Especialistas respondem dúvidas de leitores sobre a vacinação infantil em Ribeirão Preto
Perguntas sobre a vacinação infantil foram enviadas nas redes sociais da Revide
A vacinação infantil tem avançado em Ribeirão Preto e auxiliado no combate a Covid-19. Contudo, ainda desperta dúvidas em alguns pais, mães e responsáveis.
A necessidade de esclarecimentos sobre os benefícios da vacina foi tamanha, que o profissionais do Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP elaboraram um manifesto reforçando a importância da imunização. O documento foi apresentado nessa quinta-feira, 10.
Para auxiliar os leitores, a Revide abriu um espaço em seu perfil no Instagram e no Whatsapp para receber as dúvidas sobre a vacinação infantil. Procuramos médicos infectologistas para responder as perguntas selecionadas. Confira abaixo.
As perguntas a seguir fora enviadas por leitores da Revide.
Meu filho tem 10 anos e ficou dois anos sem frequentar as aulas presenciais do ensino fundamental. Ele tomou a primeira dose da coronavac infantil e eu tenho medo de mandar ele para a escola sem estar com o esquema vacinal completo, estou errada? Devo mandar ele mesmo sem a segunda dose?
"As crianças, assim como os adultos, começam a produzir anticorpos em níveis de proteção em torno de duas semanas após a vacinação. É claro que com a segunda dose existe um reforço na produção desses anticorpos. Entretanto, isso não quer dizer que somente após a segunda dose haverá proteção.
Eu acredito que a senhora deva sim mandar a criança para a escola dado os benefícios que a escola vai trazer para o seu filho e dada a condição que ele já tem uma certa proteção e a probabilidade maior, caso ele venha a ser infectado, é que ele tenha uma infecção leve e isso não deverá comprometê-lo", Marisa Mussi, professora titular de pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
Há risco de miocardite após a aplicação da vacina?
“Os poucos casos relatados evoluíram de maneira branda, com reversão total dos sintomas. E não há caso relatado de morte relacionada a miocardite causada pela vacina em crianças”, Ana Paula Carlotti, professora associada do Departamento de Puericultura e Pediatria e chefe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do HC.
As crianças desenvolvem sintomas leves de Covid-19. Vale a pena correr o risco de expô-las ao vírus inativado da vacina? A chance de efeito colateral não é maior do que a de ficar doente com a Covid-19?
"Não. Primeiro, vale a pena que as crianças sejam vacinadas. A maioria das crianças têm sintomas leves, mas uma parte delas adoecem com gravidade. Metade das crianças que adoeceram com gravidade aqui no HC em janeiro não foi um número pequeno e eram crianças que não tinham doenças prévias e não tinham vacina. Então, a vacinação ela é eficaz para a indução de boa resposta imunológica de anticorpos e ela é segura.
Os dados que se tem em relação as duas disponíveis, tanto a Coronavac, quanto a vacina da Pfizer são de muita grande segurança. Se a gente pensar, na margem de segurança, quantas crianças vacinadas tiveram tal efeito colateral e comparar com quantas crianças não vacinadas tiveram aquela mesma doença, os dados mostram, que até entre 10 e 20 vezes mais crianças tiveram complicações cardíacas com a própria doença Covid, em relação a vacina Covid dando problemas cardíacos, que é um grande medo da população. Então, as crianças correm mais riscos de ter miocardite pela Covid do que pela vacina", Sonir Antonini, professor e chefe do Departamento de Puericultura e Pediatria da USP.
A vacinação infantil é obrigatória? Se eu não quiser vacinar os meus filhos eu corro o risco de perder a guarda dos meus filhos?
"Vacinas aprovadas pelas autoridades sanitárias e inseridas no Plano Vacinal, são obrigatórias, segundo a legislação. É o caso dos imunizantes para a Covid-19, aprovados pela ANVISA e inseridas dentro do Plano de Imunização.
Os pais não têm a opção de não-vacinar seus filhos, salvo se por contra-indicação de saúde prevista na bula do imunizante, respaldada por médico. O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu (antes mesmo da vacinação contra COVID) que os pais não podem se negar a vacinar seus filhos por motivos ideológicos. E sim, se os pais resistirem a vacinarem seus filhos podem, como última medida, até mesmo perder a guarda de seus filhos e sofrer processo criminal.
Vale ressaltar: os filhos não são objetos que os pais podem fazer o que bem quiserem; crianças devem ser cuidadas e resguardadas de perigos. Se as autoridades identificam que os pais não cuidam bem de seus filhos, devem tomar medidas para garantir o melhor interesse da criança. Isso não vale apenas por conta de eventual recusa de vacina do COVID, mas toda e qualquer outra circunstância que leve em conta o descaso dos responsáveis - sempre foi assim e não existe motivo jurídico diferente para este caso". Luiz Eugênio Scarpino Jr., advogado e professor de Direito
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Foto: Pixabay (Imagem ilustrativa)
