Político da região quer livrar investigados por corrupção de julgamento de Moro
Político da região quer livrar investigados por corrupção de julgamento de Moro

Político da região quer livrar investigados por corrupção de julgamento de Moro

O senador Airton Sandoval, que é de Franca, defende a retirada do foro privilegiado

Os senadores em Brasília discutem a retirada do foro privilegiado como uma forma de dar uma resposta para a sociedade. Cidadãos pedem para que o benefício de ser julgado pelas altas instâncias da justiça brasileira - que atinge a políticos de alto escalão, como os próprios senadores, deputados, presidente da república, governadores, além de magistrados - seja retirado.

O pedido até foi uma das pautas nas reivindicações das manifestações do último dia 26 de março. Os senadores Álvaro Dias (PV-PR), o autor de Projeto de Emenda à Constituição (PEC) 10/2013 que realiza a reforma, e o relator dela, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), têm feito pedidos junto aos colegas para acelerar o processo de sua aprovação.

Porém, com isso, surgem as emendas ao projeto. Uma delas foi apresentada pelo senador pelo Estado de São Paulo, Airton Sandoval (PMDB), que é de Franca, e assumiu uma cadeira no Senado por ser suplente de Aloysio Nunes (PSDB), empossado como ministro das Relações Exteriores no início de março.

Sandoval quer que, caso seja aprovada a PEC, uma emenda permita que os políticos investigados sejam julgados em seu domicílio jurídico, e não mais nos locais onde se iniciou o inquérito. De acordo com o senador, que defende a aprovação da PEC 10/2013, os processos podem sofrer com a aplicação de medidas cautelares pedidas pelo Ministério Público e, por isso, ele pede a fixação do foro do domicílio ou da residência do investigado.

Ou seja, o político acusado de corrupção, por exemplo, seria julgado onde foi eleito, e não onde ocorreu o crime. Um senador por Minas Gerais poderia se livrar de ser julgado por Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, onde está o inquérito da Lava Jato que apura desvios de dinheiro na Petrobras. Ele passaria a ser julgado em seu Estado natal, por exemplo. “Assim, evitamos a profusão de possíveis ações”, defende o francano.

Entretanto, especialistas em direito político acreditam que essa seja uma medida para os políticos se protegerem onde mantêm mais influência. O advogado Luís Eugênio Scarpino afirma que essa emenda dá margem para a compreensão de que o político pode ser julgado onde tem mais abrangência e conhecimento político. “De alguma forma, essa proposta quer direcionar o juízo, o que evitaria a atuação de Moro, por exemplo”, analisa.

Essa é a mesma opinião do também advogado Claudinei Luís Silva, que afirma que a proposta do senador induz a população a acreditar que ele pretende o fim do foro privilegiado, embora tente blindar a classe política. “É voltada para proteger o político em seu ‘curral eleitoral’ podendo, em tese, se beneficiar do poder judiciário em seu domicílio. Ela desvirtua da proposta inicial”, complementa Silva.


Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

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