De Ribeirão Preto para o mundo

De Ribeirão Preto para o mundo

Talento em destaque na música nacional, cantora e compositora Gabi Fernandes tem planos de voar ainda mais alto

Uma menina que não teve medo de sonhar alto. É assim que Gabi Fernandes se define. Agora, ela espera motivar tantas outras pessoas a batalhar pelos seus sonhos também. A ribeirãopretana, hoje com 28 anos, tem se destacado e deixado sua marca no cenário musical nos últimos tempos. Na bagagem, já reúne diversos hits e parcerias, como “Rolo Antigo”, com Inimigos da HP, e “Golpe Baixo”, com Suel. Uniu duas paixões – a música e o futebol – com “Moleque de Seleção” e “Brasil Chegou”, temas oficiais das seleções de futebol nas Olímpiadas de 2021, em parceria com Xande de Pilares e Charles Gavin, respectivamente. Os dois DVD’s lançados, “Meu Canto”, de 2018, e “Aquela Vibe”, de 2022, receberão, em breve, a companhia de “Aquela Vibe Interior”, gravado, recentemente, em Ribeirão Preto. Para se ter uma ideia do alcance de Gabi, ela tem mais de 1 milhão de streams no Spotify e as visualizações dos vídeos oficiais no Youtube ultrapassam meio milhão de acessos. Já no Instagram, reúne 107 mil seguidores no perfil @gabifernandes. Na entrevista a seguir, a cantora e compositora relembra capítulos importantes dessa trajetória, comemora o reconhecimento e revela os planos para o futuro.

 

 

Como começou a sua relação com a música? A minha história com a música começou, segundo os meus pais, desde que eu era muito pequena. Antes de aprender a falar, eu já cantava. Eu cantava muito ‘Mamonas Assassinas’, quando eu tinha um ano e meio, e cantarolava para cima e para baixo. Mas, a música entra na minha vida, de fato, aos oito anos, quando eu pedi para aprender a tocar violão. Meu tio tocava e me inspirou para aprender esse instrumento. A partir do momento em que eu comecei, eu me apaixonei e fui só querendo evoluir. Quando eu comecei a tocar, eu comecei a cantar também. Meu professor de violão viu que eu era afinada e me incentivou muito. E só foi crescendo o meu amor e também a minha dedicação na música.

 

 

Você contou com o apoio da sua família nessa jornada? Sempre contei com o apoio da minha família, incondicionalmente. Tudo o que eu queria fazer na vida eles me apoiavam. Quando eu quis ser atleta, eles me apoiaram. Depois, quando eu quis ser cantora, também me apoiaram muito. Como me apoiam até hoje. Eles foram em todos os meus shows antes de eu fazer 18 anos, sempre me acompanharam. Acho que a presença deles foi um dos principais motivos para que eu não desistisse no meio do caminho.

 

 

É verdade que você teve que deixar de se dedicar a outra grande paixão, o futebol? Na verdade, eu não tive que deixar. Não fui obrigada a deixar uma paixão, que era o futebol, para cantar. Foi uma escolha minha, baseada na minha paixão pela música, que foi algo que foi crescendo. Eu também acabei me decepcionando um pouco com a maneira que o futebol feminino era tratado no Brasil naquela época. Estou falando de 2008, mais ou menos. O futebol feminino era praticamente nulo. Eu já tinha uma grande paixão pela música, já compunha há algum tempo. Então, acabou sendo uma troca natural. Mas, essa paixão pelo esporte, pelo futebol, nunca saiu de mim.

 

 

Conseguiu, de alguma maneira, manter-se próxima desse universo? Você é uma grande defensora da representatividade feminina dentro do esporte, certo? A minha vida e a minha carreira deslancharam e isso tudo mudou, para melhor, a partir do momento em que eu abri para as pessoas e fui conversando, fui falando dessa paixão que eu tinha pelo futebol. Porque, por um bom tempo, eu não falei sobre isso. Então, era mais quem me conhecia lá atrás que sabia que eu gostava de jogar. Mas, a partir do momento em que eu trouxe isso à tona, como uma causa que eu defendo, isso me levou para lugares que até então eu não tinha chegado. Tanto na música, quanto no esporte. Eu acho que uma coisa anda junto com a outra, porque são as duas grandes paixões do brasileiro, né? A música e o futebol. Então, com a música, consegui manter viva, também, essa minha paixão pelo futebol e, em especial, consegui dar voz para o futebol feminino. Eu quero usar cada vez mais a minha imagem como artista para dar visibilidade, para dar mais voz e para ampliar as discussões sobre o futebol feminino no Brasil.

