Balanço Social: a ferramenta para formalizar ações voltadas à ESG

Balanço Social: a ferramenta para formalizar ações voltadas à ESG

Ao ler o título desse post, você pode ter ficado com uma dúvida: o que significa a sigla ESG? Se esse é seu caso, não se sinta envergonhado, pois, até pouco tempo, também não sabia o significado. Descobri essa sigla ao ler uma matéria escrita por Vanessa Adachi para a Capital Reset, em que Guilherme Benchimol, fundador e CEO da XP Investimentos, faz a seguinte afirmação: “Empresa que não for ESG vai acabar”.

ESG é uma sigla que significa: Environmental, Social and Governance. Em português: Ambiental, Social e Governança (ASG). Ambiental: a questão ambiental vem ganhando mais relevância nos últimos anos, pois não há dúvidas de que o problema de mudanças climáticas existe e as empresas podem ser parte do problema (alta emissão carbono) ou parte da solução. Social: engloba as relações da empresa com seus colaboradores, clientes e comunidade. Governança: refere-se, resumidamente, ao nível de gestão e transparência com o qual a empresa é administrada.

Lançado em 2004 por uma iniciativa ligada à ONU, André Cabette Fávio, em matéria para a Infomoney, comenta que o termo ESG ganhou força e passou a receber maior atenção e investimentos durante a pandemia, em meio a discussões sobre se crises ambientais previstas pela ciência, em especial a climática, poderiam também ter impactos globais no futuro.

Estudos e relatórios de casas de análises agências de rating indicam que empresas alinhadas a esses princípios vêm se saindo melhor não só em se tratando de gestão de imagem, mas financeiramente. O desejo por um mercado mais ético, o temor de crises de reputação e sinais de que investir em ESG dá lucro contribuem para aumentar o interesse de investidores sobre o tema, sobretudo em meio à COP 26. Porém, de acordo com Fávio, a falta de um padrão internacional para mensurar temas ligados à ESG dificulta avaliar se uma empresa mantém mesmo boas práticas.

Muitas das informações que existem são disponibilizadas de forma espontânea pelas companhias, que buscam antes de tudo apresentar uma boa imagem sobre si próprias – cunhando o termo “greenwashing“, ou “pintar de verde”. Fávio afirma que, como não há um padrão sobre a prestação de contas em ESG, há espaço para variedade e subjetividade ao avaliar empresas supostamente sensíveis ao tema.

Artur Nicoceli, em matéria para a CNN, comenta que a primeira temporada de balanços financeiros de 2022 trouxe mudanças que poderão ser observadas nos dados operacionais das companhias, como informações sobre riscos ambientais, sociais e de governança, ou seja, relacionadas à ESG.

Esse movimento, segundo Nicoceli, faz parte de um processo de adaptação que as empresas de capital aberto terão que fazer até 2023 devido à alteração feita pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na Instrução 480/09, em dezembro de 2021, que obriga as companhias brasileiras a apresentarem esses indicadores, além de um inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEEs) e prestar informações a respeito da diversidade do corpo de administradores e empregados.

Diante desse cenário, acredito que a publicação do Balanço Social é a melhor maneira de as empresas prestarem contas à sociedade sobre as ações que realizam voltadas à ESG. De acordo com Eduardo Arrelaro, em matéria para o Site Arquivei, há quem acredite que o Balanço Social seja algo recente, novo, mas, na verdade, seu conceito remete à década de 60. Sua origem e conceito estão intrinsecamente ligados ao papel das empresas na sociedade.

No Brasil, o tema ganhou maior relevância a partir de 1997, tendo como grande influenciador o sociólogo Herbert de Souza, ainda que existam registros de publicações de Balanço Social anteriores a essa data. Pode-se definir Balanço Social como a demonstração por parte das empresas, em um ato de transparência, de todas suas ações sociais, ambientais e econômicas e seus impactos, pois é importante que fique claro que elas têm um papel relevante por meio de suas ações junto à sociedade.

Em nosso país, temos como marco do reconhecimento dessa responsabilidade social nas ciências contábeis a inserção do conceito de Balanço Social na Lei nº 11.638/07, que tornou obrigatória a elaboração e divulgação da Demonstração de Valor Adicionado (DVA) para as empresas de capital aberto. Segundo Arrelaro, a DVA é parte integrante do Balanço Social.

Atualmente, o Balanço Social não possui um modelo específico ou padrão a ser seguido, apesar de Arrelaro comentar que temos grandes contribuições trazidas pelo Instituto ETHOS, Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) e Iniciativa Global para Apresentação de Relatórios – Global Reporting Iniciative (GRI).

Acredito que, em um futuro próximo, a estruturação do Balanço Social deverá ser aperfeiçoada e padronizada, para que se torne a ferramenta para apresentação das ações empresariais voltadas à ESG. Vamos aguardar e conferir!

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