Políticos falam em esperança e otimismo com governo Temer

Políticos falam em esperança e otimismo com governo Temer

Há expectativa de mudança, em função do otimismo que cerca a mudança de nomes, mas há quem aponte dificuldades e ceticismo de alguns

Os políticos de Ribeirão Preto com mandatos eletivos em várias esferas opinaram na manhã desta quinta-feira, 12, sobre o processo do impedimento da presidente Dilma Rousseff (PT) e avaliaram as possibilidades do governo do presidente interino Michel Temer (PMDB). Falaram em otimismo e esperança, mas também em rapidez para tomar medidas. E, claro, preveem muitas dificuldades.

A prefeita Dárcy Vera (PSD), uma das apoiadoras da presidente Dilma Rousseff na campanha de 2014, agradece a liberação de recursos, mas reconhece, em nota, que havia paralisação do governo em função do processo de afastamento.

“Eu sou grata por todas as obras liberadas durante o governo de Dilma Rousseff em Ribeirão Preto, como as obras de combate a enchente, construção de creches, UPA e depois o PAC, que irá beneficiar toda a população No entanto, é preciso dizer que Brasília parou e nada funcionava com a tramitação do pedido de impeachment e, consequentemente, os municípios sofreram este impacto. Hoje se inicia uma nova fase. Espero que os ministérios voltem a funcionar e o país retome o seu ritmo normal de trabalho. Na condição de prefeita, sempre tive um bom relacionamento com o governo federal, porque a minha prioridade sempre foi Ribeirão Preto. É por este motivo que torço para que Michel Temer faça um bom governo – que seja bom para Ribeirão Preto e para o Brasil”, registra a nota da prefeita

Austeridade

Para o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP), que votou a favor da admissibilidade do processo de impeachment na Câmara Federal, a palavra principal deste novo governo deve ser austeridade. “Agora vamos esperar que o presidente Michel Temer vá na linha do que o Brasil exige, que é austeridade com os gastos públicos, transparência, continuidade da operação lava Jato, redução de despesas e cargos”, apontou o tucano.

Nogueira ainda afirmou que o presidente precisa conquistar a confiança e ir de encontro à esperança das pessoas. “Ele precisa aproveitar a onda positiva para tomar medidas necessárias em no pouco espaço de tempo que tem”.

Sobre a participação de seu partido no novo governo, o deputado não considera importante. “O PSDB já recebeu alguns convites, mas o governo vai buscar na sociedade os nomes necessários. O importante é que sejam os melhores nomes, com experiência e capacidade”.

O deputado estadual e ex-prefeito de Ribeirão Preto Welson Gasparini (PSDB) diz ser otimista e espera que todos sejam otimistas com a possiblidade de mudança. “Esperamos que a administração federal possa enfrentar os grandes problemas do País, porque temos três crises distintas: a política, econômica e a moral, porque nunca se viu tamanha corrupção. Agora é preciso um governo sério e com coragem para buscar a paz social”, disse Gasparini.

A colaboração tucana ao presidente interino deve ser feita, segundo ele, para apoiar o que for correto, certo. “Seja o governo que for, temos que colaborar e apoiar as medidas que considerarmos corretas. As que considerarmos incorretas temos que conversar para modificar”.

Dificuldades

O vereador Jorge Parada, que é presidente do diretório do PT em Ribeirão Preto, prevê dificuldades para o governo que será instalado para os próximos meses, já que ele considera que muitos setores da sociedade, movimentos sociais e partidos de oposição, continuarão defendendo a tese de que foi perpetrado um golpe administrativo, e por isso, ele mantém esperança de que o processo de impedimento possa ser revertido.

“É um quadro difícil de ser revertido, mas não é impossível. Porque argumentos contrários a esse processo têm de sobra, como foi explicitado pelo Advogado Geral da União, o José Eduardo Cardozo, porque as pedaladas não constituem o crime de responsabilidade fiscal. Como sabemos, os senadores agirão por questões políticas, e não terão esse apego a ordem legal. Esperamos que com mais tempo de discussão da tese, seja possível esse convencimento de que não foi cometido um crime de responsabilidade”, afirmou Parada, que aponta as dificuldades que Temer deve enfrentar.

“Há um questionamento muito grande, e vai ser um pouco difícil controlar esse choque com os movimentos sociais e os partidos de oposição. Naturalmente, o PT e outros partidos aliados, vão fazer parte desta oposição”, concluiu Parada.

Corte de gastos

O presidente da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, Walter Gomes (PTB), acredita que Temer deva cortar a maior quantidade de gastos possíveis, para diminuir a máquina pública e tentar recuperar a credibilidade do País. Para ele, o Senado atendeu aos anseios da população.

“Ele vai ter que evitar gastos, e ele já deu demonstrações de que isso ocorrerá, o que acho muito positivo. Acredito que Temer deve começar o governo no rumo certo, mas com muitas dificuldades, porque é necessário recuperar a credibilidade” diz Gomes. Ele aponta que a nação está muito decepcionada com os casos de corrupção e que por isso será preciso dar mais apoio as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Empregos e desconfiança

Pelo mesmo raciocínio de Walter, segue o deputado estadual Léo Oliveira (PMDB), que apela para Temer recolocar o Brasil “nos trilhos do desenvolvimento”, com a volta de investimentos do empresariado, o que pode resultar em geração de empregos.

“Pelo que analiso de imediato, Temer dá um bom recado em diminuir significativamente o número de ministérios para cortar gastos públicos e já indicou nomes competentes para gerir a economia. Chegou a hora de toda uma nação se abraçar e trabalhar por um futuro melhor. Temos potencial de sobra para isso", avaliou Léo.

Já o também deputado estadual da região, Rafael Silva (PDT), mostra ceticismo e afirma que o afastamento da presidente é um início, entretanto é necessário mais mudanças do que a “mudança de nomes”.

“Poderá ser um início de uma mudança. Poderá, friso. A simples troca de nomes não representa essa mudança. Precisamos de profundas alterações no sistema político brasileiro. Temos muitos partidos e grupos políticos agindo como verdadeiros bastiões. Cada um querendo levar mais vantagens do que os outros”, destacou o Rafael.

 


Fotos: Arquivo Revide e divulgação

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