Política nas paredes de Ribeirão Preto

Política nas paredes de Ribeirão Preto

Na era da ‘Política Digital’, as velhas pichações ainda são instrumento de manifestação política em Ribeirão Preto

Antes das manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff, principalmente a do dia 16 de agosto, o jornal de economia Valor revelou o aparato de comunicação que alguns movimentos utilizam para convocar esses protestos.

Os membros desses movimentos usam basicamente as redes sociais para alcançarem o maior número de pessoas possível, apostando em imagens e memes para chamar a atenção.

A rede mundial de computadores, que comemora aniversário no mês de agosto, também teve importância na convocação de manifestações das Jornadas de Junho de 2013, na Primavera Árabe, e nos movimentos Occupy, nos Estados Unidos, e dos Indignados, na Europa.

Também, como foi destaque nas últimas eleições, a internet, por meio das redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagran, e pelos blogs pessoais, foi ator de destaque no compartilhamento de opiniões sobre determinados candidatos e até no rastreamento das ações destes.

Mas, o mundo virtual, mesmo com essa variedade de opções, não é o único espaço para a exposição de ideias e opiniões. Basta andar pelo Centro das grandes cidades de qualquer lugar do planeta, inclusive em Ribeirão Preto, para ler manifestações políticas fixas nas paredes.

Cartazes e pichações

Na rua Lafaiete, por exemplo, é possível notar a presença política destacada nas paredes, geralmente de grupos com posicionamento de esquerda, que propõe a reflexão sobre determinados assuntos, como a questão do aborto e movimentos reacionários.

O estudante de direito Cassiano Figueiredo, integrante do Movimento Juntos, acredita que essas manifestações físicas, fazem parte da tradição da juventude como meio de expor uma opinião, além de alcançar um grupo maior ao encontrado nos círculos de amigos nas redes sociais.

“Em tempos de ‘política digital’, no qual todo mundo se manifestar pelas redes sociais, é muito importante materializar a propaganda e a agitação nas ruas. Além de que as redes sociais criam ‘bolhas’, o que tornam essas coisas muito restritas”, afirma o estudante.

O pesquisador do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (Celacc), da Escola de Comunicação e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP), Silas Nogueira, diz que essa forma de se manifestar representa uma retomada do espaço público e a opção por tornar a ideia em algo concreto e real, diferenciando-se do virtual.

“Vejo como uma retomada de espaços diante da saturação de informação por meio da internet, onde as coisas perdem significado”, diz o pesquisador, e ele completa dizendo que “fora da rede, a comunicação ganha concretude e fica próxima da realidade”.

O sociólogo Ubaldo Silveira aponta que as pichações ainda são comuns no mundo inteiro, inclusive ele se lembra de uma viagem recente a Milão, na Itália, onde encontrou essas manifestações em monumentos.

Silveira, que particularmente não gosta da prática, vislumbra que ela ainda permanecerá como ferramenta por muito tempo. “Ainda está em alta porque assim a pessoa se manifesta, fala para o mundo o que tem vontade de dizer. Faz parte do ser humano”, completa.

Revide On-line
Leonardo Santos (Colaborador)
Fotos: Leonardo Santos, Julio Sian e Pedro Gomes

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