Estudos confirmam segurança de vacina testada pela USP de Ribeirão Preto
Dimas Covas, Diretor do Instituto Butantan

Estudos confirmam segurança de vacina testada pela USP de Ribeirão Preto

Segundo Governo do Estado de São Paulo, Coronavac mostrou reações leves em apenas 35% dos 9 mil voluntários

Os testes da Coronavac, que envolveram cerca de 500 voluntários em Ribeirão Preto, confirmaram que a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, é a mais segura em fase final de testes no Brasil. Índices sobre a eficácia da vacina, porém, devem ser divulgados até o final deste ano. 

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Segundo o Governo do Estado de São Paulo divulgou em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 19, os estudos clínicos com 9 mil voluntários com idade entre 18 e 59 anos em todo país mostram que apenas 35% tiveram reações adversas leves após a aplicação, como dor no local da aplicação ou dor de cabeça. Não houve qualquer registro de efeito colateral grave durante a testagem.

“Os primeiros resultados dos estudos clínicos realizados no Brasil comprovam que, entre todas as vacinas testadas no país, a Coronavac é a mais segura, a que apresenta os melhores e mais promissores índices no Brasil. É, de fato, a vacina mais avançada neste momento”, declarou o governador do Estado de São Paulo. “A vacina do Butantan foi a que apresentou menor índice de efeitos adversos e melhores resultados até o presente momento”, disse João Doria (PSDB).

Reações

O desenvolvimento da vacina no Brasil foi iniciado em julho, por meio de parceria entre a biofarmacêutica Sinovac Life Science, com sede em Pequim, e o Butantan. A Coronavac é um dos imunizantes mais promissores em fase final de estudo em todo o mundo e produzida com base em tecnologia similar à de outras vacinas produzidas com sucesso pelo Butantan.

As reações mais comuns entre os participantes do estudo após a primeira dose foram dor no local da aplicação (19%) e dor de cabeça (15%). Na segunda dose, as reações adversas mais comuns foram dor no local da aplicação (19%), dor de cabeça (10%) e fadiga (4%). Febre baixa foi registrada em apenas 0,1% dos participantes e não há nenhum relato de reação adversa grave à vacina até o momento.

O estudo no Brasil foi iniciado em 21 de julho e prevê a participação total de 13 mil voluntários, todos profissionais da saúde que atuam no atendimento a pacientes com Covid-19. Eles estão sendo acompanhados pelos 16 centros de pesquisa distribuídos, além de Ribeirão Preto, por sete estados e o Distrito Federal.

A partir deste mês, a testagem do potencial imunizante contra o coronavírus está sendo ampliada para voluntários idosos, portadores de comorbidades e gestantes. “A vacina Butantan é a mais segura em termos de efeitos colaterais. É a vacina mais segura neste momento não só no Brasil, mas no mundo”, afirmou Dimas Covas, Diretor do Instituto Butantan.

Dados sobre a eficácia, porém, ainda não foram divulgados. Ainda segundo a coletiva de imprensa desta segunda, até o final do ano os índices de eficácia da vacina contra a doença devem ser constatados. 

José Medina, coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 no estado, diz que os índices de eficácia dependem da incidência da doença entre os dois grupos que participaram dos testes, pessoas que receberam de fato as doses da vacina e as que receberam o placebo. "Essa diferença depende da dinâmica da pandemia. Então, estamos no caminho para obter esses números", explicou. 

Durante a coletiva, o governado João Dória foi questionado sobre o posicionamento do presidente Bolsonaro, sobre a não obrigatoriedade da vacina. Na última semana, Doria disse que a aplicação vacina deverá ser compulsória no estado. "O Brasil precisa, mais do que nunca, de paz, amor e vacina, para salvar vidas. Então, como eu sou a favor da paz, do amor e da vida, eu entendo que a vacina deve ser aplicada a todos os brasileiras, pois é necessária para salvar vidas. Não estamos em uma corrida eleitoral ou ideológica. Estamos em uma corrida para salvar vidas. Eu estarei ao lado dos médicos e cientistas que querem salvar vidas", disse. 

Cronograma

Até dezembro, o Butantan receberá 46 milhões de doses da Coronavac, sendo 6 milhões de doses da vacina já prontas para aplicação. Outras 15 milhões de doses devem chegar até fevereiro de 2021.

Segundo o governo do estado, a vacina desenvolvida entre a Sinovac e o Butantan é uma das mais promissoras do mundo. Ela utiliza tecnologia já conhecida e amplamente aplicada em outros imunizantes produzidos pelo Butantan.


Foto: Reprodução / Governo do Estado de São Paulo

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