As ruas de Ribeirão Preto contam a história da Proclamação da República
As ruas de Ribeirão Preto contam a história da Proclamação da República

As ruas de Ribeirão Preto contam a história da Proclamação da República

Muitos pontos da cidade homenageiam os principais nomes da Proclamação da República, comemorada com feriado nesta terça, 15

O feriado de 15 de novembro, comemorado nesta terça-feira, é em referência à Proclamação da República, em 1889, que acabou com a monarquia no País, e instaurou o presidencialismo como modelo político.

A data é pouco lembrada pelos brasileiros, como aponta o jornalista, escritor e historiador Laurentino Gomes, autor da trilogia histórica 1808, 1822 e 1889, sobre a chegada da família real portuguesa ao Brasil, a Independência e a Proclamação da República, que acredita que isso se deve por ter partido de um movimento no qual a ação popular não foi vista.

Mas quem mora em Ribeirão Preto sempre vai esbarrar em algum lugar que rememore a data. O principal deles é a Praça XV de Novembro, no coração do município, onde fica um dos principais cartões postais da cidade, Quarteirão Paulista. Mas outros logradouros fazem referência, e ali mesmo no Centro.

A Rua Marechal Deodoro, que vai da Avenida Anhanguera à Avenida Doutor Francisco Junqueira, e é uma homenagem ao primeiro presidente do Brasil, Deodoro da Fonseca, responsável por Proclamar a República ao dissolver o gabinete do então Primeiro-Ministro, Barão de Ouro Preto, e expulsar a família real do País.

Tem também a Rua Floriano Peixoto, que assim como a Marechal Deodoro, vai da Avenida Anhanguera à Avenida Francisco Junqueira, e lembra do segundo presidente do País, ao assumir o posto após a renúncia de Deodoro, em uma época que o Brasil passava por uma crise política, motivada pela dissolução do Congresso Nacional, que fazia forte oposição a seu governo, em razão de uma crise econômica. Muitos historiadores apontam Floriano como uma das principais figuras da proclamação e também como o primeiro ditador, já que boa parte de seu governo se deu sob Estado de Sítio.

Outra mente influente a respeito da Proclamação da República é a de Benjamin Constant, que em Ribeirão Preto é homenageado com uma rua nos Campos Elíseos, entre a Rua Carlos Gomes e a Avenida Francisco Junqueira. Constant, homônimo de um dos principais nomes da Revolução Francesa, que ocorreu um século antes, é apontado por Laurentino como o mentor intelectual dos militares que realizaram a Proclamação da República. Foi ele quem idealizou que o Brasil adotasse o sistema positivista, que incluiu a frase “Ordem e Progresso” na bandeira do País.

Voltando para a região central de Ribeirão Preto, muitos já passaram pela Rua Lafaiete, que homenageia Lafayette Rodrigues Pereira, Primeiro-Ministro durante o império, e diplomata na ocasião da Proclamação, da qual foi opositor, porém um dos principais nomes republicanos daquela época. Outro Primeiro-Ministro homenageado com nome de rua é o Conde Afonso Celso, ou Barão de Ouro Preto.

A rua fica entre as avenidas Caramuru e a Nove de Julho, e recorda do Barão de Ouro Preto, então chefe de governo deposto para a instauração da república e também tataravô do cantor Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial.

Já Quintino de Bocaiuva, foi o único civil a marchar ao lado dos militares na Proclamação da República, e foi o primeiro-ministro das Relações Exteriores da nova república. A rua que o homenageia fica entre a Avenida Portugal e a Rua Marcondes Salgado.

Em Ribeirão Preto, ainda tem a Rua Campos Salles, entre as avenidas Portugal e Jerônimo Gonçalves, que homenageia o quarto presidente do País, e primeiro Ministro da Justiça da república.

Outros homenageados que têm relação com a Proclamação da República são Silveira Martins, nomeado primeiro-ministro para substituir Afonso Celso, o estopim para que a república fosse proclamada em 15 de novembro, por ter divergências com Marechal Deodoro. Laurentino aponta que a discórdia entre os dois pode ter sido motivada por uma mulher.

Outro antagonista da Proclamação da República homenageado é Conde D’Eu, marido da Princesa Isabel, e apontado pelos republicanos como portador de planos para usurpar o trono brasileiro, mesmo o conde sendo francês. A rua que leva seu nome fica entre as ruas Rondônia e Paranapanema, no Sumarezinho. Além do imperador Pedro II, homenageado com o nome do principal teatro da cidade, o Theatro Pedro II, também é lembrado em uma rua entre a Rua São Paulo e Frei Santo, nos Campos Elíseos.

Além disso, a região de Ribeirão Preto também deve seu representante republicano. Martinico Prado, fazendeiro na região, foi deputado da Assembleia Provincial da São Paulo, pelo Partido Republicano Paulista, ainda na época do império, homenageado com uma rua na Vila Tibério, que fica entre as avenidas Jerônimo Gonçalves e Antonio e Helena Zerrener.


Foto: Ibraim Leão

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