Mulheres que inspiram: Sirene Marley Gregoldo

Mulheres que inspiram: Sirene Marley Gregoldo

Sirene Marley Gregoldo é uma das fundadoras da empresa Atlântica Simbios

A empresária Sirene Marley Gregoldo, aos 78 anos, inicia seu dia às 5h, no viveiro de sua empresa, a Atlântica Simbios, cuidando das mudas de árvores nativas. Trabalha o período da manhã no viveiro e, à tarde, vai para o escritório. À noite, interage com amigos e grupos nas redes sociais ou lê um bom livro. Às quartas-feiras, religiosamente, vai às reuniões do Rotary Club de Ribeirão Preto, do qual é sócia há 28 anos. Lá, é presidente da Comissão de Intercâmbio de Jovens, sua grande paixão. O intercâmbio havia sido suspenso por conta da pandemia, mas, agora, está voltando aos poucos, e já iniciando as inscrições dos interessados para que sigam viagem em 2023.

Muito à frente de seu tempo, Sirene é uma pioneira na vida. Viúva aos 27 anos e com um filho pequeno para criar, em plena década de 1970, ela juntou suas forças e foi trabalhar e estudar. Atuou no sistema bancário, em imobiliária e em uma multinacional, até que fundou a empresa Atlântica Simbios com os sócios Rangel Leandro Romão e William Miosso Moura, em 1999. “Iniciamos por acaso. Fui procuradora de um cliente, dono de uma fazenda, que tinha uma área muito degradada à margem de um rio. O proprietário não morava em Ribeirão e começou a receber multas da prefeitura. Fez acordo com a Promotoria do Meio Ambiente, mas não tinha quem fizesse a recuperação da área. Fomos atrás de alguma empresa que fizesse o trabalho e não encontramos ninguém capacitado. Nessa época, meu filho fazia Zootecnia na Unesp de Jaboticabal e ele procurou saber como recuperar aquela área, pois tinha muito entulho e não havia como remover. Na Esalq-USP de Piracicaba, ele recebeu orientação, nos dispusemos a fazer e conseguimos. Foi nosso primeiro projeto. Depois disso, fomos contratados para fazer outros serviços e a empresa deslanchou”, conta.

A companhia tem projetos nos estados de São Paulo, Bahia, Pará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Amazonas, além de parcerias na Europa. “Fazemos desde o plantio de recuperação de matas em áreas degradadas até projetos para grandes reflorestamentos. Trabalhamos apenas com árvores nativas das respectivas regiões. Recentemente, concluímos um projeto que contemplou 50 fazendas de soja no Maranhão e, atualmente, o mesmo projeto continua em outras cinco propriedades, também produtoras de soja, no Mato Grosso. Nossa empresa atua mais em projetos e execução de reflorestamentos/restaurações de vegetação nativa, inventários de emissões de gases de efeito estufa e estoques de carbono, e também em licenciamento ambiental”, afirma Sirene. Quando completou 65 anos, ela decidiu fazer Direito e se formou aos 70 anos. “Às vezes, nossos clientes enfrentavam problemas judiciais por cometimento de crimes ambientais por desconhecimento da lei. Então, decidi fazer Direito para prestar assessoria a eles. O trabalho é a minha terapia. Não penso em parar, vou trabalhar enquanto der”, garante.

Sirene aconselha as mulheres a persistirem em seus sonhos. “Se tem vontade de fazer algo, vá e faça. O segredo é a resiliência e a esperança. Nunca perca o ânimo e a vontade. As coisas mudaram muito. Sou do século passado, ou melhor, sou do milênio passado, época em que as mulheres ficavam em casa cuidando dos filhos. Como precisei trabalhar fora, tive que abrir meu caminho a cotoveladas”, recorda. Nas horas vagas, o hobby preferido da empresária é ler. Ela mantém uma biblioteca de rua chamada Arlindo Gregoldo, o nome de seu pai, e carimba os livros com um recado para que a pessoa leia e, depois, passe a obra adiante. Deixa em pontos de ônibus, rodoviária, consultórios e tem pequenos estandes em alguns poucos estabelecimentos comerciais. Outra paixão da empresária é passar parte de seu tempo com as netas, Morena Romão, de 20 anos, e Mira Romão, que completa 16 anos neste Dia Internacional da Mulher. “Gostamos de sair juntas e elas também adoram quando cozinho para elas”, detalha.

Quem me inspira...

“Nunca pertenci a nenhum grupo, sempre pertenci a muitos. Faço parte de uma tribo longe de qualquer tradição ou preconceito, de meio social indefinido…”

Danuza Leão


Foto: Lidia Muradás

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