Vereadores começam as investigações sobre irregularidades no anexo da Câmara
"Não se tornará um elefante branco" foi a frase mais dita durante a reunião da CPI
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura irregularidades no anexo da Câmara Municipal de Ribeirão Preto realizou uma diligência às obras nesta quarta-feira, 15. A CPI é formada pelos vereadores Otoniel Lima (PRB), Isaac Antunes (PP), Lincoln Fernandes (PDT), Maurício Vila Abranches (PTB), Adauto Marmita (PR) e contou também com a presença do presidente da casa, Rodrigo Simões (PDT).
Antes da visita ao prédio anexo, o relator da CPI, vereador Isaac Antunes (PR) leu um ofício enviado ao engenheiro e professor da USP São Carlos, José Elias Laier. No documento, a comissão informa que o professor se dispôs a realizar uma auditoria completa na obra sem cobrar nada dos cofres públicos. Ficará ao encargo do especialista convidado, que segundo os vereadores, está isento de qualquer viés político, investigar a viabilidade da obra, do projeto executivo, arquitetônico, das licitações e de todos os documentos que estejam relacionados ao planejamento.
Desta forma, os parlamentares pretendem esclarecer erros na execução do projeto, bem como, de acordo a mesa da comissão, possíveis desvios de dinheiro público.
O prazo para a resolução do inquérito é de 120 dias, podendo ser prorrogado pelo menos período se necessário.
O elefante branco
A construção do anexo está avaliada em R$ 6,8 milhões, mas a empresa responsável pelo serviço pediu mais R$ 2,9 milhões para conclusão. Contudo, falta muito ainda para a obra ser finalizada. O projeto inicial que não contava com um sistema seguro contra incêndio, também não possuía rampas de acesso para cadeirantes.
Durante a visita à obra, o presidente da CPI, vereador Otoniel Lima (PRB) comentou a falta de acessibilidade. “Onde era para ter uma rampa de acesso foi construído uma viga no lugar. Se tirar a viga o prédio cai”, explicou Lima.
O vereador Lincoln Fernandes (PDT) ainda salientou “Talvez essa quantidade de erros que iremos ver aqui não tenham sido propositais. Quem sabe quantas vezes iriam construir e desconstruir o mesmo lugar aqui?”.
Todavia, mesmo faltando o acabamento, sem energia na maioria das salas e também sem água, o prédio de dois andares ainda impressiona pelo tamanho. Principalmente dos gabinetes.
São 14 gabinetes no primeiro andar e treze no segundo, nenhum deles possuindo janelas, vidraças ou qualquer tipo de comunicação visual com o lado externo.
Cada gabinete possui 50 metros quadrados. Uma sala de recepção, um banheiro e uma sala para assessores. A sala do vereador é separada e conta com banheiro privativo.
Mas nada se compara ao gabinete do presidente da Câmara - na época da aprovação do projeto, o então do ex-vereador Walter Gomes. O espaço de 70 metros quadrados dispõe de três banheiros, sala de espera, assessoria, sala de reuniões e a sala do vereador. Para se ter uma ideia, caberiam dentro do gabinete do presidente quase dois apartamentos populares.
Foto: Paulo Apolinário