São Paulo anuncia criação de mais seis centros de pesquisa para testar CoronaVac

São Paulo anuncia criação de mais seis centros de pesquisa para testar CoronaVac

Vacina, que é testada também em Ribeirão Preto, terá mais voluntários na fase 3 do estudo

O Governo do Estado São Paulo anunciou que criou mais seis centros de pesquisa para ampliar o número de voluntários nos testes da Fase 3 da CoronaVac, vacina que está sendo produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butatan. Ribeirão Preto é um dos centros de estudos já existentes, desde julho, cerca de 500 profissionais da saúde voluntários na cidade recebem as doses do imunizante. 

Com a criação de mais centros, a intenção é acelerar a fase final de testes clínicos para identificar a eficácia da vacina. Estudos das fases 1 e 2 da vacina, realizados na China, já demonstraram que ela é segura.

“Com a abertura desses centros, vamos ganhar velocidade para que essa demonstração da eficácia possa aparecer o mais rapidamente possível. Esperamos que isso aconteça em novembro ou meados de dezembro”, disse nesta sexta-feira, 23, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.

Os novos centros serão supervisionados por especialistas do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, sendo que quatro ficam em hospitais da periferia da capital paulista, onde a taxa de contaminação se mostrou maior do que nos bairros centrais, e dois ficam na região do ABC.

Atualmente, 9.039 voluntários já participam dos estudos clínicos da vacina, que são feitos com profissionais da área da saúde de sete estados. Como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia aprovado a ampliação do estudo para 13 mil voluntários – e havia uma dificuldade para recrutar os voluntários -, o governo paulista decidiu ampliar o número de centros de pesquisa para tentar obter o mais rapidamente possível esse número de pessoas participando do estudo. No estudo, metade dos participantes recebe a vacina; a outra metade, placebo.

Caso a última etapa de testes comprove a eficácia da vacina, o acordo entre a Sinovac e o Butantan prevê a transferência de tecnologia para produção do imunizante no Brasil. A CoronaVac prevê a administração de duas doses por pessoa.

Eficácia

Para comprovar a eficácia da vacina, é preciso que ao menos 61 participantes do estudo, que tomaram o placebo, sejam contaminados pelo vírus. A partir dessa amostragem, é feita então a comparação com o total dos que receberam a vacina e, eventualmente, também tenham diagnóstico positivo da Covid-19. Se o imunizante atingir os índices necessários de eficácia e segurança, será submetido a uma avaliação da Anvisa para registro. E só então a vacina estaria liberada para a aplicação na população.

No início desta semana, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, anunciou que a CoronaVac é uma vacina segura, que não apresenta efeitos colaterais graves. Ele também disse que os resultados de eficácia ainda não foram finalizados, mas que espera que seja possível de acontecer até dezembro deste ano.

A vacina

O governo paulista, por meio do Instituto Butantan, tem uma parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac para a vacina CoronaVac. Por meio desse acordo, o governo vai receber 46 milhões de doses da vacina até dezembro deste ano, sendo que 6 milhões chegarão prontas e, o restante, precisará ser produzida no Brasil a partir da matéria-prima que chegará da China. O acordo também prevê transferência de tecnologia para o Butantan. 

O governo paulista negocia para oferecer essas doses para o governo federal, para inclusão no Programa Nacional de Imunização e no Sistema Único de Saúde (SUS).

Inicialmente, o governo paulista previa que o início da vacinação poderia ocorrer a partir de 15 de dezembro, mas com o atraso no estudo de eficácia, essa data deve ser adiada. Também houve um atraso na permissão da importação de insumos da vacina pela Anvisa, segundo disse hoje, 23, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan. Segundo ele, a Anvisa se comprometeu a liberar essa importação em até cinco dias úteis. 

“Nossa linha de produção está pronta, aguardando a matéria-prima que vem da China. Tivemos um certo atraso em relação à autorização da Anvisa, mas ontem (22) houve manifestação de que em cinco dias úteis ela [Anvisa] emitirá um certificado para que possamos fazer a importação. Com isso, iniciamos a produção da vacina, inicialmente 40 milhões de doses, que deverão estar prontas dentro do cronograma. Portanto, teremos ainda a possibilidade de manter o cronograma original”.

Polêmica

Nos últimos dias, a vacina CoronaVac tem sido o centro de uma polêmica entre o presidente Jair Bolsonaro e o Governo do Estado de São Paulo. Após o Ministério da Saúde firmar um termo de compromisso para a compra das doses da vacina, o  presidente afirmou que o Governo Federal não comprará a CoronaVac. Na tarde desta quarta-feira, 21, a Secretaria de Estado da Saúde e o Instituto Butantan emitiram uma nota dizendo que recebem com surpresa e indignação a declaração.


Foto: Gerd Altmann por Pixabay

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