Justiça fala em desinteresse de Dárcy na defesa e diz que esquema foi "ilusionismo"
Defesa da ex-prefeita de Ribeirão Preto afirma que recorrerá da decisão

Justiça fala em desinteresse de Dárcy na defesa e diz que esquema foi "ilusionismo"

Juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto cita perguntas não respondidas em depoimento no Fórum

Na sentença da Operação Sevandija que condenou a ex-prefeita de Ribeirão Preto Dárcy Vera a 18 anos de prisão, o juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Lúcio Alberto Eneas da Silva Ferreira, levou em conta o “desinteresse” de Dárcy em realizar a própria defesa e disse que o esquema de desvios de recursos públicos foi um verdadeiro “ilusionismo”.

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Silva Ferreira considerou que a ex-prefeita era fundamental para saída do dinheiro dos cofres públicos, pois era a ordenadora das despesas do município, além de apontar a proximidade entre a Dárcy e a advogada Maria Zuely Librandi, que trabalhava na Prefeitura de Ribeirão Preto na ocasião da deflagração da Sevandija.

Observo ainda [...], que o fato de a corré Dárcy Vera ter-se recusado a responder as perguntas formuladas pelo Ministério Público e pelo Magistrado no seu interrogatório que: ‘em que pese ser um direito dela, o silêncio deliberado dever ser interpretado com raciocínio lógico, se não por culpa manifesta, ao menos por desinteresse em fazer prova de sua inocência, proceder próprio de quem se julga irremediavelmente perdido’”, sublinha o juiz em sua decisão.

De acordo com a denúncia apresentada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, Dárcy Vera teria recebido R$ 4 milhões até a data de deflagração da Sevandija. A apuração indicou que ela deveria receber cerca de R$ 7 milhões, conforme acordado entre os investigados.

Silva Ferreira apontou que Dárcy Vera deixou de esclarecer o recebimento de dois cheques por parte do então companheiro, Mandrison Felix de Almeida, no mesmo dia, provenientes do escritório de Maria Zuely, além do pagamento, por parte de Zuely, dos honorários de um advogado que atuava em causas defendendo Dárcy Vera e outros pagamentos realizados para um “consultor espiritual”.

[...] entendo que os demais elementos de prova permitem afirmar que ela de fato recebeu valores, ainda que incertos, mas decorrentes do esquema dos honorários e procurou garantir, na condição de ordenadora das despesas, os pagamentos mensais à corré Maria Zuely, mesmo em época de crise financeira para a Prefeitura Municipal, que deixou de honrar outros compromissos [...]”, escreveu na sentença.

Quanto à condenação dos outros réus, o juiz afirmou que cada um dos acusados desempenhou papel relevante no esquema. “[...] Empreitada criminosa visando o seu sucesso, em especial, a engenharia para dar ares de legalidade e legitimidade para a saída do dinheiro dos cofres públicos [...]”, relatou. “[...] Num verdadeiro ilusionismo, demarcado por uma sofisticada ousadia, e à vista das vultosas cifras desviadas dos cofres públicos”.

A defesa de Dárcy Vera afirma que recorrerá da decisão.


Foto: Arquivo Revide

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