Pediatra não sabe o que pode ter causado a morte do bebê Lorenzo
A penúltima profissional a atender o bebê Lorenzo foi ouvido pela CPI da Saúde

Pediatra não sabe o que pode ter causado a morte do bebê Lorenzo

Audiência da CPI da Saúde foi realizada na tarde desta quinta-feira, 9

A penúltima profissional a atender o bebê Lorenzo de oito meses, que morreu no dia 25 de fevereiro em Ribeirão Preto, afirmou desconhecer os motivos que levaram à morte da criança. A pediatra Maria Luiza Santos Cerqueira Lima foi ouvida na tarde desta quinta-feira, 9, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde que investiga a morte da criança após atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBDS) do bairro Quintino Facci II.

A CPI é composta pelos vereadores Orlando Pesoti (PDT), Igor Oliveira (MDB) e Isaac Antunes (PR). Um dos principais pontos levantados pelos vereadores foi a falta de exames mais aprofundados sobre o estado de saúde da criança e a medicação aplicada.

A pediatra foi indagada se conhecia os motivos que teriam levado a criança ao óbito. “Não sei o que aconteceu. Na minha avaliação clínica, a criança não apresentava sinais de gravidade”. A profissional descartou totalmente as hipóteses levantadas pelos vereadores de que a morte tenha relação com o medicamento, ou com o vírus da dengue e o H1N1.

Por outro lado, um assunto causou discordância entre os depoimentos apresentados. Na última oitiva, no dia 18 de abril, a mãe de Lorenzo assegurou que disse à pediatra que o filho fazia uso de medicamento contínuo para tratar a anemia falciforme. Todavia, durante a reunião desta quinta-feira, 9, Maria Luiza negou que tenha sido alertada sobre a medicação. Apesar disso, a profissional descarta que a reação entre os medicamentos possa ter alguma relação com a morte.

Segundo relato da mãe, ela  levou o filho à UBDS após ele apresentar um quadro de vômito e febre. Com isso, Maria Luiza aplicou o medicamento bromoprida e a liberou. Horas após o atendimento, Lorenzo faleceu. Apesar do medicamento não ser recomendado para menores de 1 ano de idade segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela própria bula do remédio, existem estudos que indicam formas de prescrever a medicação para bebês.

Segundo uma especialista ouvida pela reportagem do Portal Revide, o medicamento tem uma orientação de atenção quanto à aplicação em bebês. Como este tipo de medicamento não é testado em crianças da faixa etária de Lorenzo, os médicos devem ficar atentos quanto ao uso. Contudo, o remédio é comumente usado nesse tipo de situação.

O que se sabe até agora
- Lorenzo possuía um quadro de anemia falciforme, e fazia uso contínuo do medicamento Fenoximetilpenicilina.

- Na quinta-feira, 21, Lorenzo apresentou quadro de febre alta. Foram solicitados exames na UBDS do Quintino II.

- Na sexta-feira, 22 de fevereiro, a criança retornou ao hospital com um quadro febre alta e vômito. Lorenzo deu entrada às 20h56. A medicação  foi aplicada às 21h40.

- Nos exames ficou constatado que a criança possuía uma possível infecção gastrointestinal. Para isso, foi aplicada uma injeção de bromoprida e a indicação do uso de soro fisiológico.

- Às 3h da manhã do sábado, a criança voltou a passar mal. 

- Ao levar a criança para a UBDS, ela foi transferida logo na sequência à Unidade de Pronto Atendimento da 13 de maio.

- Pouco tempo depois, Lorenzo faleceu.

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Foto: Allan S. Ribeiro/Câmara Ribeirão

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