Inquietude da alma

Inquietude da alma

Desde sempre envolvida em diferentes projetos, Adriana Silva cresceu acreditando na transformação pela Cultura e trabalhando — muito — alinhada a esse propósito

Adriana Silva nasceu em 26 de junho de 1971, em Bonfim Paulista, onde cresceu, estudou e viveu até o início da faculdade, quando passou a residir em Ribeirão Preto. Filha de Antônio Carlos Bonani Silva e Luzia Catiste Silva, ela cresceu com o exemplo da mãe, uma mulher forte, que se apoiou no amor aos filhos — ela e o irmão — depois do falecimento do marido, de infarto, aos 26 anos, quando Adriana tinha apenas dois anos. Casada há 29 anos com Dácio Campos, é mãe de Mariah Silva Leandro Campos e dá à filha o mesmo exemplo de força feminina que recebeu. Sempre muito ativa, em diferentes frentes — uma característica marcante de sua personalidade —, Adriana cresceu envolvida com Cultura, Educação e Comunicação, e consolidou uma trajetória de vida que a torna referência nestas áreas, para a cidade e, também, para a região.  


Suas lembranças da infância, no distrito, são de tempos felizes e bastante agitados. “Fazia parte de tudo, do grêmio, do grupo de atletismo, do grupo de teatro, da fanfarra, organizava campanhas de agasalho, até a bola para usar nas quadras era eu que guardava. Fui até ‘miss mirim’ da escola pública estadual Francisco da Cunha Junqueira, onde estudei, mas, não tenho dúvida de que foi o sorrisão que eu dei para os jurados que me garantiu a vitória, pois haviam outras candidatas lindas”, brinca a jornalista, que, desde pequena, demonstrou aptidão para a profissão. “Eu escrevia um jornalzinho na escola que chamava ‘O Chicão’. Fazia a mão e depois tirava cópias. Lembro que ganhei a coleção de livros de Monteiro Lobato em um concurso de redação sobre o Brasil, no dia 7 de setembro”, conta Adriana, que até na limpeza da escola se envolvia. Levava uma solução de sabão com água para limpar as carteiras porque achava um absurdo estudar com elas rabiscadas e, até hoje, dá muita risada lembrando disso.

 

Trajetória marcada pela ação

 


Adriana também passou pelo Otoniel Mota e pelo Moura Lacerda, onde fez Técnico em Secretariado. Como integrante da Associação dos Jovens Artistas (AJA), enviou um telex para a presidência da República protestando  contra o estado da Cultura no Brasil e acabou participando de um debate da Subcomissão de Educação e Cultura da Constituinte, em Brasília, o que rendeu matéria na EPTV e notícia no Jorna O Diário.

 


Buscando ter certeza de que era mesmo Jornalismo que cursaria, ela visitou a rádio Tropical, nas férias do primeiro trabalho, aos 15 anos, e acabou ficando por ali um ano. Ainda trabalhou na Rádio Renascença e na Rádio 79, enquanto cursava Comunicação Social – Jornalismo, na Unaerp. Depois da graduação, fez mestrado, doutorado e pós-doutorado em Educação (Ufscar e Unicamp), além de pós-doutorado em Administração (FEA-USP). Como jornalista, também foi âncora da TV COC, primeira versão da TV Thathi, apresentou programas na TV Record, na Rede Família e assina mais de 38 documentários sobre lugares, pessoas, patrimônio cultural e de referências identitárias.   

 


Adriana trabalhou na Câmara Municipal, como assessora parlamentar, e, depois, na Secretaria de Cultura. “Nessa época, eu coordenava o setor da Literatura. Lembro que, em 1994, antes da Feira do Livro existir, realizamos o 1º Seminário de Literatura de Ribeirão Preto. Voltei à Secretaria da Cultura, em 2009, como secretária e fiquei até 2012. A cultura sempre me ajudou a pensar, a ampliar meu senso crítico e abrir horizontes. Acreditando que o mesmo pode acontecer com todos, sempre trabalhei pelo acesso à cultura”, pontua.

 


Em 2013, sua inquietude a levou a criar, junto com amigos, o Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais (IPCCIC), que defende seis passos para a Cidade Humana e trabalha na difusão dessa proposta. Ao longo dos últimos dez anos, realizou muitos projetos, entre eles, livros, palestras, oficinas, seminários, consultorias e documentários, como o “Ligados pela História”, sobre as 34 cidades da Região Metropolitana de Ribeirão Preto. Como educomunicadora, também presta consultoria para várias instituições, entre elas, PNUD, UNFPA e Unesco, órgãos vinculados à ONU.

