Grupos antivacina começam campanha de desinformação contra vacina da Covid-19, alertam pesquisadores
A União Pró-Vacina observou os dois maiores grupos antivacina do Facebook brasileiro e trouxe conclusões alarmantes

Grupos antivacina começam campanha de desinformação contra vacina da Covid-19, alertam pesquisadores

Páginas que propagam informações falsas sobre vacinas têm mais visualizações do que instituições médicas e científicas

Dois estudos conduzidos de maneira paralela revelam que grupos antivacina já começaram uma campanha de desinformação contra as vacinas que estão sendo desenvolvidas contra a Covid-19.

Um dos estudos foi conduzido pelo movimento cívico global Avaaz e o outro pela União Pró-Vacina, um grupo de estudos interdisciplinar de acadêmicos da USP.

A União Pró-Vacina observou os dois maiores grupos antivacina do Facebook brasileiro e trouxe conclusões alarmantes: nos últimos 3 meses, houve um aumento constante na publicação de conteúdos de desinformação contra a vacina para o coronavírus – 383% de maio a julho – apontando para uma tendência de futuro crescimento. 

Identificou-se que 35% desses boatos foram importados (compartilhadas em língua estrangeira ou em tradução quase literal), sendo inglês, espanhol, italiano e russo os idiomas que mais geraram conteúdos replicados no Brasil.

Um dos principais achados do estudo foi a constatação de que os dez maiores sites de boatos sobre saúde alcançaram quatro vezes mais visualizações do que os das dez principais instituições de saúde, incluindo a OMS e o CDC, durante o mesmo período. 

A Avaaz identificou que a maioria das informações falsas sobre saúde analisadas não tinha nenhum alerta do Facebook, apesar de aqueles conteúdos terem sido verificados por instituições independentes de prestígio.

PL das "Fake News"
Em Brasília, a discussão sobre um projeto de lei que discute as notícias falsas tem gerado polêmica. Segundo o Avaaz, o projeto não combate os impactos de conteúdos desinformativos cujo dano não se enquadrem aos crimes descritos no PL. 

"Na sua forma atual, por exemplo, o projeto não protegeria a maioria dos cidadãos contra notícias falsas sobre a pandemia da COVID-19, prejudicando o direito fundamental à saúde", declarou o Avaaz.

Por isso, os pesquisadores da Avaaz e da União Pró-Vacina recomendam a inclusão de um mecanismo de reparação de danos individuais e coletivos com a distribuição de fatos para todos os usuários expostos às fake news. 

Quando disponíveis, as informações com fatos serão fornecidas por fontes transparentes e independentes, sem que nada seja apagado, e cada cidadão poderá decidir por conta própria no que acreditar, respeitando suas visões individuais
de mundo. 

Dessa forma, segundo os pesquisadores, não haveria nenhum dano à liberdade de expressão, uma vez que nenhum conteúdo seria removido por meio desse mecanismo. E não haveria prejuízo ao Judiciário caso um usuário ainda sentisse a necessidade de outros tipos de reparação.


Foto: Robsorn Valverde-SES-SC/ Divulgação

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