Ministro da Educação sugere mudanças no Ciência sem Fronteiras

Ministro da Educação sugere mudanças no Ciência sem Fronteiras

Mendonça Filho propõe que bolsa deixe de beneficiar estudantes de graduação, para favorecer alunos do ensino médio

Depois de ter beneficiado quase 90 mil estudantes, o Programa Ciência sem Fronteiras, deverá ser reformulado. De acordo com entrevista do ministro da Educação, Mendonça Filho, para Fernando Rodrigues, do UOL, a proposta atenderia apenas estudantes do ensino médio.

A intenção do ministro, nomeado pelo presidente interino Michel Temer (PMDB), é de oferecer bolsas de estudos para estudantes do ensino médio, para que estes aprendam outro idioma, fora do país, e não mais a graduação sanduíche (parte no Brasil e parte fora) ou para realização de cursos de extensão, como mestrado e doutorado.

A proposta é discutida com agências de intercâmbio que trabalham com o programa. A coordenadora pedagógica do Ciência sem Fronteiras em uma dessas agências, Daniela Faber, diz que ainda é difícil analisar a medida, pois tem que ser definida a base pelas quais as possíveis mudanças podem ocorrer.

“O programa é estruturado em cima de bolsas de estudos do Capes e CNPq, que atendem aos estudantes de ensino superior e extensão, enquanto nesta proposta do ministro atingiria alunos de outra esfera, que é rede estadual. Embora eu acredite que deva continuar oferecendo bolsas de pós e doutorado, por exemplo”, analisa Daniela, que trabalha com 750 estudantes na Austrália.

Além disso, as agências alegam que deverá ser pré-estabelecido quais disciplinas os estudantes deveriam estudar fora do país, já que o formato do ensino médio é diferente em cada localidade.

“Para funcionar, é necessário que seja exigido a realização de determinada disciplina, como o inglês, para averiguar o aprendizado do estudante. Caso seja feito, pode ser até que funcione”, disse o gerente de uma agência de intercâmbio, Fernando Comar.

De acordo com algumas agências de intercâmbio ouvidas pelo Portal Revide, desde janeiro, o Ministério avisou para manter em “stand-by” a concessão de novas bolsas, em virtude da crise econômica que o país está vivendo.

De acordo com o Ministério da Educação, em 2015 foram gastos R$ 3,7 bilhões na concessão de bolsas de estudos a partir do programa, para 35 mil bolsistas – R$ 105 mil por estudante, em média.

O Capes, órgão do governo responsável pela distribuição das bolsas, não respondeu aos questionamentos do Portal Revide sobre os prazos para implantação do novo sistema, até o fechamento da reportagem.


Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Compartilhar: