Diagnóstico seguro

Diagnóstico seguro

Evolução de exames auxilia o médico no diagnóstico preciso, permitindo a recomendação do tratamento mais adequado para cada caso de câncer de próstata

O Instituto Oncológico de Ribeirão Preto aderiu à campanhaDespertar a consciência do homem para os cuidados com a saúde, em cada etapa da vida, durante o ano inteiro, é o objetivo da campanha Novembro Azul 2016. Com o avanço da idade, a atenção deve ser redobrada, em especial, quando o tema é a prevenção do câncer de próstata, glândula localizada abaixo da bexiga, responsável pela produção de esperma. A doença acomete cerca de 10% dos homens com 50 anos, chegando a 30% aos 70 anos. A porcentagem de casos aumenta gradativamente com a passagem dos anos.

Para que haja um prognóstico positivo, a detecção precoce é de suma importância. De acordo com a recomendação da Sociedade de Urologia, os homens devem buscar um acompanhamento médico desde os 45 anos. Para quem tem casos de câncer na família, o ideal é iniciar as visitas regulares ao especialista aos 40 anos. Negros e obesos também devem antecipar o acompanhamento médico. 

Além das consultas regulares, é preciso manter em dia diversos tipos de exames, como a medição do PSA (sigla em inglês para Antígeno Prostático Específico), a ultrassonografia prostática e o toque retal.  Os resultados desses exames podem levar o médico a solicitar uma biópsia. Quando avaliadas em conjunto, tais análises auxiliam o especialista a chegar a um diagnóstico preciso. 

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) revelam que, quando identificado em fase inicial, o câncer de próstata tem elevadas chances de cura. O índice de sucesso do tratamento ultrapassa 80%, caindo para pouco mais de 10% quando descoberto em estágio mais avançado. Por isso, segundo o urologista e diretor clínico do Hospital São Lucas, Juvelcio Fernandes Peixoto, é importante aumentar a comunicação sobre a necessidade de cuidar da saúde do homem. “O primeiro fator a ser considerado é conscientizar esse público sobre a necessidade de se prevenir. No próprio consultório, o paciente passa pelo primeiro exame: o toque retal. O PSA, verificado em um simples exame de sangue, é um dos mais importantes no processo de acompanhamento médico e deverá ser repetido periodicamente”, explica Juvelcio.

Diagnóstico por imagem

O avanço da medicina diagnóstica permitiu a criação de dois novos exames: a ressonância magnética multiparamétrica e o PSMA PET-CT. Os equipamentos possibilitam a visualização de tumores, mesmo nas áreas mais obscuras da próstata, com aproximadamente 80% de eficiência. O radiologista da MED - Medicina Diagnóstica, Eduardo Miguel Febronio, explica essa modalidade objetiva rastrear áreas suspeitas para processo neoplásico (tumor) da próstata, sendo indicada para pacientes com aumento do PSA já verificado, depois de realizar um ou mais procedimentos de biópsia com resultados negativos. 

Na Associação Comercial, a iluminação alerta os homens para os cuidados com a saúdeO exame é marcado pelos critérios PI-RADS (Prostate Imagem Relatórios e Data System), um sistema de informação estruturado para avaliar os riscos de câncer para a glândula, classificado em cinco categorias, de acordo com o grau de malignidade. “A partir desse exame, o paciente com alta chance de neoplasia deve ser submetido a uma biópsia de saturação, onde os disparos da pistola de biópsia são dirigidos para a área suspeita, aumentando a amostragem de tecido”, aponta Eduardo.

Membro titular do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), o médico ressalta que a ressonância não substitui a biópsia. A análise do tecido continua sendo o padrão de referência, tanto para o diagnóstico quanto para estabelecer a gravidade, de acordo com a classificação patológica de Gleason, pontuação dada a um câncer de próstata com base em sua aparência microscópica. “Esse procedimento aumenta bastante a especificidade do laudo para o diagnóstico de neoplasia”, reforça o radiologista. 

Sinal de alerta

O PSA (Antígeno Prostático Específico) é uma substância do tecido prostático e do líquido seminal, útil como marcador de câncer de próstata e hiperplasia prostática benigna ou como acompanhamento de pacientes com diagnóstico positivo, associado a toque retal e ultrassom. Os valores de referência dependem da idade e da metodologia usada em cada laboratório, mas aproximadamente 80% dos pacientes normais estão abaixo de 4,0 ng/mL. Nos casos em que o PSA se encontra entre 4,0 e 10,0 ng/mL, seguindo orientação médica, é realizada a relação PSA livre e PSA total, que fornece excelente previsibilidade para diferenciar lesões benignas e malignas. Antes do exame, alguns cuidados devem ser tomados para evitar resultados falsamente elevados: exercício em bicicleta, equitação, sondagem uretral, toque retal, ultrassom transretal, colonoscopia, estudo urodinâmico, entre outros. Maria das Graças Elias, diretora e responsável técnica do Laboratório Behring, ressalta que a interpretação do resultado e a conclusão diagnóstica são atos médicos, que dependem de dados clínicos e da correlação com outras investigações semiológicas.

Confiança no tratamento

Esta foi a recomendação seguida pelo aposentado Palmiro Guerreiro. Aos 77 anos de idade, vividos com muita disposição e otimismo, ele não possui preconceito em relação ao câncer de próstata. A doença, identificada em 2015, foi combatida com muita perseverança, apoio familiar e, acima de tudo, confiança na condução do tratamento escolhido. O problema foi diagnosticado em uma visita de rotina ao urologista. O nível do PSA estava alterado e, na época, o médico optou por medicá-lo, mas solicitou uma biópsia para sanar qualquer dúvida. O exame detectou dois pequenos tumores, que foram retirados cirurgicamente. “Neste procedimento, foram extraídas 83 gramas da próstata e, em seguida, fiz 38 sessões de radioterapia. Tudo, de forma muito tranquila. A minha recuperação foi excelente”, conta Palmiro. Ciente dos cuidados com a saúde, sempre manteve o calendário médico ativo e os exames preventivos em dia, mas este não foi o primeiro problema com a glândula. Pamiro conta que o susto inicial aconteceu dez anos antes, quando, em outro exame de rotina, o urologista identificou que a próstata estava muito aumentada e provocava desconforto urinário. “Ela estava comprimindo o canal da urina. Inicialmente, o médico optou por passar uma sonda para liberar o líquido, mas, com o tempo, isso não foi o suficiente e fiz a primeira cirurgia”, relembra. Alegre e muito otimista, acredita que confiar no diagnóstico e na linha de tratamento escolhida foi fundamental para que enfrentasse bem a doença e superasse essas fases difíceis da vida. Hoje, o tempo livre é compartilhado com os amigos e, principalmente, com as muitas amigas que fez nos salões de bailes que frequenta. Hoje, o aposentado mantém as consultas médicas e os exames a cada seis meses e faz questão de dar o exemplo para outros homens e amigos. “Cuidar da saúde é muito importante. Por isso, não devemos ter vergonha de nada e, muito menos, preconceito de falar sobre este ou qualquer outro tema”, opina Palmiro. 

Tabela PI-RADS?

P1 - Muito baixo
Poucas chances de neoplasia (tumor) clinicamente significante

P2 - Baixo
Chance baixa de neoplasia clinicamente significante

P3 - Intermediário
Presença de uma neoplasia clinicamente significante é equívoca — difícil de classificar

P4 - Alto
Tumor clinicamente significante é bem provável

P5 - Muito alto
É muito provável que haja neoplasia clinicamente significante

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