Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto aplicou primeira dose da CoronaVac nesta quinta-feira, 30

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto aplicou primeira dose da CoronaVac nesta quinta-feira, 30

Ainda em fase de testes, vacina que poderá prevenir a Covid-19 foi aplicada em dez voluntários

Nesta quinta-feira, 30, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto aplicou a primeira dose da CoronaVac, a vacina criada com a intenção de prevenir a Covid-19, causada pelo novo coronavírus. Ainda em fase de testes, as doses foram ministradas em dez voluntários da área da saúde. Ao longo do estudo, 500 profissionais de Ribeirão Preto receberão a vacina. Ao todo, 9 mil voluntários participam do experimento em todo o País.

Segundo o coordenador da pesquisa em Ribeirão Preto, o professor Eduardo Barbosa Coelho, os voluntários precisaram passar por testes para detectar se já foram infectados pelo coronavírus. Somente indivíduos que não tiveram contato com o vírus podem participar do teste. Após isso, o voluntário assina um termo de consentimento e recebe o medicamento. Antes de ir embora, ele ainda deve ficar uma hora sob observação.

Dos 500 voluntários, 250 receberão o medicamento e outros 250 receberão um placebo, ou seja, uma substância que não apresenta nenhum tipo de interação com o organismo. Os voluntários não serão informados, a princípio, se receberam a vacina ou o placebo.

Após a aplicação, eles serão acompanhados de perto pela equipe do HC, com retornos a cada semana para serem testados. Ao final do estudo, se ficar comprovado que a doença se manifestou apenas em pacientes do grupo que recebeu o placebo, a vacina poderá ter sua eficácia comprovada. Os primeiros a receberem as doses, após comprovada a eficácia, serão os voluntários que estiveram no grupo placebo.

Coelho explica que o estudo pode durar até um ano, mas que pode ser interrompido antes disso. Essa antecipação pode ocorrer em dois momentos distintos. O primeiro é quando forem detectados 150 casos confirmados de Covid-19, dentro da amostra de 9 mil voluntários. Caso isso ocorra, os pesquisadores irão pausar o experimento e analisar a se a vacina funcionou no outro grupo. Um segundo momento em que essa pausa analítica ocorrerá será um mês após a vacinação do último voluntário.

Apesar da possibilidade de que o estudo avance por 2021, o médico responsável pelo experimento em Ribeirão Preto se diz otimista. "Estou extremamente otimista. Todos nós que estamos na área de saúde estamos dando o nosso melhor. Essa é a grande vantagem de estarmos em uma cidade que tem uma faculdade de medicina e uma instituição como a USP. Certamente, se a vacina funcionar, temos um mecanismo de diminuir a propagação do vírus", declarou.

Coelho também argumenta que a notícia de que a vacina funciona poderá elevar o otimismo da economia. "Uma notícia dessas impacta em tudo. Certamente o mercado econômico vai reagir de uma forma positiva", disse o médico. 

A técnica em enfermagem, Juliana Soares, foi uma das voluntárias e acredita que esse gesto é uma forma de ajudar o próximo."Para mim esse momento significa poder ajudar o próximo. É uma luz no fim do túnel", comenta a técnica.

Já a médica Lorena Soares, que também foi voluntária, diz que ficou receosa no início, mas que topou participar do experimento que pode por um fim a crise. "É uma esperança para o mundo sair dessa crise. De uma doença grave que tem levado milhões de pessoas e que ainda não tem nenhuma cura", comentou Lorena.

Aprovação e distribuição

A vacina, desenvolvida pela empresa chinesa SinoVac Biotec Group, em parceria com o Instituto Butantan, poderá ser disponibilizada até janeiro de 2021, segundo o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), no caso de resultados positivos dos testes. 

Caso a vacina seja aprovada, a Sinovac e o Butantan vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em escala e fornecimento gratuito pelo SUS. Os passos seguintes serão o registro do imunizante pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e distribuição em todo o Brasil. Para o médico do HC, Eduardo Coelho, os grupos de risco deverão receber as primeiras doses.

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Foto: Luan Porto

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