Equipe de transição aponta ‘rombo’ de R$ 2 bilhões até final de 2017

Equipe de transição aponta ‘rombo’ de R$ 2 bilhões até final de 2017

Valor representa a soma das dívidas flutuante e fundada e a diferença entre a previsão de arrecadação e o que poderá ser realizado no próximo ano

Equipe de transição apresentou números ao prefeito eleito Duarte NogueiraO prefeito eleito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB), trabalha com a possibilidade de um rombo de R$ 2 bilhões no caixa da prefeitura até o final do próximo ano. O valor representa a soma da dívida flutuante (de curto prazo), fundada (de longo prazo e parcelada), e o desequilíbrio entre a receita prevista e a realizável no próximo ano, além da consequente pressão de despesas.

Por conta disso, Nogueira já discute com a equipe a possiblidade de cancelamento de empenhos ainda não processados para analisar melhor as despesas a serem feitas. O assunto foi discutido neste sábado, 12, na primeira reunião de balanço da equipe de transição.

Sobre a possibilidade de o pagamento dos salários de dezembro e do 13º salário serem afetados pela situação financeira da prefeitura, Nogueira disse ainda não ter a informação, por ser esta uma responsabilidade do atual governo.

“Mas estamos trabalhando com uma dívida de curto prazo de R$ 400 milhões, de pagamentos que não foram feitos ao longo deste ano, que serão transpostos para o próximo governo, uma dívida fundada da ordem de R$ 900 milhões, e a possibilidade de haver um desequilíbrio fiscal, entre o que a prefeitura tem como estimativa de receita, e com pressão de gastos para o ano que vem, da ordem de R$ 700 milhões. Estamos falando de um problema da ordem de R$ 2 bilhões”, disse Nogueira.

Ele confirmou que há uma preocupação da equipe em relação à disponibilidade de recursos para o pagamento de 13º salário e dos salários de dezembro, e se isso pode ser trazido para a responsabilidade do próximo governo, além de problemas que podem acontecer até o final do ano. “Todas essas informações nós estamos buscando com muita responsabilidade, para saber qual é o tamanho do problema que vamos ter que enfrentar”, comentou.

Operação Sevandija

O prefeito eleito também informou que as investigações da Operação Sevandija, das quais as administrações direta e indireta são alvos, preocupa sua equipe. “Vamos levantar informações de todos os órgãos, de todos os contratos, mas aqueles que estão sob investigação terão uma prioridade maior, e muito cuidado com aquilo que já está sob investigação, tanto da Polícia Federal quanto do Ministério Público”.

Necessidade de institucionalizar

Também participou da reunião deste sábado o cientista político Luís Felipe Dávila, presidente do Centro de Liderança Pública, para acompanhar os relatos das situações encontradas na prefeitura. Ele afirmou que o trabalho da equipe de transição é de grande importância porque ajuda a definir prioridades.

“Evidentemente a primeira prioridade é sanar as contas públicas, atacar o problema do grande endividamento para que a cidade possa recuperar a capacidade de investimento. A situação é muito difícil, mas o fundamental é começar cedo, fazendo um bom diagnóstico, elegendo boas prioridades e, principalmente sabendo comunicar à população”, afirmou.

Para ele, o endividamento é um traço natural que vem ocorrendo nas gestões públicas. “O grande desafio é saber institucionalizar as mudanças, para que a cada quatro anos os governos não tenham que recomeçar. Um dos maiores problemas que temos nas políticas públicas é a descontinuidade das gestões. É preciso institucionalizar para que as boas práticas possam se perpetuar”, salientou.


Fotos: Guto Silveira

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