Para economistas, pior momento da crise em Sertãozinho já passou

Para economistas, pior momento da crise em Sertãozinho já passou

Aumento da gasolina é um dos fatores positivos para economia do município, que reflete no aumento do consumo de etanol

“O pior já passou”, essa é a opinião do economista da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace) Luciano Nakabashi sobre a crise do setor sucroenergético em Sertãozinho.

Para o economista, a crise econômica enfrentada pela cidade é mais antiga do que outras regiões do País vêm passando, pois está ligada aos problemas enfrentados pela indústria desde 2009.

Mas ele alertou para que as dificuldades enfrentadas pela economia nacional não “contamine” a tentativa de estabilização da economia local, como ocorre com Ribeirão Preto, que por ter os setores de serviços e o comércio como pontos chaves, é mais afetado pelos percalços que o Brasil está passando neste ano.

Nakabashi apresentou nesta quinta-feira, 30, o Boletim Economia Sertanezina, que segundo o presidente do Centro das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise BR), Antônio Eduardo Tonielo Filho, irá clarear o desenvolvimento econômico de Sertãozinho.

“Sai fora do achismo ‘eu acho, eu acho’, que nunca dá certo. Vai mostrar onde tem problemas. Onde tem que evoluir”, afirmou Tonielo.

Aumento dos combustíveis, melhoria no setor

Outro economista da Fundace, Rudinei Toneto Júnior, acredita que pela queda do setor sucroenergético, um dos principais fatores de a economia sertanezina ter sido “tão rápida”, a tendência é que haja evolução, principalmente pelo desempenho do País, que sofre com o câmbio elevado e aumento no número de demissões no setor de serviços e no comércio, além da constatação da queda dos salários.

“A indústria vai ficar mais competitiva, porém ela ainda vai sofrer no restante deste ano, que já pode ser considerado perdido, e por isso pode aproveitar o período para ir se adaptando à nova realidade, e a partir de 2016 o desempenho vai melhorar”, acrescenta Toneto.

Outro fator que ajuda o setor sucroenergético é o aumento dos preços do combustíveis, que deixou a gasolina mais cara. Nos quatro primeiros meses de 2015, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), constatou que houve aumento de 9% no valor da gasolina, e que a procura do etanol aumentou 32% no mesmo período.

A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) estima que a safra 2015/2016 tem tido desempenho mais favorável do que em 2014. Até a segunda quinzena de junho, o volume produzido de etanol hidratado - o que vai na mistura da gasolina - no acumulado desde o início da atual safra, somou mais de 5,7 bilhões de litros, uma alta de 18% sobre o total produzido no mesmo período da safra anterior.

“As usinas estão vendendo mais, mesmo não tendo alteração no preço do etanol, entretanto, houve redução na relação entre os preços dos dois combustíveis, por isso a situação em Sertãozinho está menos pior do que no ano passado”, acredita Nakabashi.

Mesmo assim, no saldo de admissões e demissões do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da indústria do município, 375 postos de trabalho na indústria foram extintos no primeiro semestre deste ano. No mesmo período do ano passado o número de vagas destruídas foi bem mais elevado, de 1.166, de acordo com o Caged.

Em Ribeirão

Já a situação de Ribeirão Preto está um pouco mais nebulosa para os economistas, isso porque os setores que mais demitem na cidade este ano são os serviços e o comércio, que representa diminuição na demanda na hora de consumir.

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De janeiro a junho deste ano, o comércio extinguiu 1.673 postos de trabalho, no primeiro semestre do ano passado 294 vagas desapareceram, no mesmo ritmo de 2013, ainda segundo o Caged. E no setor de serviços foram destruídas outras 95 vagas, no ano passado o saldo foi positivo de 2.487 vagas, resultado semelhante de dois anos atrás.

“Mesmo com a retração da economia em 2014, o mercado de trabalho continuou crescendo por causa da economia aquecida nos anos anteriores. Agora, com a retração, é esperado que o desemprego aumente até o fim de 2015. Mas, com as medidas tomadas nos últimos meses pelo Ministério da Fazenda, esse número tende a se estabilizar em 2016, porém, o mercado de trabalho demora mais para se recuperar, e os resultados só serão sentidos daqui dois anos”, prevê Nakabashi.

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Leonardo Santos (Colaborador)
Fotos: Divulgação

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