 


Relação íntima com os livros


Desde muito nova, a partir dos 12 anos, Adriana já escrevia em folhas de papel almaço que guarda até hoje. Lançou seu primeiro livro aos 20 anos — de contos —, e tem outros três romances escritos “Iguais, porém diferentes”, “Simplesmente João” e “A Grande Ideia”. Também assina outros 14 livros, em coprodução e como organizadora. Adriana é membro da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, da Academia Ribeirãopretana de Letras e da Academia Ribeirãopretana de Educação. “Sempre estive envolvida com a Literatura e tive várias participações na Feira Internacional do Livro (FIL) antes de compor a diretoria [atualmente, ela é vice-presidente e foi presidente por dois anos]. Lembro que apresentava o Programa do Livro na gestão em que a Isabel de Faria foi presidente. Assumi a curadoria em 2017. É muito interessante pensar anualmente nos temas e propor os nomes a serem convidados”, afirma. 

 


O projeto Combinando Palavras, que acontece um semestre antes da FIL e termina durante a Feira, é o que mais motiva Adriana, porque enxerga nele o desenvolvimento dos estudantes como leitores. “Eles são estimulados a ler diferentes livros para, depois, conhecer pessoalmente quem os escreveu no Theatro Pedro II. Eles se rebelam criticamente, levando suas teses, e os autores são só elogios. Ignácio de Loyola Brandão disse que muitas cidades estão tentando achar o caminho para a formação de leitores, mas que Ribeirão Preto já achou. Zuenir Ventura, em artigo no ‘Jornal O Globo’, escreveu que existe um Brasil diferente em Ribeirão Preto, com muitas perspectivas. Eliza Lucinda afirmou que, quando muita gente se reúne em nome da palavra, como o Combinando faz, uma revolução se inicia. Eliane Brun declarou que foi o momento mais especial dela como escritora. Alice Ruiz disse que os estudantes estavam mais preparados que muitos críticos literários”, afirma.

 


Segundo Adriana, a FIL avançou muito, deixando de ser uma atividade de difusão para assumir o compromisso com a formação de leitores. Sua proposta como presidente, de mudança de Fundação Feira do Livro para Fundação do Livro e Leitura, possibilitou um ganho de musculatura para coordenação de outros projetos literários. O Combinando Palavras, por exemplo, acontece, também, em Luís Antônio, Serrana e São Simão. Em 2022, foram realizadas três Feiras do Livro em outras cidades – São Joaquim da Barra, Pradópolis e Batatais, e outras estão entrando para o calendário de realização da Fundação, que também está revitalizando bibliotecas. “Ao olhar para trás, consigo ver o amadurecimento de gestão da Fundação. Houve tempo difícil, que, sem recursos, eu fazia a revista da programação, montei e cuidei do site por mais de um ano, criava campanhas e peças de divulgação, fazia a assessoria de comunicação e todas as formações de professores do Combinando Palavras. Hoje, temos departamentos e profissionais qualificados para as diversas funções. Fortalecemos a parceria com o SESC, o que foi extraordinário para o projeto, e as faculdades, universidades e organizações sociais e culturais são atuantes na realização da Feira. Passamos a ter clube do livro, núcleo de contação de histórias, produção de obras literárias importantes para o registro da história da cidade e da região, além de conteúdo infanto-juvenil”, declara Adriana.

 


Atualmente, Adriana coordena também um núcleo de internacionalização que está em contato com embaixadas e consulados para garantir boas relações com países do mundo todo e intensificar o projeto Feira Internacional — FIL. “Olhando para o futuro da Fundação, vejo ela ainda maior e mais participativa da cultura da cidade e da região. Temos muitos desenhos de projetos novos, com foco, em especial, na formação de leitores. Queremos ver Ribeirão Preto se destacando, com índice de leitura maior que a média nacional. Isso já acontece, conforme pesquisa que fizemos em 2017, mas queremos mais: uma cidade de leitores, exemplo a ser seguido. O projeto Combinando Palavras vai fazer essa curva e vamos celebrar muito o destaque que a cidade terá em breve. Somos uma Feira nova, outras são cinquentenárias, e aprendemos com elas”, conclui Adriana. 

 

2007

Primeira participação na Feira do Livro, como apresentadora do Programa do Livro

 

2013

Assume a vice-presidência

 

2014

Assume como presidente da Fundação do Livro e Leitura

 

2017

Segundo mandato como vice-presidente

Assume a curadoria da Feira Internacional do Livro

 

2018

 Início do projeto Combinando Palavras

Compartilhar: