A gêmea nascida só

A gêmea nascida só

Obra escrita pela consteladora sistêmica de Ribeirão Preto, Ana Lucia Braga, apresenta situações traumáticas que podem ser vivenciadas desde o útero

Por meio de palavras simples e ilustrações que chamam a atenção tanto de crianças quanto de adultos, a consteladora sistêmica, Ana Lucia Braga, lança, neste mês, em Ribeirão Preto, o livro "A gêmea nascida só”.  Publicada pela Editora Artera, e ilustrado por Karen Martinez, a obra apresenta uma visão diferente sobre a vida ainda dentro do ventre materno. Na visão dos estudiosos da Constelação Familiar, são esses tipos de vivências, desde o útero até o indivíduo no ambiente externo dele, que criam conflitos e sofrimentos individuais por meio da história familiar.  O lançamento será on-line, na quinta-feira, 7, às 18h30. O livro já está disponível para compra on-line.

Do que se trata o livro? O livro explica como a vida se originou no ventre materno, aquela vida que começa com tantos pequeninos organismos embrionários, os nossos irmãos gêmeos, que depois, pouco a pouco, desaparecem, nos deixando sozinhos para seguir o caminho na direção do nascimento, levando conosco determinadas matrizes relacionais que, na vida, se revelarão verdadeiros automatismos comportamentais. E ali, no útero, vivenciamos muitos traumas de perdas que afetam o indivíduo no psicológico e na memória corporal.  

Como foi o processo de escrita?

Escrever o livro foi muito rápido. Na verdade, ele é uma história infantil contada a partir das minhas experiências nas aulas sobre o sistema Gemelar da consteladora sistêmica Graziella Concetta Freni. Foi uma experiência muito intensa. De acordo com o que ela ia passando nas aulas, e eu me sentia sensibilizada, ia escrevendo uma carta para os meus irmãos gêmeos, os chamados irmãos espelhos, pequenos organismos embrionários.  

Qual mensagem busca passar?

A mensagem principal é de que nós, no aqui e agora, estamos fora do útero. Não precisamos mais vivenciar aqueles traumas de perda dentro dele. Fora do útero somos um sucesso, e temos a possibilidade de viver uma vida e tomar nossa vida com garra e força, oferecendo nosso sucesso aos nossos irmãos que não tiveram a mesma sorte que nós. 

Como você resumiria a Constelação Sistêmica?

A constelação ela é uma intervenção terapêutica. Ela trata de situações que muitas vezes são resistentes às terapias convencionais. Porque ela não olha para você apenas como um indivíduo, mas como alguém que faz parte de um sistema. Um sistema que começa muito antes de você. Na Constelação Familiar, nós partimos do princípio de que você é o último que está chegando no sistema.  Entendemos que os indivíduos se emaranham com esses outros elementos do sistema e com os eventos traumáticos passados. Esses traumas tiram o seu equilíbrio e te fazem pagar a conta. Por isso, devemos olhar para tudo aquilo eu veio antes de nós e colocar as coisas em ordem. Até por um sentimento de gratidão por receber algo tão precioso como é a vida.

Segundo Bert Hellinger – principal sistematizador desse trabalho –, existem três grandes ordens na Constelação Sistêmica: o equilíbrio entre o “dar” e o “rebecer”; a hierarquia, que é a ordem de chegada na família; e o pertencimento, que afirma que todos temos o direito de fazer parte desse sistema, dessa família. Por isso, quando existe uma exclusão ou um desequilíbrio nesse sistema familiar, por exemplo, com os filhos querendo desempenhar o papel dos pais, temos um sofrimento, um sofrimento sistêmico. A Constelação Sistêmica te possibilita acessar esse tipo de informação.  Atualmente, diversas áreas se beneficiam dessa prática, a psicoeducação, o Direito na resolução de conflitos, entre outros. 

E o Sistema Gemelar?

Ele foi desenvolvido por autores que perceberam a fragilidade de alguns clientes que compartilhavam de sintomas muito semelhantes. Esses sintomas, tinham a ver com um gêmeo que havia morrido ainda no útero. Atualmente, sabemos que isso é muito comum, inclusive, com diversos casos de pessoas que absorveram partes do corpo desse gêmeo. Há uma solidão, um sentimento de perda e de incompletude que essas pessoas não fazem ideia da origem.  E o trabalho do sistema gemelar atua nesse lugar. Quando estamos no útero e possuímos apenas o tronco cerebral – ou seja, não temos pensamento, linguagem etc. – somos afetados apenas por sensações físicas. Essas sensações criam uma memória celular. É ali que começam muitos traumas.  É disso que trata o Sistema Gemelear, desses traumas de perda. Utilizamos técnicas para que as pessoas vivenciem fisicamente muitas das situações que foram vivenciadas lá no útero. Dessa forma, é possível trazer para a consciência que tudo isso que vivenciamos foi dentro do útero e que, a partir de agora, estamos do lado de fora. O método dela envolve um trabalho embaixo de um véu com representantes ou com outros materiais. Além de modelos gráficos para o paciente entender a sua relação no sistema familiar. 


Fotos: Divulgação

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