Em pronunciamento, presidente Jair Bolsonaro critica ex-ministro Sérgio Moro
Marielle, Queiroz, porteiro, Adélio e coronavírus. Veja os principais pontos do pronunciamento do presidente. 

Em pronunciamento, presidente Jair Bolsonaro critica ex-ministro Sérgio Moro

"Hoje vocês conhecerão aquela pessoa que tem compromisso com seu ego e não com o Brasil", disse o presidente

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), criticou o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, em pronunciamento na tarde desta sexta-feira, 24, em Brasília. A coletiva do presidente foi convocada após Moro anunciar a saída do Ministério e acusar o presidente de tentar interferir em investigações da Polícia Federal (PF).

Em uma tentativa de demonstrar união ministerial, o presidente aglomerou a maioria dos ministros, o vice-presidente Hamilton Mourão, além dos deputados Eduardo Bolsonaro, Hélio Lopes e Carla Zambeli. De todos os presentes, apenas o ministro da Economia, Paulo Guedes, usava máscara.

Durante o pronunciamento, o presidente fez duras críticas ao ex-ministro que, segundo ele, "não me queria na cadeira de presidente". "Hoje vocês conhecerão aquela pessoa  que tem compromisso com seu ego e não com o Brasil", afirmou o presidente.

Bolsonaro resgatou episódios polêmicos de sua trajetória política recente, como a facada durante a campanha eleitoral, o caso Queiroz, os milicianos  que moravam no mesmo condomínio que ele e até o caso Marielle Franco. "A Polícia Federal de Sergio Moro se preocupou mais com Marielle do que com o seu chefe Supremo", insinuou o presidente.

Bolsonaro argumentou que não exercia influência na PF e nem tinha interesse nisso. Alegou que, se tivesse a intenção de interferir, já o teria feito. Contudo, admitiu que chegou a "suplicar" para que Moro desse informações e celeridade sobre os casos do porteiro e de Adélio Bispo, autor da facada. 

O chefe do Executivo também declarou que existiam discordâncias ideológica entre ele e o ministro. "Não sei em quem ele votou no primeiro turno e nem quero saber". Alegou que enfrentou "dificuldades enormes" para flexibilizar a posse e o porte de armas no país, já que Moro seria "desarmamentista".

Em seu discurso, Bolsonaro também elogiou o trabalho de Alexandre Ramagem , diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem é um dos nomes cotados para substituir Maurício Valeixo na PF.

Segundo Bolsonaro, Moro teria lhe dito que se fosse para demitir Valeixo, que fosse em novembro, depois que o presidente o indicasse para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Saída de Moro

Sergio Moro anunciou, em pronunciamento na manhã desta sexta-feira, 24, a saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O motivo para o pedido de demissão, segundo Moro, foi a exoneração do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, para uma suposta indicação política pelo presidente Jair Bolsonaro. 

“Não são aceitáveis indicações políticas na PF”, disse Moro durante o pronunciamento. “Não me senti confortável. Tenho de preservar minha biografia e o compromisso que assumi. Temos de garantir o respeito à lei”, disse. Moro ainda destacou que não houve uma causa consistente para a demissão de Valeixo e a indicação de outro nome por Bolsonaro.

No pronunciamento desta tarde, Bolsonaro rebateu a fala de moro sobre preservar a biografia. "Nós que estamos na linha de frente, temos algo mais importante que a nossa biografia; é o bem estar do seu povo, é o futuro dessa nação", respondeu.

Moro também disse que aceitou assumir o ministério, pois Bolsonaro havia lhe prometido "carta branca" para indicar cargos, como o da PF. “O grande problema desta troca é que haveria uma violação da garantia que me foi dada quando aceitei o convite para ingressar no governo, a garantia de que eu teria carta branca. Haveria interferência na PF, o que gera um abalo na credibilidade. Minha e do governo. E também na PF, gerando uma desorganização que, a despeito de todos os problemas de corrupção dos governos anteriores, não houve no passado”, disse Moro. 

 


Foto: Reprodução Twitter

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