Passageiros "fogem" dos terminais durante greve dos motoristas de ônibus em Ribeirão Preto
Movimento no Terminal da Praça da Bandeira foi fraco na manhã desta terça-feira, 21

Passageiros "fogem" dos terminais durante greve dos motoristas de ônibus em Ribeirão Preto

Estações do Centro ficaram vazias no primeiro dia de paralisação, nesta terça-feira, 21

*Atualizado às 15h15 desta terça-feira, 21 de junho, para inclusão de novo posicionamento do Consórcio PróUrbano.


A greve dos motoristas de ônibus do transporte coletivo de Ribeirão Preto começou nesta terça-feira, 21. Nos terminais de ônibus do Centro da cidade, o movimento de passageiros aguardando por coletivos foi fraco durante a manhã. A paralisação foi anunciada na última sexta-feira, 17, após impasse entre os condutores e as empresas do Consórcio PróUrbano por reajustes em benefícios, e confirmada nesta segunda-feira, 20.

 

Segundo o Seeturp (Sindicato dos Empregados do Transporte Urbano de Ribeirão Preto), nenhum dos 340 ônibus do transporte coletivo municipal saiu da garagem na manhã de hoje. Durante uma reunião com o sindicato das empresas de ônibus, na semana passada, foi concedido o reajuste salarial de 12,47%. No entanto, os condutores rejeitaram contraproposta patronal e reivindicam maiores reajustes no vale-alimentação e no Programa de Participação de Lucros e Resultados (PLR).

 

A reportagem da Revide visitou o Terminal da Praça da Bandeira, na Rua Américo Brasiliense, próximo à Catedral Metropolitana, por volta das 9h30 desta terça-feira, 21, mas nenhum coletivo passou pelo local. Na estação, estavam apenas ambulantes e moradores de rua. Apesar da falta dos ônibus, os painéis informativos com os horários de chegada dos coletivos estavam funcionando e apontavam esperas de até 99 minutos, que não se concretizaram.

 

Plataformas vazias

Já no Terminal Evangelina de Carvalho Passig, próximo à Rodoviária, o movimento de passageiros foi um pouco maior, mas ainda assim fraco. Por volta das 10h, menos de 10 pessoas aguardavam ônibus nas Plataformas H e I, pontos de parada de linhas com destino às zonas Oeste e Leste de Ribeirão Preto. A professora Elisabete Cardoso veio de Jaboticabal e trabalha em uma escola no Complexo Ribeirão Verde, e relatou que já sabia da possibilidade de greve dos ônibus nesta terça-feira, mas não tinha expectativa de que a paralisação fosse confirmada. "Estava sabendo por cima, porque eles não davam decisão certa. Ficou complicado. Eu trabalho à tarde e vou precisar pegar um mototáxi [para chegar ao trabalho]", afirma Elisabete.

 

Ainda no Terminal Evangelina, o aposentado João Pereira de Jesus, de 77 anos, ficou sabendo da greve apenas ao ser perguntado pela reportagem da Revide. O idoso contou que foi levado pelo filho no início da manhã para buscar uma guia médica de exames na Santa Casa de Ribeirão Preto, e caminhou dos Campos Elíseos ao Centro para pegar um ônibus com destino ao Parque Ribeirão, onde mora. Ele disse ainda que estava acompanhando os painéis informativos, mas se surpreendeu quando um dos coletivos, que apontava estar próximo do terminal, não apareceu. "Estou há meia hora esperando e não estava sabendo da greve. Vim da Avenida Saudade até aqui. Agora, vou ter que chamar o mototáxi, que é caro", aponta João.

 

Outro lado

Em nota, o Consórcio PróUrbano afirmou na noite desta segunda-feira, 20, que "entende que a proposta feita foi justa, tendo em vista a situação econômica do país, foi de acordo com a inflação, e mesmo assim o Sindicato dos Motoristas não aceitou". O Consórcio disse, na tarde desta terça-feira, 21, que entrou com pedido de liminar em caráter de urgência no Tribunal Regional do Trabalho, em Campinas, para garantir frota mínima nas ruas de Ribeirão Preto, e que espera uma decisão até o final da tarde de hoje.

 

Já a Transerp, responsável pela fiscalização do transporte coletivo em Ribeirão Preto, informou que está acompanhando as negociações entre o consórcio e o sindicato. A Prefeitura de Ribeirão Preto disse, também, que as empresas responsáveis pelo transporte coletivo devem cumprir a legislação e circular com percentual de 40% dos ônibus para que não haja prejuízo aos usuários do transporte coletivo. A Secretaria da Administração afirmou que já emitiu notificação e aplicou as medidas jurídicas cabíveis para que os ônibus circulem o quanto antes nas ruas.


Foto: João Pala

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