Paciente que se curou da covid-19 conta como foi o período que passou internado

Paciente que se curou da covid-19 conta como foi o período que passou internado

"Que parte que as pessoas não entenderam que a coisa está feia? Quem puder ficar em casa, fique”, recomendou Eric Cônsoli

Na última quinta-feira, 2, o engenheiro Eric Cônsoli foi avisado de que receberia alta após passar nove dias internado no Hospital Ribeirânia, em Ribeirão Preto, em decorrência de um quadro grave de covid-19, causada pelo novo coronavírus.

Na despedida, foi surpreendido por um corredor lotado de médicos e enfermeiros que o homenagearam com uma salva de palmas (veja o vídeo no final da matéria). "Não esperava que fosse acontecer. Foi muito emocionante", disse Eric.

Dos nove dias internados, sete deles ele permaneceu na Unidade de Atendimento Intensivo (UTI). A quantidade de profissionais trabalhando exclusivamente no tratamento da doença o surpreendeu. "É um batalhão de pessoas prontas para a guerra. Quem está atendendo, deixa família em casa para se dedicar ao trabalho. Eles são profissionais fora do normal", elogiou.

Após a alta, ele ainda precisa se manter isolado do restante da família até a segunda-feira, 6. A orientação dos médicos é de que a quarentena dure 21 dias após o aparecimento dos primeiros sintomas da doença.

Eric mora com a esposa e as duas filhas, uma de seis anos e outra de quatro. Durante a quarentena, a saudade da família é o que mais o aflige. “Poxa, nem me fala. Fico olhando-as pela janela enquanto brincam lá fora”, conta.

Vez ou outra durante o dia, as filhas batem na porta do quarto em que Eric se mantém isolado. Rapidamente elas vão para o fundo do corredor e aguardam o pai aparecer na porta. De máscara, ele coloca a cabeça para fora e consegue ver as filhas à distância. Este é o contato mais próximo que ele pode manter com as crianças nesse momento.

O isolamento domiciliar segue todas as recomendações médicas. Eric lava as próprias roupas, talheres e roupa de cama. Dorme em um ambiente separado, evita se aproximar de qualquer familiar e, muito menos, sair de casa. 

Evolução perigosa

Por viajar constantemente a trabalho, o engenheiro não faz ideia de onde possa ter contraído a doença. “Pode ter sido em São Paulo, Manaus, Brasília. Em qualquer lugar”, admite.

Não obstante, o que mais o assustou foi a rápida evolução da doença. "Para mim foi um choque. A degradação é muito rápida. Do primeiro sintoma para os mais graves é coisa de uma semana", conta.

Felizmente, Eric estava antenado às notícias e às recomendações das autoridades de saúde. Quando sentiu a primeira febre, preferiu ir embora mais cedo do trabalho e ficar um período isolado em casa. Em menos de uma semana, os sintomas se agravaram.

"Quando eu senti a falta de ar, já corri para o hospital. Se eu demorasse mais algumas horas, precisaria ser entubado", lembra o engenheiro.

Conselhos e anedotas

Após sentir na pele a gravidade do coronavírus, Eric se mostra inconformado com quem “não acredita” ou menospreza a doença. “Que parte que as pessoas não entenderam que a coisa está feia? Quem puder ficar em casa, fique”, recomendou.

O engenheiro conta que, no início, o próprio pai via a seriedade da situação com certa desconfiança. "É preciso acontecer com alguém próximo da gente para darmos valor", acrescenta.

Contando os minutos para poder dar um abraço na família, o engenheiro não perde a esperança e o bom humor. Segundo ele, apesar de que sempre vão existir pessoas que não se convencem com os fatos, é importante conscientizar a população sobre a doença. E que o exemplo dele, sirva como forma de alertar para a agressividade desse vírus.

“Sabe a diferença do burro, do inteligente e do sábio? O burro não aprende, O inteligente aprende com os próprios erros e o sábio aprende com os erros dos outros”, brinca Eric.

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Foto: Reprodução - Hospital São Lucas

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