"Audacioso, mas não impossível": especialistas comentam as obras do PAC II
PAC da Mobilidade Urbana em Ribeirão Preto promete melhorar o trânsito da cidade

"Audacioso, mas não impossível": especialistas comentam as obras do PAC II

Trabalhos devem durar de 2018 a 2020 e pretendem agilizar o transporte em Ribeirão Preto

Em uma solenidade no Palácio do Rio Branco, no dia 23 de novembro, foi assinado o acordo para a liberação de R$ 310 milhões provenientes do Plano de Aceleração do Crescimento II (PAC) de Mobilidade Urbana para obras em Ribeirão Preto. De acordo com o prefeito Duarte Nogueira (PSDB),  “a meta é que qualquer ribeirãopretano chegue ao seu destino em até 30 minutos, em qualquer ponto da cidade”, promete.

Para analisar os planos de mobilidade urbana propostos pelo governo, o Portal Revide entrou em contato com dois especialistas. A doutoranda em geografia e professora de planejamento urbano Helena Rizzatti e o especialista em planejamento e gestão de trânsito Luiz Gustavo Correa.

As obras, que começam em 2018 e têm previsão para término em 2020, possuem como base a construção de 56 quilômetros de corredores de ônibus, viadutos, pontes e túneis no município. As readequações serão feitas em três etapas, em 22 pontos da cidade. A ênfase está na área central, início da Zona Norte (Ipiranga, Campos Elíseos, Jardim Independência e áreas próximas da Avenida Brasil), Zona Sul, Zona Leste e áreas em torno da USP e HC, na Zona Oeste.

As obras

- Ponte Avenida Francisco Junqueira x Rua José Bonifácio (ligando a Rua Paraíba)

- Ponte Avenida Francisco Junqueira x Visconde de Inhaúma (ligando a Rua Tamandaré)

- Ponte Avenida Francisco Junqueira x Barão do Amazonas (ligando a Rua Benjamin Constant)

- Viaduto da Avenida  Brasil x Avenida  Thomaz Alberto Wathely (viaduto em cima da rotatória da Avenida Brasil)

- Viaduto da Av. Maria de Jesus Condeixa + alteamento da CPFL (viaduto passará em cima da Avenida Francisco Junqueira ligando à Avenida Antônio Diederichsen)

- Passarela para pedestres interligando os dois terminais urbanos da Avenida Jerônimo Gonçalves ligando os terminais urbanos (ponte para pedestre interligando o módulo principal do Terminal Dra. Evangelina de Carvalho Passig aos módulos satélites)

- Corredores de ônibus na Rua São Paulo e nas avenidas Saudade, Brasil e Dom Pedro I

Todas as faixas de ônibus contemplam;

Faixa exclusiva de ônibus ou preferencial

Sinalização Semafórica Inteligente para priorização do transporte coletivo

Acessibilidade em todas as esquinas

Abrigos padronizados em aproximadamente cada 500 metros

Sinalização horizontal e vertical

Recapeamento dos 56 quilômetros

Paradas dos ônibus com pavimento rígido (para maior durabilidade pelo impacto das freadas)          

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Análise

Para Helena Rizzatti, o projeto é audacioso, mas não é impossível.  “Quanto ao prazo, trata-se de um plano audacioso da prefeitura implantar quatro corredores de ônibus em um único ano, porém não impossível. Mais do que cumprir o prazo, faz-se importante que a prefeitura realize essas obras com qualidade para que perdurem nas próximas décadas nas quais a tendência é o agravamento dos problemas de tráfego já existentes”, observa Helena.

Para Correa, era uma vergonha para um município do porte de Ribeirão Preto não ter as faixas preferências de transporte coletivo. “É difícil acreditar que até hoje não temos corredores exclusivos de ônibus. Em cidades menores como São José do Rio Preto, o projeto já está implantado. O reflexo é a falta de interesse do cidadão em utilizar o transporte público”, analisa.

Todavia, o especialista em trânsito pondera que as obras serão boas para o município, mas vieram com atraso. “Hoje, a estrutura de mobilidade urbana de Ribeirão Preto deixa a desejar, os investimentos propostos pelo poder público com a liberação da verba do PAC podem cobrir uma lacuna deixada há vários anos sem investimentos. Acredito que estamos atrasados mais de uma década sobre o assunto, comparados com cidades do mesmo porte e até menores”, critica Correa.

Por fim, Helena reflete sobre a implantação das ciclovias e a mobilidade em bairros periféricos. Para a especialista, não bastam apenas trajetos de ônibus que liguem partes dos bairros periféricos ao Centro, mas trajetos internos que facilitem o deslocamento da população. “Nesses bairros isolados devido aos vazios urbanos, falta, além da conectividade com o Centro e outras parcelas da cidade, em razão dos trajetos de ônibus serem majoritariamente bairro-Centro, um planejamento urbano que  busque uma cidade com maior mobilidade e qualidade de vida, com certeza deveria começar pela intensa melhoria e integração desses bairros”, comenta a geógrafa, que conclui observando a importância das ciclovias para essas localidades. “A implantação de ciclovias nesses bairros pode ser interessante, porém os diversos vazios urbanos que existem entre eles e as áreas centrais da cidade diminuem muito a segurança das ciclovias e essa ação de implantação tem que vir casada com uma proposta de mobilidade que atenda com qualidade esses bairros”, finaliza.


Foto: JF Pimenta

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