Ribeirão recebe alerta sobre contaminação no Rio Pardo por barragem de urânio
Ofício aponta que barragem tem problemas de infraestrutura

Ribeirão recebe alerta sobre contaminação no Rio Pardo por barragem de urânio

Comissão do Meio Ambiente da Câmara teme que rejeitos radioativos prejudiquem toda bacia do rio

A comissão permanente de meio ambiente da Câmara de Ribeirão Preto alertou oficialmente a Cetesb para um possível risco de contaminação da bacia do Rio Pardo por meio de rejeitos radioativos. A preocupação foi reforçada ao gerente da agência ambiental local, Otávio Okano.

Foi protocolado um ofício na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo solicitando investigação e providências imediatas. Segundo a comissão responsável, o risco de contaminação da bacia deve-se ao iminente perigo de rompimento da barragem de rejeitos radioativos localizada em Poços de Caldas, no Estado de Minas Gerais, que acumula milhares de toneladas de misturas contaminantes, como urânio, tório e rádio.

A Câmara de Ribeirão Preto foi acionada pelo Legislativo de São José do Rio Pardo, por meio de uma indicação assinada por quatro parlamentares daquela cidade. Na reunião, Okano informou à Comissão que encaminharia o documento com o alerta à diretoria da Cetesb, para análise imediata dos técnicos. A Agência Nacional de Mineração também deve ser contatada, pois o rompimento da barragem de rejeitos radioativos geraria um problema sério para toda a bacia do Rio Pardo.

Para o vereador Marcos Papa (Rede), é inadmissível que casos, como de Brumadinho e de Mariana, em Minas Gerais, voltem a ocorrer. “Solicitamos aos órgãos uma averiguação imediata dos riscos porque está claro que se a barragem de Poços de Caldas se romper a tragédia será ainda maior. Estamos preocupados com vidas. Estamos preocupados com o nosso meio ambiente. Precisamos evitar novas tragédias”, frisou o presidente da Comissão.

Mina de urânio

No ofício protocolado na Cetesb, a Comissão destaca que diversas irregularidades na infraestrutura da barragem de Poços de Caldas foram apontadas pelo Ibama e pela Comissão Nacional de Energia Elétrica (CNEM). A barragem é, na verdade, uma velha mina de urânio do tamanho de 100 estádios do Maracanã.

A exploração daquele local terminou em 1995, mas nada foi feito com relação à descontaminação.  Um estudo encomendado à Universidade Federal de Ouro Preto em setembro de 2018 prova que há infiltração, aumentando mais o risco de ruptura.

Especialistas estimam que a solução do problema repousa na quantia de US$ 500 milhões ao longo dos próximos 40 anos.

Rio Pardo

A nascente do rio Pardo está localizada no município de Ipuiúna, no sul de Minas Gerais, e adentra o Estado de São Paulo após passar por Poços de Caldas. De grande aproveitamento hidroelétrico e curso total de 573 quilômetros, o rio atravessa inúmeros municípios paulistas, como Ribeirão Preto, até desembocar no rio Grande.


Foto: Divulgação

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