíduos próximos do caso suspeito, que deverão ser orientados a serem mantidos em quarentena social por pelo menos 14 dias após o último contato com o paciente. Por fim, a Secretaria de Saúde recomenda que, independentemente do comportamento da epidemia no mundo e no país, alguns cuidados básicos são fundamentais para a diminuição do risco de transmissão de várias doenças, inclusive para o novo coronavírus. São elas: lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos; evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; evitar contato próximo com pessoas doentes; ficar em casa quando estiver doente; cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo; limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência; manter o ambiente limpo e arejado.

 

TERRITÓRIO NACIONAL


Até o dia 1º de fevereiro, o Ministério da Saúde possuía 16 casos suspeitos do novo coronavírus no Brasil, além de 10 suspeitas descartadas. O Estado de São Paulo é o que mais possui casos: são oito suspeitas no total. Para lidar de maneira mais efetiva com uma possível epidemia, o governo federal reativou o Grupo Executivo Interministerial de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e Internacional (GEI-ESPII). A medida transfere para o Ministério da Saúde autoridade para coordenar representantes das seguintes entidades: Casa Civil, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério da Defesa, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Ministério do Desenvolvimento, Gabinete de Segurança Institucional e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Dentre as atribuições do GEI-ESPII, está a articulação de medidas de preparação e de enfrentamento às emergências em saúde pública no âmbito nacional e internacional. O grupo também deverá definir critérios locais de acompanhamento das situações de emergência. “As nossas ações no âmbito nacional continuam as mesmas, porque já seguem os critérios determinados pelo Regulamento Sanitário Internacional. Estamos à frente de muitos países em relação a isso e o Brasil está à disposição da Organização Mundial da Saúde para apoiar ações internacionais em resposta a situações de emergência em saúde pública”, declarou o secretário em Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira. De acordo com o secretário, o grupo já atuou em outras situações, como a pandemia de influenza. 


Texto: Paulo Apolinário e Raissa Scheffer

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