Em 10 anos, número de mortos em ações policiais na região de Ribeirão chega a 140
Segundo a Ouvidoria, foram 23 casos registrados na região só no ano de 2017

Em 10 anos, número de mortos em ações policiais na região de Ribeirão chega a 140

Dados são da Ouvidoria das Polícias de SP; em 2017, região é a terceira, no Estado, com menos registros

Em 10 anos, a região de Ribeirão Preto registrou 140 mortes ocasionadas pelas forças de Segurança Pública, seja a Polícia Militar ou Civil, de acordo com dados da Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo. Em 2017, esse número foi de 23 casos registrados, conforme a Pesquisa sobre o Uso da Força Letal por Policiais de São Paulo e Vitimização Policial em 2017, também realizada pela Ouvidoria.

De acordo com o documento, no ano passado, 23 pessoas morreram na região de Ribeirão Preto, que abrange o Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 3 (Deinter-3), composto por 93 municípios, colocando essa região na 8ª posição entre aquelas que mais contabilizam mortes ocasionadas pela polícia, entre as 12 do Estado de São Paulo.

O número registrado na região de Ribeirão Preto, em 2017, é menor do que o registrado no ano anterior, quando foram 26 casos. No entanto, há aumento a partir de 2014, quando foram contabilizados 18 casos, seguido por 2015, com 20.

Neste período de 10 anos, o caso que ganhou mais destaque foi o de Luana Barbosa, em 2016, em que até a Organização das Nações Unidas (ONU) se manifestou. Luana teria sido agredida por policiais militares em uma abordagem policial, quando teria exigido ser revistada por uma policial feminina.

Após cinco dias internada, a vítima morreu em decorrência dos ferimentos. Segundo o laudo necroscópico, Luana teve traumatismo craniano-encefálico com isquemia cerebral em razão da dissecção de uma artéria. O caso corre na Justiça, e no último mês de julho, tiveram início as audiências para que as testemunhas do caso fossem ouvidas.

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A pesquisa também indica a quantidade de policiais mortos. Em 2017, 60 agentes de segurança, seja Civil ou Militar, perderam a vida no Estado. A maior parte deles, 45, estava de folga, como o caso do policial Roberto Pereira Abramovicius, em Ribeirão Preto, que fazia bico de segurança em um posto de combustíveis quando foi morto.

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O que dizem as autoridades

Enquanto a região de Ribeirão Preto apresenta diminuição de casos de mortes causadas pelas forças de segurança pública, o Estado de São Paulo foi na direção contrária. Em 2017, foram registrados 927 casos de mortes ocasionadas pelas polícias, o maior número em 14 anos.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, relativiza os números, e afirma que em 2018 deve haver queda. “Nós temos as políticas de contenção da letalidade. Os confrontos são ações que sempre partem do bandido. A polícia não vai para as ruas para confrontar bandido. A polícia sai para proteger a população. Quando ela é obrigada a confrontar, às vezes, o resultado é esse, infelizmente. O fato é que, neste ano, os indicadores de letalidade policial estão em queda”, informa.

O presidente do Sindicato da Polícia Civil de Ribeirão Preto, Mauri Lúcio da Mata, acredita que uma punição excessiva a policiais que participam desse tipo de ação pode acabar desestimulando na profissão, já que a maioria das mortes ocasionadas pelas forças de segurança ocorre em reação a ação dos bandidos. Para ele, a solução é que a lei seja cumprida, e que os condenados cumpram as penas. “O sujeito, se entrar, para cadeia devia ficar na cadeia. Se ele não ficar, é um estimulo para ele continuar [cometendo crimes]. É um circulo vicioso, esse 'enxuga gelo'”, lamenta.


Foto: Arquivo Revide

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