Agrishow: Bancos abrem carteira, mas política inibe clientes

Agrishow: Bancos abrem carteira, mas política inibe clientes

Mesmo com atrativos por parte dos bancos, e juros baixos, produtores rurais esperam definição na política para comprar

Diretor de uma fábrica de peças e tratores agrícolas, Delmar Rugeri comemora os negócios fechados no primeiro dia da Agrishow, que começou em Ribeirão Preto na última segunda-feira, 25.

De acordo com Rugeri, foram comercializadas 46 máquinas apenas no dia da abertura, o que o surpreendeu em razão da crise econômica pela qual o País passa, e o enche de esperança para o restante da feira, que segue até sexta-feira, 29.

“Ficamos surpresos pelo volume de negócios. Apesar do cenário econômico, estamos confiantes para encerrar o período com bons resultados”, comemora. Entre os produtos vendidos pela empresa, 95% foram itens de composição dos tratores, que custam a partir de R$ 10 mil.

O incentivo para as boas expectativas de vendas pode vir dos bancos, já que tanto o Banco do Brasil, quanto o Santander, informam que disponibilizaram recursos para os produtores rurais em busca de crédito.

O Banco do Brasil diz que liberou R$ 536 milhões em recursos próprios para produtores rurais na Agrishow, atendendo as linhas Moderfrota e Pronamp, que são voltadas para investimentos. Já o concorrente informa que serão R$ 850 milhões disponíveis, o dobro do apresentado na edição de 2015 da feira.

Esses recursos aprovados animam o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Francisco Maturro. Para ele, este é momento dos produtores realizarem negócios, em função das baixas taxas de juros – a partir de 7,5%.

A visão é compartilhada pelo presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, que fala da urgência de substituição da frota agrícola do País, já que segundo levantamento da associação que preside, mais de 30% do maquinário do campo tem mais de 20 anos de idade.

“A substituição desse maquinário pode representar até 10% de aumento de produção sem plantar um metro a mais. Já apresentamos ao governo um projeto de modernização do maquinário, mas pela situação vigente é impossível obter avanços. Mas isso é inevitável nos próximos anos, independente do governo, porque é necessário”, analisou.

Porém, nem tudo são flores para os expositores na feira, isso porque a desconfiança com o momento político é grande, tanto que foi possível ouvir entre os estandes muita gente esperando uma definição política a ser tomada.

“Nós precisamos de segurança jurídica para manter o curso do capital para uma feira como essa. Queremos que diminuam os riscos, e pelo que converso com o Governo [Federal], eles estão atentos a isso, porque é uma política de Estado, e não de governo”, defende o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Junqueira.

Essa apreensão é refletida em pesquisa divulgada pelo SPC Brasil, no início desta semana, que mostra que 82% daqueles produtores e empresários de médio e pequeno porte almejam pedir crédito nos próximos meses.

A maior parte rejeita tomar recursos emprestados porque afirmam que conseguem manter o negócio com recursos próprios (57,5%), e quase um quarto (24,7%) não pensa em realizar investimentos que exijam a tomada de recursos de terceiros.

Mesmo assim, aqueles que pretendem contratar crédito preferem não se arriscar, e por isso procuram o micro crédito (56,7%), como os necessários para compra de produtos de baixo valor aquisitivo.
 

Foto: Ibraim Leão

 

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