Ao menos 120 empresas já demitiram funcionários em Ribeirão Preto

Ao menos 120 empresas já demitiram funcionários em Ribeirão Preto

Pesquisa realizada pela Acirp com 306 empresários revela que 39,5% dispensaram funcionários durante a pandemia do novo coronavírus

Um levantamento realizado pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) mostrou que cerca de 120 empresas demitiram funcionários desde o início da quarentena causada pela pandemia do novo coronavírus.

A pesquisa, que ouviu 306 empresas associadas à Acirp, revelou que 39,5% das empresas realizaram demissões, enquanto 60,5% mantiveram os postos de trabalho. 

As empresas consultadas são, em sua maioria, do setor de serviços (46,2%) e comércio (42,8%), com predominância (57,1%) de atividades não-essenciais. Cerca de 90% dos empresários ouvidos declararam que as vendas caíram em relação a abril de 2019.

Das empresas que demitiram, o estudo aponta que um quarto delas dispensaram mais de 30 funcionários. Outras medidas, como a redução da jornada de trabalho e de salários, também têm sido adotadas pelos empregadores.

Segundo a Acirp, um dos motivos para o número de demissões é, sobretudo, a falta de acesso a empréstimos para folha de pagamento e capital de giro. Como mostra a pesquisa, dentre as empresas que procuraram instituições financeiras para obter linhas de crédito, 58,2% tiveram a solicitação negada. O estudo leva em conta pedidos de financiamento para folha de pagamento, capital de giro, investimento para adequar a operação, entre outros.

Maioria segue ativa

Realizada entre os dias 14 e 15 de maio, a pesquisa perguntou aos empresários quanto tempo a empresa deles conseguiria sobreviver com a prorrogação da quarentena. A maioria, respondeu que a empresa poderia sobreviver por mais dois meses com a quarentena. De acordo com o governo de São Paulo, a quarentena em todo o Estado poderá ser flexibilizada a partir do dia 31 deste mês

Segundo a Acirp,  10,5% declararam que a empresa não fecharia com a continuidade da quarentena, 11,1% declaram que conseguiriam manter a empresa ativa por mais seis meses, 18% até três meses, 19,3% por até dois meses, 28,4% respondeu que por mais um mês e 11,4% declarou que a empresa encerrará as atividades caso a quarentena continue. Os outros 1,3% afirmaram que já fecharam as portas.

Outro estudo

Um estudo realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (Sebrae), com base nas características da crise e observando o que tem acontecido em outros países, estimou que segmentos do comércio varejista, moda, estética, lanchonetes, bares e restaurantes estão entre os que serão mais atingidos pela crise. Nesses segmentos, avalia o Sebrae, existem cerca de 13 milhões de pequenos negócios que empregam 21 milhões de pessoas e uma massa salarial de mais de R$ 611 bilhões anuais.

Ademais, o Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo Banco Central no dia 20 de abril, prevê que o Produto Interno Bruto brasileiro para 2020 seja -2,96%. Desde antes da crise causada pelo coronavírus, a previsão era de que o PIB não atingisse a meta de crescimento proposta pelo governo de 2,1% no ano.

Somente em Ribeirão Preto, são 109 mil empresas, sendo 91 mil pequenos negócios. A previsão para o município é de que cerca de 60% das empresas sejam mais suscetíveis aos impactos da crise gerada pelo coronavírus. Com destaque para os segmentos de Serviços e Comércio, os dois que mais empregam na cidade.

Governo

Durante a coletiva que anunciou a prorrogação da quarentena em todo o Estado, o governador João Doria (PSDB) informou que, paralelo ao trabalho da Saúde, a equipe econômica do governo também estuda as medidas para a reabertura do comércio e serviços. Os economistas avaliaram quais são os segmentos mais afetados pelo coronavírus, tanto do ponto de vista da saúde, quanto da crise econômica.

Segundo o estudo, serviços domésticos, academias, salões de beleza e estética e parte do comércio, estão entre os mais vulneráveis e que deverão ser priorizados no momento em que for determinada a flexibilização. Todavia, ainda não há prazo para que isso ocorra.

Segundo o secretário de Economia e Planejamento, Henrique Meirelles, há um equívoco em relacionar a crise econômica diretamente ao isolamento social. "Parece óbvio, mas a crise é causada pela pandemia e não pelo isolamento. Por exemplo, o setor de serviços domésticos foi um dos mais afetados, mesmo sem nenhuma restrição. Isso por conta da preocupação das pessoas", ilustrou Meirelles.

Para o secretário, quanto mais rápido for controlada a evolução da pandemia, mais rápido será a recuperação dos empregos e rendas. Meirelles citou a situação do Reino Unido, que demorou para tomar medidas mais rígidas de isolamento e, agora, projeta uma queda de 14% na economia para o ano. 

Como fica

Ficou para o dia 31 de maio, em caráter facultativo, a reabertura do comércio, incluindo shoppings. Os estabelecimentos deverão respeitar as medidas de distanciamento entre pessoas, fornecer Equipamentos de Proteção Individual (EPI) aos funcionários e com horário de funcionamento apenas de segunda à sexta-feira.

A reabertura de bares, igrejas e templos religiosos, cinemas, teatros e locais de entretenimento ainda fica mantida para o dia 8 de junho.

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Foto: Luan Porto

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