 

 

Você é fonoaudióloga por formação. Chegou a exercer a profissão? Conseguia conciliar as duas áreas? Sim, sou fonoaudióloga. Escolhi essa área justamente porque mudou a minha vida como cantora. Eu precisei fazer terapia fonoaudiológica para melhorar a questão de respiração para o canto, melhorar a impostação de voz. Isso mudou completamente o meu jeito de cantar e, ali, eu me apaixonei por estudar tudo sobre a voz. Então, na hora de prestar vestibular, escolhi a Fonoaudiologia e me especializei em voz. Fiz duas especializações. Exerci e ainda exerço a profissão, mas, bem menos do que antes. Consegui, por muito tempo, conciliar as duas frentes, porque eu sempre digo que a Fonoaudiologia me ajudou muito. Agora, diminui bastante os atendimentos por conta da rotina dos shows e da carreira musical. Mas, sigo sempre antenada, cuidando muito da minha voz e das pessoas que eu ainda atendo.

 

 

Você trabalha com um gênero específico ou transita entre diferentes ritmos? A base do estilo musical que eu canto é o sertanejo, mas, desde pequena, sempre fui uma menina muito aberta a escutar novos sons, eclética. Eu tive referências diversas de estilos musicais. Escutava rock, pop rock com meu irmão, escutava sertanejo raiz com meu pai, escutava pop romântico com as minhas amigas da escola. Nunca fui de tampar meus ouvidos para nenhum estilo. Isso me ajudou muito, me fez crescer como artista. Então, hoje, a base do meu som é o sertanejo, mas eu trago muitos elementos de outros estilos, principalmente, o pagode. Eu faço essa mistura de um ‘pagonejo’ que é algo muito gostoso de ouvir, de dançar e de cantar na noite, na festa. E é isso que eu tenho que trazer para o meu som.

 

 

Atualmente, está focada no lançamento do documentário “Chegando L.A.”. Como foi que surgiu esse projeto? A ideia de fazer o documentário “Chegando L.A.”, que na época que surgiu não tinha nem o nome, nem um conceito formado, veio de um convite que recebi de um produtor que estava produzindo algumas músicas em Los Angeles e me convidou pra fazer uma música por lá. Aceitei na hora. Sempre gostei muito dos Estados Unidos. Quando pensei em gravar a música, já pensei logo em gravar um clipe também. Depois, senti que era algo grandioso demais para que eu fizesse só a música e o clipe. Vi, ali, uma oportunidade de documentar o processo de gravação e também contar um pouco da minha história, porque eu acho que você tem que reconhecer a sua caminhada, independentemente do tamanho que você tenha para os outros, para o mundo, para as pessoas. Você mesmo reconhecer a sua caminhada, de onde você saiu, até onde você está chegando e onde você ainda quer chegar, contar isso para o mundo de um jeito legal, acho isso muito importante. Esse projeto do documentário me trouxe muitas coisas positivas e uma vontade absurda de crescer mais e mais e mais. Costumo dizer que ainda tem muito para percorrer, muitos caminhos, mas, pode ter certeza, eu estou chegando lá. Esse projeto está lindo, está incrível. Estou muito orgulhosa e feliz por todo mundo que participou.

 

 

Qual a sensação de ter parte da sua trajetória em uma exposição na sua cidade natal? Como se sente com esse reconhecimento? Ter uma exposição, principalmente dessa magnitude, no RibeirãoShopping, foi algo que eu nunca nem imaginei que pudesse acontecer. Eu nunca vi nenhum artista fazendo isso, tendo algo desse tipo para o lançamento de um projeto. É mérito, também, da equipe que estava junto comigo. O Ed Mendes, que entrou junto para pensar nesse evento, falou: ‘tem que ser algo diferente de qualquer coisa, não pode ser só uma festa. Tem que ser algo que mostre realmente a sua história’. O RibeirãoShopping abraçou a ideia e eu sou muito grata por isso. Quando vi tudo pronto, eu nem acreditava que era algo meu, da minha carreira, da minha história. Minha família chorou, eu chorei. Tudo foi feito com muito carinho. Espero que as pessoas possam visitar a exposição, que fica aberta até o dia 30 de abril, e conferir um pouco da trajetória dessa menina, que nasceu e cresceu em Ribeirão Preto e quer ganhar o mundo cada vez mais.

 

 

Quais são os próximos passos? Bom, entre os próximos passos mais concretos, teremos o lançamento do DVD que foi gravado em Ribeirão Preto, “Aquela Vibe Interior”. Ainda não tenho data definida, mas ele já está no forno. Foi gravado, está sendo editado e produzido. Também tenho algumas novidades relacionadas à Copa do Mundo feminina, que acontece em julho e agosto. Tem muita coisa, não só exclusivamente na música, mas, também, projetos que misturam a comunicação e as causas que eu abraço. Sempre vou querer fazer algo diferente. Sempre vou querer fazer algo melhor do que eu já fiz. E a busca vai ser sempre essa. 


Foto: Divulgação

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