Grupo convoca seguidores para cometerem atentados nas Olimpíadas
Mensagem foi interceptada por consultoria de risco de segurança norte-americana; Abin garante segurança a atletas e turistas durante Jogos
A consultoria de segurança de risco norte-americana SITE Intelligence localizou no Telegram, aplicativo de mensagens similar ao WhatsApp, uma mensagem de um grupo denominado Ansar al Khilafah Brazil, que seria a “filial” ao auto-proclamado Estado Islâmico (Isis) no Brasil.
Na mensagem, o grupo convoca lobos solitários a realizarem atentados terroristas no Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos Rio 2016. Os lobos solitários são os simpatizantes do movimento, que de forma independente organizam as ações em nome da facção.
Na mensagem interceptada pela SITE, os terroristas ironizaram as forças de segurança brasileiras, assim como o exército francês, em referência aos três atentados terroristas que ocorreram no país europeu nos últimos 18 meses, sendo o mais recente no dia 14 de julho, em Nice.
“Se os soldados franceses falharam na prevenção ao ataque terrorista na França, porque não testarmos a polícia brasileira”, diz a mensagem do Ansar al Khilafah Brazil, publicada no Telegram, em tradução livre.
Além disso, a Al Qaeda também teria questionado seus seguidores, novamente pelas redes sociais, sobre quais delegações deveriam sofrer atentados enquanto participariam das Olimpíadas no Brasil, de acordo com a jornalista iraniana Lisa Daftari, que é referência internacional em cobertura de atentados.
Entre os alvos, estariam as delegações israelense, britânica, francesa, norte-americana, além dos turistas que visitarão o País ao longo dos Jogos.
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) diz que investiga as ameaças, mas diz que garante a segurança de todos os presentes nas Olimpíadas. Confira o comunicado:
“Todas as ameaças relacionadas aos Jogos Rio 2016 estão sendo minuciosamente apuradas, em particular as relacionadas ao terrorismo. Muitas são descartadas e as que merecem atenção são exaustivamente investigadas.
Devido à sensibilidade do tema, as ameaças são tratadas, de forma integrada, pelas unidades especializadas de enfrentamento ao terrorismo dos três eixos responsáveis pela Segurança dos Jogos Rio 2016 – Inteligência, Segurança Pública e Defesa.
Os órgãos responsáveis pelo planejamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos reafirmam seu compromisso com a garantia integral da segurança de todos os presentes ao grande evento”.
Estudos de segurança
Na última semana, a Abin informou que concluiu 63 relatórios de Avaliações de Riscos voltados à Segurança dos Jogos Rio 2016. O número foi divulgado pelo diretor-geral da ABIN, Wilson Roberto Trezza.
As análises identificam possíveis ameaças a locais de competições e a instalações ligadas ao dia a dia dos Jogos: estádios, ginásios, hotéis, aeroportos, rodovias, centros de treinamento, Vila dos Atletas.
“Com base nessas avaliações de risco, são feitos os planejamentos das ações de defesa e de segurança para as Olimpíadas”, afirma Trezza.
Além disso, nesta quinta-feira, 21, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, visitará a estrutura destinada às atividades de segurança viária, controle de tráfego, segurança e proteção de chefes de Estado dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2016.
Atentados nos Jogos Olímpicos
Ao longo dos 120 anos de história, houve dois atentados terroristas cujo alvo foram as Olimpíadas. Em 1972, integrantes da Organização Setembro Negro, ligada à Organização para Libertação da Palestina, assassinaram 11 membros da delegação israelense que participava dos Jogos em Munique, na Alemanha. Além dos atletas e treinadores, um policial alemão também foi morto.
Porém, o único atentado praticado por um lobo solitário ocorreu nos Jogos de Atlanta, em 1996, quando uma bomba explodiu no centro da cidade de 600 mil habitantes, tamanho similar ao de Ribeirão Preto, matando uma mulher, e deixando 111 pessoas feridas.
O autor do ataque foi um fundamentalista cristão, Eric Rudolph, contrário ao aborto, e membro de grupos racistas no sul dos Estados Unidos, onde a segregação racial é ainda muito presente. Rudolph só foi identificado em 2003.
Foto: Reprodução Internet