Projeto mostra que é possível aluno de escola pública chegar à universidade
Projeto mostra que é possível aluno de escola pública chegar à universidade

Projeto mostra que é possível aluno de escola pública chegar à universidade

Salvaguarda, de aluno da FEA/USP, quer mostrar para os jovens que eles têm o direito de estudar e saber como chegar lá

Intrigado com a maioria de estudantes que veio de escolas particulares dentro da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, onde estuda, Vinicius Andrade, que faz economia na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), resolveu ir às escolas para saber qual o motivo de os alunos da rede pública não estarem na universidade.

Vinicius foi a quatro escolas, e além do claro déficit na qualidade de ensino, um resultado assustador foi diagnosticado: o pouco conhecimento sobre o que é o vestibular e a falta de informação e incentivo.

Ao todo, ele entrevistou 193 estudantes, e apenas a metade disse para que serve o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele ainda viu que só 13 alunos souberam dizer o que é a Fuvest, o vestibular mais concorrido do País, que dá acesso à USP, e menos de 10% dos alunos disseram para que serve o programa de bolsas de estudos Prouni, e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que permite estudantes de todo o País a se candidatarem em cursos de universidades federais.

Isso sem falar no baixo número de estudantes que sabem o que é o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), menos de 20%, e ínfimos seis estudantes que conhecem a Vunesp, vestibular para Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ele ainda conta que muitos alunos julgaram que a USP é particular e que mais da metade acredita que é possível entrar na USP, Unicamp e Unesp pelo FIES, o que claramente não ocorre, por ser um sistema de financiamento.

Embora assustado, Vinicius já conhecia essa realidade. Morador do Simioni, ele sentia na pele quando conversava com os colegas, e até ele mesmo notava que sabia pouco a respeito. Só foi se inteirar mais sobre os vestibulares quando conseguiu a bolsa de estudos em um cursinho pré-vestibular. Em razão desta experiência, e desses números críticos, eles resolveu criar um projeto, o Salvaguarda, para esclarecer os jovens que eles têm direito de estudar.

Em 2016, ele visitou 20 escolas, levando com ele colegas da universidade, dizendo para os estudantes que é possível chegar até lá. “Quero mostrar para eles que eles têm opções. Têm direitos, de estudar, prestar o vestibular, fazer um curso técnico, ou mesmo de não estudar. Mas que ele pode fazer algo”, disse.

No contato com os estudantes, relatos de alunos desmotivados, e até mesmo desacreditados por professores eram comuns, mas ele acredita que essa realidade possa mudar, embora seja difícil. “Essa intervenção realmente pode ser muito útil para vida do estudante da escola pública. Eles estão lá para ouvir. Por mais problemática e deficitária que a escola pública seja, o aluno ainda vai lá para aprender”, atesta.

Já em 2017, ele planeja ampliar o projeto estando mais presente nas escolas, criando grupos de redação e de exercícios de vestibular, além de fazer workshops nas escolas para apresentar as profissões com a ajuda de quem já está lá. E ele pretende, também, inscrever todos os estudantes nos vestibulares, para “que mesmo que eles não façam, não bata o arrependimento depois por não ter se inscrito”, afirma Vinicius, que procura voluntários para poder mudar essa realidade.

Para saber mais, acesse a página do projeto no Facebook.


Foto: Arquivo Pessoal

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