Jardim Aeroporto: em compasso de espera
Base de Apoio Comunitário já sediou a Associação de Moradores e hoje está abandonada

Jardim Aeroporto: em compasso de espera

Com Associação de Moradores desativada, comunidade se mobiliza para montar uma nova chapa e realizar eleições até meados do próximo ano

Em compasso de espera. Assim estão os moradores do complexo Jardim Aeroporto em relação à Associação de Moradores, desativada desde o ano passado, quando a última gestão se encerrou. 


Teresa Pereira foi a última presidente da Associação de Moradores e conta que não quis permanecer à frente dos trabalhos ao final do mandato por conta da idade e de problemas de saúde. “Estou com 72 anos e venho ocupando cargos na diretoria há muito tempo, seja como presidente ou vice, desde que mudei para o Jardim Aeroporto, em 1989. Só como presidente já estive à frente por quatro mandatos. Agora, quero e preciso parar”, diz.


Teresa conta que, nos primeiros mandatos da Associação, ainda nos anos 90, a prioridade era levar infraestrutura para Jardim Aeroporto e garantir o mínimo de qualidade de vida para a população, na época composta apenas por algumas famílias. 


“Era gostoso morar aqui, mas não tinha infraestrutura. Aos poucos começaram a chegar benfeitorias como água encanada, rede de esgoto, energia elétrica, telefonia, transporte urbano e asfalto, porque era um ‘poeirão’ danado. A atuação da Associação ao longo destes anos foi importante para trazer também escolas, creches, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e, com isso, vieram mais moradores e o comércio”, conta. “Hoje, a área central, que se resume à avenida Recife e ruas paralelas, é bem estruturada, mas ainda há muitas favelas no entorno”, explica.


Apesar do afastamento, Teresa concorda que a Associação de Moradores é uma ferramenta valiosa na defesa dos interesses do bairro e, por isso, acompanha de perto a mobilização dos moradores no sentido de reativar a instituição. 

 


Teresa Pereira foi a última a ocupar a presidência da Associação e deixou o mandato no ano passado


Para Eurípedes Ignácio dos Reis, presidente da Federação das Associações de Bairros de Ribeirão Preto (Fabarp), a Associação de Moradores é uma instituição importante para cobrar do poder público, de maneira mais enfática, melhorias para o bairro.

 

“As reivindicações ganham peso porque a instituição dá representatividade aos moradores. A impressão é que eles não estão sozinhos, mas atuam coletivamente. Às vezes, um morador sozinho sequer chega a ser atendido pelas autoridades, mas quando tem a Associação por trás, é diferente”, enfatiza.


Eurípedes dos Reis salienta que a Fabarp acompanha de perto a movimentação no Jardim Aeroporto, no sentido de reativar a Associação de Moradores, na expectativa que isso aconteça o quanto antes. 

 


Eurípedes dos Reis, presidente da Fabarp: moradores precisam ter representatividade para lutar pela melhoria do bairro

 

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Luzia Ruth Giangrecco é uma das moradoras do Jardim Aeroporto que estão se mobilizando nesse sentido. Presidente do Conselho de Saúde do bairro, ela é uma das candidatas à presidência da Associação. A intenção é montar uma nova chapa para realizar eleições até julho de 2024. “Moro no Jardim Aeroporto há 30 anos e estou no Conselho há um ano. Somos um bairro esquecido pelo poder público e pelos políticos, que só vêm aqui em tempos de eleição, fazem promessas e vão embora”, diz.


Além do poder público, Luzia Ruth não hesita em cobrar a colaboração da própria população que ela diz estar “muito acomodada”. “Minha mãe é um dos motivos pelos quais eu decidi encabeçar uma chapa. Ela, que se foi há três anos, desejava que aqui fosse um lugar melhor para se viver. Em memória dela decidi fazer algo pelo bairro, não posso esperar cair do céu”, frisa.

 

Luzia Ruth, presidente do Conselho de Saúde, quer concorrer à próxima diretoria da Associação de Moradores


Uma das prioridades da gestão, segundo Luzia Ruth, deve ser a reforma do prédio que servia de Base de Apoio Comunitário, onde estava instalada a sede da Associação. Localizado ao lado da EMEF Jaime Monteiro de Barros, o imóvel está abandonado há mais de dez anos e serve de abrigo para usuários de drogas.

 

Segundo a Prefeitura de Ribeirão Preto, ele pertence ao Estado e há o interesse da Secretaria Municipal de Educação em requerer a cessão do mesmo, mas não há prazo para que isso aconteça. O Governo do Estado não se posicionou a respeito.

 


Na EMEF Jaime Monteiro de Barros acontecem as poucas atividades culturais levadas à comunidade  

 

Esporte e lazer


Outra questão levantada pela líder comunitária para ser levada ao poder público é a falta de opções de entretenimento para as crianças e jovens. As atividades culturais esporádicas são realizadas nas unidades escolares como, por exemplo, o Cultura em Todo Lugar, ação da Secretaria da Cultura e Turismo que aconteceu no dia 25 de novembro na EMEF Jaime Monteiro de Barros. 


Com a falta de praças e áreas de lazer, um dos poucos lugares disponíveis é um campo de grama onde se joga futebol. Em nota, a Secretaria de Esportes informou que realiza em média 200 atendimentos mensais, com atividades físicas e esportivas através do Programa de Integração Comunitária (PIC), de terça e quinta-feira, das 7h30 às 8h30. As atividades acontecem na Paróquia Maria Mãe do Povo e São Lázaro, na avenida Recife, 515.


Ainda no bairro, a pasta afirma que está em processo final de construção uma “areninha esportiva” que irá contemplar quadra de futebol society, quadra de basquete 3x3, iluminação de LED e arquibancada. Quando estiver pronta, terá capacidade de realizar até dois mil atendimentos esportivos mensais. 

 


 

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Fotos: Luan Porto

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