Mesmo alvo da Sevandija, empresa é uma das que mais crescem no setor de saneamento no Brasil
Contrato investigado não é empecilho para a empresa, que ganhou 13 municípios em seu portfólio nos últimos anos

Mesmo alvo da Sevandija, empresa é uma das que mais crescem no setor de saneamento no Brasil

Aegea Engenharia tem contrato de perfuração de poços investigados pelo Gaeco e Polícia Federal

Um dos contratos investigados pela Operação Sevandija diz respeito à perfuração de poços, por parte da empresa Aegea Engenharia, contratada pelo Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp), em 2014. Funcionários da empresa são investigados e chegaram a ser presos preventivamente no decorrer da operação. Mas nada disso parece ter sido obstáculo para crescimento da companhia.

Um ano e meio após o início da operação, a Aegea se destaca como uma das maiores empresas do País no ramo de prestação de serviços de saneamento, presente em 48 municípios, e responsável por 23,6% do mercado nas cidades em que este tipo de serviço foi privatizado - desde 2014, a empresa passou a prestar serviços de saneamento em 13 municípios, atingindo cerca de 5,4 milhões de pessoas.

De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, há irregularidades em contratos do Daerp para perfuração de poços em Ribeirão Preto. A promotoria acredita que houve aumento de 93% no valor das obras de perfuração e manutenção de poços artesianos da cidade no período de dois anos. O valor licitado foi de R$ 69 milhões, além de um aditivo de R$ 15 milhões.

Segundo o Ministério Público, o a empresa teria ganhado a licitação mediante pagamento de propina ao ex-diretor técnico do Daerp Luiz Mantilla. Um executivo da empresa, Jorge Carlos Amin, chegou a ser preso preventivamente no início da operação, em 2016. Em março de 2017, a Justiça bloqueou R$ 18,3 milhões da empresa.

A Aegea afirma que todos os serviços contratados pelo Daerp foram efetivamente executados, com qualidade e dentro das especificações e prazos previstos.

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A Aegea tem em sua carteira de clientes para prestação de serviços de saneamento municípios como Teresina, Capital do Piauí, e Vila Velha, no Espírito Santo, e se esquiva sobre supostas irregularidades, dizendo que não comenta processos envolvendo funcionários.

A empresa aponta, no entanto, que as acusações não têm afetado tanto no crescimento da companhia, pois, de acordo com a Aegea, “a empresa tem como premissa se tornar referência no setor de saneamento quanto às melhores práticas de governança corporativa [...] e integridade para todos os seus investimentos”, pontua, em nota.

A companhia vem investindo cerca de R$ 400 milhões ao ano, prioritariamente, na ampliação da infraestrutura e automação de processos. A líder no setor é a BRK Ambiental, antiga Odebrecht Ambiental, que passou às mãos de outro grupo em 2017.

Essas empresas têm se aproveitado da diminuição da capacidade de investimentos de estados e municípios para ganhar mercado. Mesmo assim, o cenário para empresas privadas no setor de saneamento no País é incipiente – apenas 190 dos mais de 5,5 mil municípios do Brasil têm seus recursos hídricos e esgoto geridos por empresas privadas. Por esse motivo, as empresas acreditam que ainda têm longo caminho para crescer.

“O esgotamento sanitário é o serviço com maior necessidade de investimentos, uma vez que mais de 100 milhões de brasileiros ainda não têm acesso às redes”, aponta a Aegea, que acredita que ainda há muito campo para o desenvolvimento da participação da iniciativa privada no mercado.


Fotos: Carlos Natal/Arquivo Prefeitura

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