
Crise no Oriente Médio reforça a importância de se investir no etanol
Por Tirso Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp)
Aintensificação do conflito entre Israel e Irã tem potencial para desestabilizar a geopolítica do Oriente Médio e gerar fortes repercussões nos mercados globais, especialmente no setor energético. Como o Irã é um dos maiores produtores mundiais de petróleo e controla o estratégico Estreito de Ormuz — por onde passa cerca de 20% da produção global —, qualquer ameaça à estabilidade da região eleva o preço do barril no mercado internacional. Diante desse cenário, o Brasil, mesmo sendo produtor de petróleo, não está imune aos impactos, já que ainda importa derivados e é influenciado pela volatilidade cambial e inflacionária decorrente dessas tensões.
Com o petróleo mais caro, combustíveis derivados, como a gasolina e o diesel, ficam mais onerosos no mercado interno, pressionando a inflação e o custo logístico em todo o território nacional. Isso afeta diretamente o transporte de cargas, a produção agrícola e a indústria, além de reduzir o poder de compra da população. O Banco Central pode ser forçado a adiar a queda da taxa básica de juros, a Selic, como forma de conter a escalada inflacionária. Em um país com forte dependência do modal rodoviário e com políticas fiscais sensíveis ao preço dos combustíveis, esse tipo de choque externo gera incertezas que freiam investimentos e aumentam os riscos macroeconômicos.
Nesse contexto, o etanol ganha ainda mais relevância estratégica como uma alternativa viável e competitiva frente à gasolina. Produzido em grande escala no Brasil, com destaque para a região de Ribeirão Preto — um dos maiores polos canavieiros do mundo, produzindo etanol açúcar e bioinsumos —, o etanol oferece não apenas uma opção mais barata ao consumidor, mas também menor impacto ambiental, alinhando-se às metas de sustentabilidade energética. Com o preço do petróleo em alta, a vantagem comparativa do etanol aumenta, favorecendo o consumo interno e atraindo mais atenção para políticas de incentivo ao biocombustível. Da mesma forma, o fomento a novos combustíveis é essencial para afastar ainda mais a dependência dos combustíveis fósseis.
Além disso, o fortalecimento do setor sucroenergético trará benefícios diretos à economia nacional. O aumento da demanda por etanol estimula a cadeia produtiva da cana- -de-açúcar, gera mais empregos nas zonas rurais, movimenta a indústria de máquinas agrícolas e promove desenvolvimento regional, sobretudo em áreas como o noroeste paulista. A expansão do uso do etanol também contribui para a balança comercial, uma vez que diminui a necessidade de importação de gasolina e cria oportunidades de exportação do excedente ou de tecnologia associada à produção do combustível renovável.
Diante de um cenário internacional conturbado, reforçar a força do etanol como solução econômica, energética e ambiental é investir na sustentabilidade do Brasil. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), parte integrante no sucesso do desenvolvimento do programa estadual do etanol, já estava implementando um programa de uso de etanol nos veículos corporativos, como forma de reiterar o compromisso com uma fonte de energia nacional e sustentável