OPINIÃO - Economia da inovação: o papel do líder na transformação digital

OPINIÃO - Economia da inovação: o papel do líder na transformação digital

José Chavaglia Neto*

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Na transformação digital, a atuação do líder é cada vez mais importante para o sucesso de uma organização. Contudo, entrar para essa nova economia não tem sido tarefa fácil - como muitos especialistas imaginavam. Isso porque, para as empresas, apenas participar do mundo digital já não é o bastante. Agora, elas precisam estar em um nível que só é possível alcançar com o domínio de algumas tecnologias, por exemplo, a internet das coisas, a Big Data, os algoritmos, os robôs, a inteligência artificial e a aprendizagem artificial. Diante deste contexto, o líder deverá buscar a compreensão de como as pessoas tomam suas decisões nesse novo ambiente.

Em um artigo publicado pela Harvard Business Review, uma equipe de pesquisadores liderada pelo professor de liderança da Stanford University, Behanam Tabbrizi, se observou que muitas empresas fracassam, no mundo todo, diante do desafio da Transformação Digital (TD). O motivo é que a maioria das tecnologias digitais oferece possibilidades de ganhos de eficiência e maior proximidade com o cliente. No entanto, se as pessoas não têm a atitude mental certa para mudar e se as práticas empresariais atuais são imperfeitas, a TD simplesmente fará essas falhas aumentarem.

Essa pesquisa confirma uma impressão que tive ao conversar com muitos alunos dos cursos de MBA, com clientes e empresários de Brasil, Portugal e EUA: as empresas estão sendo geridas por softwares de gestão. Entretanto, um software não é apenas um suporte para a gestão, a decisão final ainda é (e será) dos gestores e lideres. Por mais que seja bem intencionado o esforço da TI, gerir uma empresa e entender os detalhes que o comportamento estratégico exige, é uma missão que ainda está além da capacidade de um algoritmo, é uma missão para quem tem muito conhecimento e certa experiência na gestão de empresas. Afinal, trata-se de uma área técnica, mas que ao mesmo tempo, abrange situações que só um ser humano pode entender.

Fazendo uma comparação entre o processo de transformação digital que acontece aqui no Brasil e o que vi no último ano em Portugal.

Brasil - empresas deslumbraram-se rapidamente com as novidades relacionadas ao mundo digital.

Portugal - os executivos portugueses apresentaram algum receio na aplicação ou o investimento na transformação digital. Em um estudo realizado pela Associação da Economia Digital (ACEPI) e o International Data Corporation (IDC), o estudo mostra, que apenas 27% das empresas Portuguesas efetuam negócios online.

Não vou arriscar apontar quem está certo ou errado. Somente que é necessário que se busque um equilíbrio entre o investimento na transformação digital e os resultados obtidos, ou seja, é necessário garantir retornos imediatos, em termos estratégicos, onde o trabalho é realizado de uma forma melhor do que sem o uso das tecnologias.

Pode ser, assim como todo processo de desenvolvimento, que esta situação seja uma fase de transição. Que ao longo do processo, através de pesquisas e da tentativa e erro no mercado. Ocorra um equilíbrio natural entre a gestão e a otimização das tecnologias.

É possível todo tipo de informação acerca destes dados. Entretanto, e ai parto de uma percepção pessoal, na era da economia digital - principalmente neste momento de transição - o papel do líder será ainda mais importante. Como se viu na pesquisa apresentada anteriormente, a estratégia deve se basear nas ferramentas digitais e não o contrário, como tem acontecido em muitas empresas.

Mas, em que sentido deverá atuar o líder? Caberá ao líder apontar a direção a ser seguida tanto na gestão do dia a dia das organizações como da previsão dos novos caminhos a serem seguidos pela empresa. A diferença é que agora o líder contará com um poder de alcance e execução muito maior. Ele não vai achar mais nada, tudo será mensurado.

Portanto, o líder nunca foi tão importante para o sucesso das organizações como nos dias atuais. Apesar do grande avanço na tecnologia, as pessoas ainda são suscetíveis ao fator biológico. Logo, dependerá delas escolher onde investir seus recursos.

 

*José Chavaglia Neto é economista, professor de Criatividade e Inovação da FGV Management, membro do conselho editorial do International Journal of Latest Trends in France and Economic Sciences, no Reino Unido. Seu estudo sobre emoções no consumo é referência nas pesquisas do Census Bureau (órgão responsável pela publicação do censo dos Estados Unidos). Doutor em Métodos Quantitativos, mestre em Gestão Empresarial pelo ISCTE/IUL de Lisboa, MBA em Gestão de Empresas pela FGV, especialista em Controladoria e Finanças pela FCETM-MG.


Imagem: Pixabay (Ilustração)

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