Diretores da Aegea se recusam a responder perguntas na CPI do Daerp

Diretores da Aegea se recusam a responder perguntas na CPI do Daerp

Presidente e diretor financeiro, acompanhados de seus advogados, não responderam a nenhum questionamento dos vereadores

Amparados por habeas corpus, o presidente da Aegea Participação S/A, Hamilton Amadeo, e o diretor financeiro e de relações com os investidores da empresa, Flávio Crivelari, se negaram a responder a perguntas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades na concorrência nº 01/2014 do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp).

Acompanhados de um advogado cada, os dois repetiram, a cada pergunta dos vereadores com frases como: “por orientação do meu advogado, vou permanecer em silêncio” ou “vou exercer o meu direito de permanecer em silêncio” ou, ainda, “vou permanecer em silêncio".

Os dirigentes da empresa que venceram uma licitação para a modernização do sistema de distribuição de água do Daerp com valor aproximado de R$ 70 milhões conseguiram habeas corpus para comparecerem à CPI como investigados, para terem o direito de não responder.

O contrato, suspenso em função de investigação da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), também é alvo da Operação Sevandija.

Os dois foram indagados pelos vereadores Marcos Papa (REDE-presidente) e Bertinho Scandiuzzi (PSDB-relator). “Esperávamos que em função da importância do assunto eles viessem com espírito de maior colaboração, mas respeitamos o direto constitucional de eles permanecerem em silêncio”, disse Papa.

Bertinho Scandiuzzi chegou a perguntar aos dois se na hora de assinarem o contrato com o Daerp eles foram orientados pelos advogados a permanecerem calados. Os dois responderam que se manteriam em silêncio, como nas perguntas anteriores.

Para Papa, a empresa adotou uma postura de não colaborar e poderá ser prejudicada por isso. “Com a postura de confronto, a empresa pode não ter benefícios no âmbito da investigação. A Odebrecht está colaborando com a Lava Jato e será beneficiada com redução de punição. E sem a colaboração, oferece mais indícios de existência de irregularidades”, disse.

O vereador ainda disse que por ser S/A, a empresa precisa publicar fatos relevantes, e o fez quando da conquista do contrato com o Daerp, mas esconde agora dos investidores o fato de a concorrência e o contrato estarem sob investigação. “Na hora de assinar o contrato, soltaram fogos na Bolsa de Valores. Agora escondem a investigação”, afirmou o vereador.

Não administram

Em nota, a Aegea Saneamento informou que os executivos da companhia se mantiveram em silêncio na sessão da CPI pelos seguintes motivos:

"Os executivos são vinculados à Aegea Saneamento, que não é a mesma empresa que venceu a licitação;

Ambos os executivos não são administradores da Aegea Engenharia, que possui autonomia administrativa, financeira e operacional próprias;

Em reunião no dia 30 de novembro, essa condição já havia sido comunicada oficialmente à comissão parlamentar, com respaldo em documentos registrados na Junta Comercial;

As condições para os depoimentos não estavam adequadas, o que levou à obtenção de decisão judicial para que fossem assegurados seus direitos fundamentais".

A nota ainda registra que a Aegea respeita os trabalhos da CPI, "esperando que sejam justos, em sua forma e conteúdo, e que possam responder corretamente a todas as dúvidas suscitadas".


Foto: Divulgação

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