
Jair Bolsonaro e João Doria vencem com ampla vantagem em Ribeirão Preto
Quase um quarto do eleitorado da cidade não foi às urnas, totalizando 105,5 mil abstenções
Os candidatos eleitos nesse domingo, 28, Jair Bolsonaro (PSL) e João Doria (PSDB), venceram com ampla vantagem em Ribeirão Preto. Os novos presidente da República e governador do Estado de São Paulo tiveram, respectivamente, a aprovação de 72,27% e 59,77% do eleitorado no município.
Jair Bolsonaro venceu em todas as quatro zonas eleitorais da cidade, com diferença mínima de 27,9 mil votos, na Zona Eleitoral 108, que engloba os bairros da região Centro e Sul, incluindo Vila Virgínia e Parque Ribeirão. Já a Zona 305, que abrange os bairros Ribeirão Verde, Ribeirânia e City Ribeirão, registrou a maior vantagem: o presidente eleito atingiu 39,9 mil votos a mais do que o adversário.
Para o Governo do Estado de São Paulo, também houve vantagem superior à votação total paulista. João Doria superou Márcio França (PSB) em todas as zonas eleitorais de Ribeirão Preto. O tucano totalizou 166,7 mil votos - 54,5 mil a mais do que o concorrente na cidade. A Zona Eleitoral que registrou maior diferença entre os dois candidatos foi a 305, com 19,8 mil votos a mais para Doria.
De acordo com o cientista político Luiz Rufino, essa expressiva vantagem no interior do Estado, de ambos os candidatos de direita, se dá para suprir a ausência de Geraldo Alckmin (governador anterior) em São Paulo. “Diferente da capital, que é progressista – uma nova forma de se dizer esquerda –, o interior é conservador. Com a perda do seu representante, que era Geraldo Alckmin, tiveram de optar por Bolsonaro e, na sequência, o próprio Doria. Isso não é novo, se olharmos as eleições antigas iremos entender o motivo do PSDB ficar mais de 20 anos no governo. Com o aparecimento de candidatos que defendem, como o Doria disse, 'uma descida do muro', ou seja, irão se posicionar, a população entendeu que esses seriam os candidatos que substituiriam a ausência do Alckmin”, disse Rufino.
O dado que chama atenção nas apurações no município é o número de eleitores que não votaram – quase um quarto do eleitorado ribeirãopretano, composto por mais de 400 mil eleitores, não foi às urnas, totalizando 105,5 mil abstenções. Além disso, os números de votos brancos e nulos somaram 40,4 mil e 58,9 mil nas votações para presidente e para governador, respectivamente.
Em relação às ausências, o também cientista político Marcos Candeloro afirma que o alto índice de abstenções é natural nas democracias contemporâneas. “Isso é reflexo do descolamento objetivo da política com sua base eleitoral. Embora o voto seja obrigatório, o comparecimento nas urnas depende do engajamento eleitoral. Este, por sua vez, somente é criado em situações em que o eleitor se sente identificado com o processo e seus participantes, o que não é o caso. Elucida bem a questão o número de parlamentares da região eleitos neste último pleito”, disse Candeloro, em referência ao fato de apenas cinco candidatos a deputados estaduais e federais terem sido eleitos na região de Ribeirão Preto.
Sob supervisão de Marina Aranha.
Foto: Nelson Jr./ ASICS/TSE