2016: o ano em que o ribeirãopretano foi às ruas contra corrupção e austeridade
2016: o ano que o ribeirãopretano foi às ruas contra corrupção e austeridade

2016: o ano em que o ribeirãopretano foi às ruas contra corrupção e austeridade

Ano marcado por queda de presidente e de intensidade nas investigações sobre casos de corrupção envolvendo políticos levou milhares às ruas

O ano de 2016 está na história do Brasil como o ano que mais um presidente foi deposto do cargo. Uns apontam que foi golpe, pois contrariou o resultado das urnas nas eleições de 2014, outros defendem que a queda de Dilma Rousseff foi necessária. O ano também foi marcado com as operações das Policias Civil e Federal, e do Ministério Público, Estadual e Federal, que desandaram em investigações sobre políticos e casos de corrupção.

Tanto a Lava Jato, quantos as operações Alba Branca e Sevandija, respingaram ou tiveram ligadas com Ribeirão Preto. Isso fez diversos movimentos sociais irem às ruas defendendo as operações, mas também pedindo mais diálogo, como mobilizações de estudantes e movimentos de trabalhadores que são contrários às reformas impostas pelo Governo Temer sem a discussão popular, ou o caso do Grupo Brasil Limpo, favoráveis ao impeachment de Dilma, e que realizaram atos em favor das investigações.

O Brasil Limpo afirma que esteve engajado em mudar “o estado de calamidade política, ética e de idoneidade”, que de acordo com eles, o País está passando. Para eles, foi nas manifestações que a população conseguiu um espaço na política, e, depois delas, os políticos “terão que ser diferentes”.

O grupo, com viés de conservadorismo na política e liberal economicamente, pede para que as reformas se aprofundem nos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. “Às vezes, devemos atravessar uma transição, como esta que está aí hoje, sem temer o Temer. Mas sem perder o foco”, resumem o ano.

Também saíram às ruas organizações, ainda favoráveis as investigações, mas pedindo mais participação popular nas mudanças. Movimentos contrários ao chamado “golpe” e também às medidas adotadas pelo novo governo, consideradas impopulares, realizaram atos cobrando que a população também seja escutada.

O bancário Estevan Campos, que milita em movimentos sociais em Ribeirão Preto, acredita que as mobilizações contrárias ao limite dos gastos públicos, temendo a diminuição dos investimentos em saúde e educação, contra a reforma previdenciária que faz com que os trabalhadores contribuam por 49 anos para receberem integralmente a aposentadoria, e pedindo mais diálogo nas reformas da educação são de “extrema importância”.

Porém, ele considera que as discussões encontram dificuldades em razão de muitas pessoas confundirem a luta contra o Temer e as suas propostas com uma defesa do governo anterior. “Tem que ter um amplo caráter de conscientização, também. Até pra esclarecer à população que se manifestar contra o Temer não significa ser a favor do PT ou da Dilma”, sinaliza Campos, que participa de um grupo que pede a realização de novas eleições para presidente.

Isso porque, ele acredita que o governo tem fragilidades, que são o baixo apoio popular, e a Operação Lava Jato, que tem atingido o núcleo duro do Governo, com delações que atingem peças importantes do PMDB e PSDB, os dois principais partidos de sustentação de Temer. “Os mais diversos movimentos ainda precisam avançar muito para superar a fragmentação que vem de anos”, avalia, e diz notar a criação de espaços comuns de discussão em Ribeirão Preto para debater uma agenda de lutas na cidade, e que, por isso, muita gente ainda irá para as ruas.


Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

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