Residência Hill ou Mansão Bly?

Residência Hill ou Mansão Bly?

É possível contar uma boa história no gênero de terror

“O mais antigo e forte sentimento da humanidade é o medo, e o mais antigo e forte tipo de medo é o medo do desconhecido” é uma frase de H. P. Lovecraft, um escritor estadunidense que revolucionou o gênero de terror. A Netflix tem em seu catálogo duas séries repletas de mistérios e terror que exploram bem o medo do desconhecido e provam ser possível contar uma boa história no gênero de terror. A Maldição da Residência Hill e A Maldição da Mansão Bly, embora possam ser consideradas sequências, não têm suas histórias diretamente relacionadas. O que elas têm em comum é a “fórmula” do criador de ambas, Mike Flanagan, além da mesma equipe de produção e até mesmo alguns atores.

A Maldição da Residência Hill foi lançada em 2018 e traz uma trama complexa que explora o luto de forma muito profunda. A série conta a história de cinco irmãos que tentam superar a morte da mãe, cada um deles representando os cinco estágios do luto. A narrativa é conduzida especialmente pela personagem Nell (interpretada por Victoria Pedretti), que tem visões da assustadora “Moça do Pescoço Torto”. O roteiro é muito bem elaborado, coerente e surpreendente.

A série chama atenção por dois detalhes muito interessantes, fantasmas e estátuas. Falar de fantasmas pode parecer óbvio, mas eu não me refiro aqueles que fazem parte diretamente da narrativa, mas sim de muitos outros que aparecem pela mansão sem receber destaque direto no enquadramento. E não são poucos, cada episódio tem de oito a doze fantasmas, que chegam a deixar dúvidas se realmente deveriam estar ali, tornando-os ainda mais assustadores.

E as estátuas? Bem, elas simplesmente se movem entre os cortes de cenas. Por exemplo, você assiste à uma conversa entre dois personagens e há uma estátua no fundo do cenário. A cena muda por um instante, alterando o fundo do cenário, e quando retorna houve uma pequena mudança na estátua, seja na posição da mão, do corpo ou na direção em que está olhando. Muitas vezes isso passa despercebido, mas essa movimentação causa uma estranheza que impulsiona o desconforto amedrontador. Ambos os elementos, por serem tão sutis, aumentam muito a tensão e a sensação de terror. É espetacular!

A Maldição da Mansão Bly é um lançamento recente (2020) e parece que preferiu focar mais no drama e não tanto no terror. Talvez porque sua antecessora no preparou para o que estava por vir, a série não é tão assustadora. Isso pode ser decepcionante para os fãs do gênero de terror, mas não necessariamente torna a série ruim. A narrativa é conduzida pela personagem Dani, (também interpretada por Victoria Pedretti), uma baba que se muda para a Mansão Bly para cuidar dos pequenos Miles e Flora, de 10 e 8 anos de idade.

A narrativa também apresenta vários mistérios e é muito bem elaborada, mas a profundidade nos dramas vividos pelos personagens faz com a série desenvolva menos o terror. Em A Maldição da Residência Hill o aprofundamento nos personagens está diretamente relacionado com seus traumas e medos, enfatizando o terror que a história propõe. Já em A Maldição da Mansão Bly essa relação parece mais focada na tristeza e na culpa que os personagens sentem, deixando a sensação de que o terror ficou em segundo plano.

De forma objetiva, A Maldição da Residência Hill é uma excelente obra de terror que trabalha bem o drama dos personagens, já A Maldição da Mansão Bly é uma excelente obra de drama que trabalha bem o terror da mansão. Mas não tenho dúvidas de que as duas sérias são imperdíveis. E se quiser muito assistir, mas tem medo de séries de terror, clique aqui, que eu vou te ajudar a aproveitar da melhor forma essas séries.

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