Abstenção aumenta, mas votos brancos e nulos caem no segundo turno

Abstenção aumenta, mas votos brancos e nulos caem no segundo turno

Número de eleitores ausentes ultrapassa 120 mil e Ribeirão Preto tem o maior percentual do Brasil; professor afirma que culpa é dos maus exemplos

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi votar. A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), também não. Nessa onda de abstenções, a prefeita Dárcy Vera (PSD) também não quis saber de urna eleitoral neste domingo, 30. Ela e mais 120.256 ribeirãopretanos.

Lula, com mais de 70 anos de idade, não precisa mais votar, mas justificou que não foi por não ter candidato em São Bernardo do Campo. Dilma disse que deixou o direito de lado - em Porto alegre - para ir visitar a mãe dela, em Belo Horizonte. Já Dárcy Vera esteve internada por três dias e deixou o hospital, segundo sua assessoria, debilitada.

Independente da fama, do poder e da justificativa, a realidade é que a abstenção tem crescido consideravelmente nas últimas eleições. Neste segundo turno, realizado no domingo, 30, Ribeirão Preto registrou a maior abstenção entre as cidades que tiveram segundo turno, com 27,62% de ausentes. No primeiro turno foram 25,2%. A média nacional ficou em 17,6%, com a menor abstenção - 8,59% - em Manaus (AM).

O número de votos não-válidos, no entanto, sofreu redução de quase 2%, caindo de 42,10% para 40,42%, em função da redução nos votos brancos (de 5,75% para 3,43%) e nulos (de 16,86% para 14,25%). Ainda assim é grande, considerando que 175.979 pessoas não votaram e o eleito teve 147.705 votos.

Ubaldo diz que não se tem feito política, mas politicagem (Foto: Julio Sian)Reflexos

Para o professor de sociologia Ubaldo Silveira, da Unesp, a ausência é reflexo dos escândalos em que estiveram e estão envolvidos os escolhidos pelo povo. “Sempre ocorreu, mas nos últimos anos foram muitos os exemplos que levaram o povo a desacreditar. É um reflexo da corrupção e da politicagem que estão fazendo”, disse.

Ele considera que esse tipo de representação tem afastado os eleitores do processo eleitoral e que muitos ainda vão votar em função da obrigatoriedade. “É bom que os eleitos e os responsáveis pelas eleições reflitam um pouco sobre o voto. Que repensem essa ausência”, afirmou.

O professor comentou que eleição é um momento importante em que o eleitor delega poder para que outro governe em seu lugar ou o represente nos parlamentos. “O eleitor deve ir votar por convicção. Com a certeza de que vai eleger alguém que vai governar com competência. Mas infelizmente as campanhas não discutem problemas sérios para indicar ao eleitor o melhor candidato”.

Sobre Ribeirão preto, ele espera que o prefeito eleito Duarte Nogueira (PSDB) recupere a cidade e também que abra armários para mostrar o que encontrou, para apontar as soluções que pretende dar. “A melhor maneira de governar é com transparência”, apontou.


Fotos: Luis Cervi e Julio Sian

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