Mais barato

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Dólar atinge a menor cotação desde julho do ano passado e acumula queda de 8,39%, neste ano, em relação ao real

Matéria publicada na edição 1101 da revista Revide.

Na terça-feira, 21 de fevereiro, após o presidente Vladimir Putin anunciar o reconhecimento de duas regiões separatistas da Ucrânia, o dólar chegou a R$ 5,05, menor cotação em quase sete meses. Com o resultado, a moeda norte-americana registra queda de cerca de 8,39% no ano, após acumular alta de 7,4% em 2021. 

Segundo o professor Fernando Antônio de Barros Júnior, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP), um dos principais fatores para a desvalorização do dólar é a alta taxa de juros brasileira, que torna o país atrativo para os investidores estrangeiros.

“Existem alguns fatores por trás deste câmbio do dólar que se apresenta mais próximo do R$ 5,00. O primeiro fator é a alta da taxa Selic. Desde o final do ano passado, o Banco Central iniciou uma subida expressiva nos juros brasileiros, muito pautado pela inflação que se elevou no país. No mercado internacional de capitais, os juros altos são um atrativo para que estrangeiros tragam dinheiro para o Brasil. Esses juros mais altos, inclusive com indicação de que continuará subindo, fazem com que dólares entrem na economia brasileira, provocando essa queda no câmbio”, explica o doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas.

Apesar da valorização da moeda brasileira em relação ao dólar, o professor ressalta que o câmbio é uma variável econômica dinâmica. “O mercado de câmbio é muito dinâmico, então, pensar no longo prazo é difícil. Hoje, não há grandes expectativas de que haverá essa valorização do real. Se olharmos o Boletim Focus, do Banco Central, está prevista uma taxa de câmbio de R$ 5,50 por dólar no final do ano, ou seja, maior do que a taxa atual”, aponta. 

O doutor em Economia também destaca que situações de incerteza como a crise política internacional que se desenvolve na Europa e as eleições no Brasil, devem afetar a confiança dos investidores. “O cenário hoje é de cautela, assumindo que teremos alguma instabilidade ao longo do ano de maneira que esse câmbio deve se valorizar. Até o final do ano, pode ser que surpresas apareçam e a gente observe uma taxa um pouco mais baixa, mas acho bastante improvável. O mais provável é que, ao longo do ano, algumas incertezas vão deixar os investidores receosos de manterem seus recursos em real e isso faça com que nosso câmbio oscile entre R$ 5,00 e R$ 5,50”, completa o professor. 


Foto: Pixabay (foto ilustrativa)

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