Aedes movimenta economia alternativa em Ribeirão Preto

Aedes movimenta economia alternativa em Ribeirão Preto

De tela protetora de janela a plantinha de manjericão, tudo para afastar o mosquito transmissor da dengue e da zika

Uma telinha de 50cm x 130cm está livrando as vendas do vendedor ambulante Antônio Célio da Silva da crise. Tudo graças à proliferação do mosquito Aedes aegypti, que aumentou a procura pelo produto, enquanto as vendas de tábua de passar, que ele tenta negociar, estão deixando a desejar.

Tudo começou com a constatação de que no mercado faltava oferta dos produtos, geralmente encomendados e feitos sob medida, e poucas opções em depósitos de material de construção, que só vendem o material.

A tela que Célio, como prefere ser chamado, vende, só precisa do encaixe nas janelas. O projeto é da própria equipe do vendedor, que fica espalhada em quatro cantos de Ribeirão Preto, que fez até com que um dos funcionários se matriculasse em uma escola do Senai para aprender a construir a peça.

A praticidade chama a atenção de quem passa por Célio em uma esquina na Zona Sul. Em 10 minutos de conversa três pessoas pararam para pedir informações de como instala a tela, preço e formas de pagamento – ele aceita até cartão, que passa em uma maquininha que guarda no carro.

“Hoje mesmo parou um rapaz que trabalha com instalação de tela, que parou, ficou olhando uma meia hora, só para ver como funciona”, diz satisfeito o vendedor, que faz de tudo para “vender bem o produto”.

“Mosquito nenhum passa. Ele tenta entrar, mas não consegue de maneira nenhuma. Filtra até o ar”, garante o homem à uma mulher interessada pelo produto. “Levo duas. É sempre bom ter. Tenho criança pequena, e é bom prevenir”, responde empolgada uma cliente.

De acordo com Célio, que vendeu 40 telas em três dias, o que ele considera um número bom, devido ao preço um pouco salgado – aproximadamente R$ 150 -, ele leva vantagem pelo fácil manuseio. Isso ajudou a suprir as vendas de tábuas de passar roupa, que foi afetada pela crise econômica.

“Antes vendia 15 por dia, mas já tem alguns meses que levo quase tudo para casa de volta. A crise afetou todo mundo, não tem como”, lamenta o vendedor.

Outro que viu na epidemia de dengue uma oportunidade de reforçar os negócios foi Adilson Cossalter, que vende ervas e plantas em um carro já que segundo ele manjericão e citronela são ‘bons’ para afastar o mosquito Aedes aegypti.

Porém, ele fala que poucas pessoas procuraram a citronela. Nos últimos dias, “um ou dois pés saíram, mas, em compensação, manjericão sai 70 pés em um fim de semana”, comemora Adilson, que aponta o sucesso porque saiu na internet que a planta é repelente. “Só jogar lá no Google que você vê que é uma das primeiras coisas falando. E o povo veio atrás”, comemora.
 

Foto: Leonardo Santos

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