Brasileiros lideram em tempo gasto em redes sociais

Brasileiros lideram em tempo gasto em redes sociais

A média de conexão dos brasileiros à internet é de quase uma hora por dia, 60% mais que a média mundial

A era digital chegou a tomar parte do nosso tempo, mais do que em qualquer outro período. Com as transformações diárias, torna-se necessária a adequação ao meio em que vive e às as novas tendências tecnológicas.

O mercado oferece, a cada dia, novas formas para estar online o dia todo, em diversos lugares. O acesso por computadores e notebooks vem se reduzindo, enquanto cresce a utilização de aparelhos móveis.. Assim, existem mais aparelhos moveis, conferindo facilidade de conexão por períodos cada vez maiores.

De acordo com o levantamento “2015 Brazil Digital Future in Focus”, o País é líder global em relação ao tempo gasto pelas pessoas nas redes sociais. Brasileiros passam, em média, quase 26 horas por mês conectados à internet, a maior parte do tempo nas redes sociais, o que representa 60% mais que a média global. O restante do período é dividido em visitas a endereços das categorias portais, serviços (e-mail, mensageiros) e sites de entretenimento.

FacebookAlcançando 78% do total da web, o Facebook lidera o ranking das redes sociais, seguido pelo Google+. Possui mais de 58 milhões de visitantes únicos mensais. As redes sociais muitas  vezes deixam de representar um passatempo para se transformar em uma necessidade de comunicação. A presidente Dilma Rousseff é um exemplo de sua utilização. Por duas vezes, em maior, ela levou seu pronunciamento que seria em rede nacional de rádio e televisão para as redes sociais.

Empresas privadas também apostam nas redes sociais para a divulgação de seus produtos, assim como os poderes públicos. A Câmara de Ribeirão preto, por exemplo, até já chegou a restringir a utilização das redes, mas se rendeu à facilidade de comunicação e liberou o acesso. 

O Brasil é o segundo maior mercado do mundo em termos de volume de impressões mensais, com mais de 198 bilhões de impressões entregues no primeiro trimestre de 2015

Quase metade da audiência brasileira já consome conteúdos digitais através de mais de um dispositivo.

Quase 9 milhões de internautas no Brasil acessam a internet exclusivamente de seus tablets e celulares.

O tempo gasto por visitante em desktop caiu 8.9% nos últimos 12 meses e o tempo por view já é maior no mobile do que em desktop.

Os dados da Demografia Online Brasileira mostram que a idade predominante dos internautas é uma das causas mais questionadas. A maioria possui menos de 35 anos de idade, sendo a maioria formada por adolescentes e jovens.

Fator de preocupação de pais e responsáveis, a utilização em excesso é apontado como prejudicial pela psicóloga Ana Flávia Oliveira Santos, colunista deste portal. Veja os principais trechos da entrevista:

Portal Revide: O Brasil é líder global em relação ao tempo gasto nas redes sociais. Qual sua  orientação em relação ao tempo gasto nas redes sociais?
Ana: O desenvolvimento tecnológico acelerado da sociedade atual provocou mudanças nas formas de relação entre as pessoas, podendo trazer impactos na sociabilidade. A respeito do tempo gasto nas redes sociais, há que se pensar na necessidade de um equilíbrio e moderação. Não podemos negar as contribuições que a tecnologia e as redes sociais trazem para a vida de todos, facilitando a comunicação, possibilitando interação social à distância, permitindo o compartilhamento de momentos da vida, mostrando-se um recurso cada vez mais presente nas relações atuais. No entanto, quando esse uso se realiza em excesso, ou mesmo dependendo do uso que a pessoa faz das redes sociais, o que pode levar à criação de uma realidade virtual que se sobrepõe à real, pode acabar prejudicando outras áreas da vida, sendo que a pessoa deixa de realizar outras atividades e de se dedicar a diferentes áreas de sua vida. Esse modo de usar a tecnologia traz impacto a sua sociabilidade, uma vez que a pessoa se encontra imersa em uma realidade virtual, em detrimento do contato real e vivo com as pessoas de seu entorno.

Portal Revide: O tempo gasto nas redes sociais prejudica a vida e a saúde das pessoas? De que forma?
Ana: Não apenas o tempo gasto nas redes sociais, quando em excesso, mas também o uso que as pessoas fazem das redes sociais, ambos podem prejudicar a sociabilidade, a qualidade de vida e até a saúde das pessoas. Também não são raros os exemplos de impactos negativos advindos do comportamento inadequado nas redes sociais na vida das pessoas. Por exemplo, a veiculação de expressões inadequadas ou de cunho preconceituoso nas redes sociais pode levar até mesmo a consequências nocivas no campo profissional. Além disso, quando a realidade virtual substitui a realidade externa e se impõe como um recurso prioritário para lidar com a vida, faz-se necessário compreender as sensações, os sentimentos, indagar sobre a função desse comportamento, buscando-se uma ampliação do conhecimento e do pensar, no intuito de se desenvolver recursos próprios e humanos para se lidar com as adversidades da vida. O excesso de tempo gasto nas redes sociais pode servir a diferentes finalidades, inclusive ser um recurso para aplacar um vazio interno, daí a necessidade de se compreender a função desse excesso, a necessidade desse uso, considerando cada pessoa em particular.

