Ribeirão Preto é uma das 19 cidades do estado em alerta para dengue tipo 2
O coordenador de controle de doenças do estado informa que as vacinas não são eficazes

Ribeirão Preto é uma das 19 cidades do estado em alerta para dengue tipo 2

De um total de 645 municípios, cidade está na lista com maior gravidade na circulação do vírus

A cidade de Ribeirão Preto é uma das 19 do Estado de São Paulo em alerta para a dengue tipo 2. Dos 645 municípios do estado, Ribeirão está entre os registraram sorotipo 2 da doença, um vírus mais grave que circula no mosquito Aedes Aegypti.

Desde 2016, apenas o sorotipo 1 da dengue circulava nos municípios paulistas. Pessoas infectadas por sorotipos diferentes em um período de seis meses a três anos podem ter uma evolução para formas mais grave da doença.

De acordo com o Governo do Estado, foram contabilizados 610 casos de dengue até o dia 15 de janeiro no estado. Em Ribeirão Preto, nos 28 primeiros dias de 2018, o número de confirmações de dengue é de 52, mas 249 situações de possível contaminação do vírus já são verificadas.

 “Apesar de não ser ainda a maioria dos casos, ele [dengue tipo 2] está circulando já de maneira mais consistente”, informou  o infectologista Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde.

Dentre todos os municípios paulistas, o sorotipo 2 foi detectado em Andradina, Araraquara, Barretos, Bauru, Bebedouro, Catanduva, Espírito Santo do Pinhal, Indiaporã, Ipiguá, Itajobi, Mirassol, Pereira Barreto, Piracicaba, Pirangi, Ribeirão Preto, Santo Antônio de Posse, São José do Rio Preto, Uchoa e Vista Alegre do Alto.

Ele disse que a dengue tipo 2 não é “especialmente pior”. O risco está relacionado à superposição de vírus. “Estava circulando o tipo 1 até agora, e quando circula um tipo e aparece um novo sorotipo do vírus, pode ser 2, 3 ou 4, no caso é o 2, aí pode ter uma evolução para maior gravidade para quem já teve dengue 1”, explicou.

O infectologista esclareceu que não é mais utilizada a nomenclatura dengue hemorrágica, pois nem todos os casos graves de dengue evoluem com hemorragia. Segundo Boulos, as equipes de saúde das cidades em que a circulação do tipo 2 foi identificada estão sendo orientadas a dar uma assistência mais cuidadosa aos pacientes com suspeita da doença.

“Em um caso de dengue no ano passado, quando só circulava o tipo 1, se o paciente estava bem, se tomava líquido mandava para casa e, se tivesse alguma coisa, voltaria. Hoje, para fazer isso, eu tenho que ter convicção. Talvez, ficar mais tempo com o paciente no hospital para acompanhar a evolução”, explicou.

O infectologista disse que não há uma explicação para o início da circulação do novo sorotipo. “É aleatório. Esses vírus circulam no mundo todo. Se vem uma pessoa que está com dengue 2 ou 3 e ele é picado pelo vetor, pode replicar esse vírus”, explicou. A melhor forma de prevenção, portanto, independentemente do sorotipo, é evitar a proliferação do mosquito.

De acordo com Boulos, há quatro sorotipos de dengue, sendo que três deles circulam no Brasil. Em São Paulo, neste momento, circulam os sorotipos 1 e 2. “Houve uma detecção do tipo 3 agora na região de Araçatuba, mas um caso só. Então se for causar problema, é daqui 2 ou 3 anos, agora não. Nós não temos o 3”, destacou.

O secretário de Saúde do Estado de São Paulo, José Henrique Germann, ao lado do infectologista Marcos Boulos

Prevenção em vacina

Em entrevista coletiva, concedida via internet, Boulos afirmou que a vacina contra a dengue não funciona. “A vacina não é eficaz. Ela teve até a produção diminuída, pois uma análise mostrou que ela não é capaz de combater o vírus e inclusive dá problemas em pessoas que nunca tiveram dengue. Por isso ela não é indicada como rotina em regiões que 100% das pessoas não foram atingidas. Ela pode reduzir a gravidade em apenas 60%”.

Segundo ele, o Instituto Butantan já está em um processo de uma vacina capaz de combater 80% do vírus no corpo humano, mas o processo é lento. “Existe uma vacina em elaboração do que aparentemente será melhor. Ela já tem uma eficaz que mostra que ela protege em 80% com uma única dose, mas ela ainda não está pronta. Vai demorar por volta de 2 anos. Então a vacina não é uma saída. Neste momento, temos que controlar os vetores”, finaliza.

 


Foto: Divulgação

Compartilhar: