Em 2050, um terço da população de Ribeirão Preto terá mais de 60 anos
Baixa taxa de natalidade, envelhecimento e redução da população são algumas das estimativas para os próximos anos

Em 2050, um terço da população de Ribeirão Preto terá mais de 60 anos

Estimativa do Seade é que população cresça até 2045 e, após esse período, comece a diminuir

Até 2050, um terço da população de Ribeirão Preto será composto por pessoas com mais de 60 anos idade, índice praticamente igual ao do Japão, atualmente.  Os números são de uma pesquisa realizada pelo Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).

A pesquisa de projeção populacional estima que 33,5% da população de Ribeirão terá mais de 60 anos em 2050, um número acima da média estadual, que será de 29,7%. 

Outro indicador revelado pela pesquisa é uma inversão no formato da pirâmide etária do município. Atualmente, existem 40 mil crianças com idades entre zero e quatro anos. Já em 2050, esse número terá caído para 27 mil.

Os adolescentes entre 15 e 19 anos, idade na qual a maioria começa no mercado de trabalho, também sofrerão uma queda ao longo dos anos. De 43 mil em 2017, para 32 mil em 2050.

O envelhecimento da população é uma tendência que pode ser vista em todo Brasil. Por um lado, ele significa maior qualidade de vida. Segundo o Banco Mundial, a expectativa de vida do brasileiro subiu 16% nos últimos 30 anos. Saindo de 62 anos, nos anos 80, para uma expectativa de vida de 74,6, em 2015. Já o IBGE, afirma que a expectativa atual do brasileiro é de 75,5 anos.  

Contudo, a baixa taxa de natalidade e esse envelhecimento da população aliado ao aumento da qualidade de vida podem trazer problemas econômicos à cidade e ao País, caso não existam planos de ação sociais para atendimento aos cidadãos.

Para se ter uma ideia, o Seade projeta que, em 2050, existam 77 mil pessoas com mais de 75 anos somente em Ribeirão. Isso equivale a 10,6% da população, que se estima que seja de 723 mil.

E a respeito da população geral, a cidade continua sendo de maioria feminina. Atualmente, Ribeirão está dividida entre 48% de homens e 52% de mulheres. A média se manterá estável no decorrer dos anos até a faixa etária dos 60 anos, que é quando a balança começa a pender para o lado feminino. Hoje, existem 40 mil homens com mais de 60 anos no município, enquanto as mulheres com a mesma idade são 57 mil. Em 2050, essa diferença irá aumentar ainda mais, serão 136 mil mulheres e 106 mil homens com mais de 60 anos.

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Impactos na economia

O professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA) Eliezer Martins Diniz avalia os impactos que esse envelhecimento poderá trazer para a economia. 

Diniz analisa se de fato haverá impacto na população economicamente ativa. O professor informa que a população em idade ativa é medida de acordo com as pessoas empregadas e desempregadas naquele período. Os dados procuram mostrar o número de pessoas que potencialmente podem estar trabalhando e a parcela da população que potencialmente pode estar trabalhando, que é a razão população em idade ativa dividida pela população total.

"A comparação dos dados da Fundação Seade entre 2016 e 2050 mostra que a população total cresce até 2040, para então começar a cair. A população em idade ativa cresce no mesmo período, mas começa a cair um pouco mais cedo, a partir de 2040. Se tomarmos a população de 20 a 65 anos, que é como a população em idade ativa é normalmente mensurada no exterior, a parcela da população em idade ativa cai de 65,6% para 58,6% entre 2016 e 2050. Se tomarmos a parcela da população de 10 a 65 anos, que é a forma como o IBGE mede a população economicamente ativa e, consequentemente, a população em idade ativa, temos uma projeção de queda da parcela da população em idade ativa de 78,3% para 67,3%", avalia o professor.

Saúde e Previdência

O envelhecimento da população leva a uma saúde mais frágil e a um maior uso do sistema de saúde em todas as esferas de governo. De acordo com o professor da USP, o município deve se preparar, ao longo do tempo, para atender a essa maior demanda da população.

"O envelhecimento também reforça a necessidade atual de uma reforma da previdência em nível federal que faça uma transição completa da previdência de um sistema de repartição, em que os aposentados recebem como benefício o que é arrecadado naquele momento, para um sistema de capitalização, no qual os aposentados recebem aquilo que foi recolhido durante a vida útil", finaliza Diniz.


Foto: Pixabay

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