Revide Portal: Qual a alternativa para não ficar tanto tempo em redes sociais?
Ana: A realização de outras atividades que tragam prazer, satisfação e entretenimento à pessoa; o contato vivo, humano e real com o outro; o estabelecimento de vínculos que ofereçam sustentabilidade e suporte emocional são exemplos de alternativas de relacionamentos reais e significativos que preenchem e alimentam o indivíduo. O autoconhecimento, que leva à compreensão acerca do funcionamento da própria mente da pessoa, suas necessidades, angústias, medos e os vazios internos, figura como possibilidade real de se compreender que lugar o excesso de tempo nas redes sociais ocupa, podendo-se entender sua função para aquela pessoa em particular.

Revide Porta: O tempo gasto nas redes sociais é uma forma de diversão? Por quê?
Ana: Depende do uso que a pessoa faz das redes sociais. Muitas vezes, encontra-se a serviço de angústias, medos, inseguranças... É preciso conhecer os próprios vazios, para compreendermos o que colocamos em seu lugar. As possibilidades trazidas pelo desenvolvimento tecnológico não foram acompanhadas com o desenvolvimento da pessoa em lidar com os recursos e potencialidades da tecnologia. 

Portal Revide: Qual a dica daria para os pais ou até mesmo os filhos que passam muito tempo em redes sociais?
Ana: A exposição cada vez maior de crianças à tecnologia, como redes sociais ou mesmo aparelhos eletrônicos (smartphones, tablets etc.), que acompanha o contexto atual, pode afetar o seu desenvolvimento se realizado em excesso, ou mesmo quando seu uso aparece em substituição a outras formas de interação, muitas vezes sendo fornecido com a intenção de transformar o comportamento da criança, no lugar da necessidade que possuem da interação com os pais, por exemplo. Nesse sentido, a criança não se sentirá atendida em sua necessidade de afeto. Uma vez que essas ferramentas e recursos estão presentes na sociedade, fazendo parte do momento histórico-cultural, não podem, no entanto, ser ignorados. É preciso considerar a etapa de desenvolvimento da criança. O uso deve ser acompanhado de limites, oferecendo-se explicações às crianças, ou mesmo adolescentes, possibilitando compreensão e aceitação. É preciso oferecer e criar espaços de interação no contexto familiar que superem o uso excessivo de computadores, de celulares, do acesso às redes sociais, oportunizando que outras atividades aconteçam, não prejudicando, assim a socialização. A criança necessita da interação viva, animada, real com o adulto. Necessita ter acesso a brinquedos, jogos, que o adulto cante ou lhe conte uma história. O uso da tecnologia precisa ser moderado, necessitando-se da intervenção, apoio e participação do adulto, oferecendo vivências fundamentais para o desenvolvimento dos filhos, que precisam encontrar espaço para interação com seus pais e outras pessoas.

Portal Revide: O que fazer quando a situação passa dos limites e aa pessoa se torna dependente de redes sociais?
Ana: É preciso olhar a questão da dependência com cuidado. Atualmente, o uso das tecnologias em geral é demasiadamente útil e necessário em diversos momentos e situações. No entanto, quando esse uso é deturpado ou então substitui outras formas de interação, trazendo prejuízos às relações reais, deve-se buscar ajuda. A psicoterapia ou a análise podem auxiliar nesse processo, ajudando no movimento de se identificar o funcionamento da mente, a função que a internet, a tecnologia e as redes sociais ocupam no psiquismo. Os comportamentos possuem um sentido, uma função, veiculam uma comunicação, sendo necessário que a sensorialidade presente seja compreendida e transformada, integrada à personalidade, criando-se possibilidades de acesso, contato e conhecimento internos.

Portal Revide: E nas empresas, você acha que o uso das redes sociais deve ser liberado a todos os funcionários? Por quê?
Ana: Podemos pensar que, quando não há limite interno, o limite externo se impõe. Para o desenvolvimento de determinadas funções, o acesso à tecnologia, não apenas às redes sociais, prejudica a atenção, concentração, a consecução do trabalho como um todo. Para além de proibições, espaços de discussão no trabalho, em que os colaboradores possam opinar e construir suas próprias possibilidades, estratégias e recursos para lidar com essas e outras situações, possibilitam a expansão da compreensão, sentimento de pertencimento e autonomia nas decisões, o que ajuda no enfrentamento de dificuldades no mundo corporativo. A participação nas decisões, acompanhada de um movimento de compreensão, auxilia na tomada de decisões e diminuição de possíveis problemas no trabalho.Revide On-Line

Laura Scarpelini (Colaboradora)
Fotos: Arquivo Revide

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