Aumento consecutivo
Desde a quinta-feira, 12 de agosto, o preço médio do combustível nas distribuidoras subiu 3,5%

Aumento consecutivo

Preço do combustível sobe pela 9ª vez só neste ano e ameaça inviabilizar profissões relacionadas ao transporte

No dia 11 de agosto, a Petrobras anunciou uma elevação de 3,5% no preço médio do litro da gasolina nas refinarias a partir da quinta-feira, 12. Com o reajuste, o preço médio da gasolina passa para R$ 2,78 por litro para as distribuidoras, uma alta de R$ 0,09 por litro.

“A contribuição do preço da Petrobras para o preço na bomba passará a ser de R$ 2,03 por litro, em média, referente à mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro. Até chegar ao consumidor, são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de etanol anidro, além dos custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores”, esclarece a publicação da Agência Petrobras. 

De acordo com o Sistema de Levantamento de Preços (SLP) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em Ribeirão Preto, no dia 17 de agosto, o preço da gasolina comum variava entre R$ 5,79 e R$ 5,99. A média no preço de venda no período do dia 15 a 21 era de R$ 5,68, com desvio padrão de R$ 0,12 na cidade. 

Ameaça 

O presidente da Cooperativa dos Motoristas por Aplicativo da região de Ribeirão Preto (Comarp), Jorge Reis Chaves, atuante no setor desde 2016, relata que o aumento no combustível, somado à falta de reajustes nas tarifas repassadas aos motoristas, ameaça tornar o serviço insustentável. “Desde que os aplicativos chegaram em Ribeirão Preto, em 2016, nunca houve um reajuste das tarifas repassadas aos motoristas e tudo aumentou, não apenas o combustível. Muitos motoristas têm deixado de rodar pelo aplicativo. Nós percebemos pela demanda ter aumentado e, principalmente, pela reclamação por parte dos passageiros, que relatam demora para serem atendidos. Estamos em um momento complicado”, revela Jorge.

Segundo Jorge, muitos motoristas têm deixado de rodar pelo aplicativo

Ainda segundo o presidente da cooperativa, é necessário montar uma estratégia para a atuação dos profissionais do setor de transportes. “Recomendo que os motoristas busquem ajuda, pois é preciso ter uma estratégia para trabalhar, uma vez que o combustível está com o valor alto e as tarifas não se modificam. Aqui na cooperativa, estamos à disposição, além de realizarmos, também, um trabalho interno de treinamento e de orientação aos profissionais”, acrescenta.

Histórico 

Este é o 9º aumento no combustível neste ano e o segundo desde que o general da reserva, Joaquim Silva e Luna, assumiu a presidência da petrolífera, em abril, substituindo o economista Roberto Castello Branco. No primeiro reajuste, divulgado no dia 5 de julho, o preço do litro da gasolina para as distribuidoras subiu 6%, chegando a R$ 2,69, enquanto o óleo diesel subiu 3,7%, elevando o preço médio para R$ 2,81. Os reajustes foram equivalentes a R$ 0,16 e R$ 0,10 por litro, respectivamente. Em abril, a gasolina sofreu o sétimo aumento no ano, quando a Petrobras elevou em 1,9% o preço médio no litro do combustível. 

O economista Luciano Nakabashi, professor da FEA/USP de Ribeirão Preto, comenta os impactos econômicos do aumento no combustível

Segundo o economista Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP), o impacto do aumento, especialmente considerando o acumulado do ano, afeta diretamente o orçamento das famílias. “É um aumento adicional ao já acumulado ao longo de 2021 e impacta bastante o orçamento das famílias. É um cenário difícil: aumento no gás de cozinha, nos combustíveis e na energia elétrica, em um momento onde o desemprego está muito alto. Então, o orçamento tem ficado bastante apertado”, comenta.

“Desde o começo do ano estamos convivendo com oscilações no câmbio e no preço internacional de petróleo”, explica Rocca

Fernando Rocca, membro da associação de postos Núcleo Postos Ribeirão Preto, explica que, no acumulado deste ano, o aumento na gasolina totaliza 51% e que a composição do preço do combustível depende de duas principais variáveis, que vem sofrendo oscilações. “São duas variáveis que compõem o preço da gasolina: o preço internacional do petróleo e a variação cambial, mas elas sofrem influência de uma série de fatores fora do nosso controle, como as restrições ao comércio, por exemplo, que acabam impactando no consumo do combustível”, pontua. 

O gestor também esclarece que esse tipo de aumento chega quase de forma imediata nas bombas dos postos de gasolina. “A margem dos postos revendedores é baixa. Como o preço do combustível está muito alto, nós não conseguimos fazer estoque, pois é preciso ter um capital de giro muito grande. Para um caminhão de combustível com cinco compartimentos, você precisa de mais ou menos R$ 130 mil para pagar à vista. Só que o consumidor paga no cartão e você recebe depois de 30 dias. Não temos mais condição de fazer estoques, portanto, na hora que a Petrobrás anuncia o aumento, ele é quase instantâneo nos postos”, finaliza Rocca. 


Foto Destaque: Marcelo Camargo/Agência Brasil 

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