Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto detecta vírus mayaro no Estado de São Paulo
Descoberta inédita foi feita por pesquisadora pós-graduanda da FMRP da USP; doença pode ser transmitida pelo Aedes aegypti
O vírus mayaro, que provoca febre com dores musculares e articulares similares a chikungunya, foi encontrado pela primeira vez no estado de São Paulo por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. A doença pode durar de três a cinco dias.
A febre do mayaro é uma doença silvestre transmitida por mosquitos, especialmente pelas picadas do Haemagogus, que também transmite a febre amarela. O Aedes aegypti também pode transmitir a doença.
No Norte do Brasil, a febre mayaro é uma doença endêmica. “No Sudeste e no Sul do País, a febre Mayaro nunca havia sido descrita. A não ser em indivíduos que vieram infectados da Amazônia, mas casos em pessoas que nunca viajaram e foram contaminadas são a primeira vez no estado paulista”, explica o professor e diretor do departamento de Virologia da FMRP, Luiz Tadeu Figueiredo.
Para ele, isso significa que o vírus está circulando. “Nós estamos discutindo que,da mesma maneira que aqui há condições para ser ter a febre amarela silvestre, com centenas de casos registrados no estado no ano passado, o mayaro chegou também. Ele exige as mesmas condições para transmissão”, diz Figueiredo.
A descoberta foi da pós-graduanda Marilia Farignoli que analisou 5.608 exames de sangue do banco de sangue de São Carlos. “Ela encontrou 36 pessoas que tinham anticorpos do tipo IgM contra o vírus mayaro. Este anticorpo só aparece na fase recente ou aguda. Então essas pessoas devem ter contraído o vírus há um mês ou dois meses”, afirma.
O mosquito – O Haemagogus janthinomys tem hábitos diurnos. Ele habita a copa das árvores e a vegetação de áreas úmidas próximas aos rios. Possivelmente os macacos sejam os principais reservatórios do vírus Mayaro, que já foi encontrado em cavalos, répteis, roedores e aves. “Temos outro arbovírus circulando aqui. É inédito e pior, não se faz diagnóstico. Nós descobrimos, porque desenvolvemos um método de diagnóstico para ele e utilizamos nos exames feitos em São Carlos”, conclui o professor.
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