Setor acredita que privatização de Eletrobras traz incentivo para produção de biomassa
Setor sucroenergético diz que privatização pode estimular produção de energia a partir da biomassa da cana-de-açúcar

Setor acredita que privatização de Eletrobras traz incentivo para produção de biomassa

Porém, na Fenasucro, em Sertãozinho, ex-ministro Aldo Rebelo disse que proposta é um “absurdo”

O ex-ministro e deputado Aldo Rebelo disse que é um absurdo a proposta do Governo Federal para a privatização da Eletrobras, anunciada na última segunda-feira, 22, e exposta pelo Ministério de Minas e Energia na terça, 22. Porém, entidades do setor de energia comemoraram a proposta na Fenasucro, que é realizada em Sertãozinho até sexta-feira, 25.

Para Rebelo, que pediu afastamento do PC do B na última semana, dificilmente o governo vai conseguir um comprador para a Eletrobras, já que ele considera a estatal uma empresa de difícil mensuração de valor, em razão de sua importância ao País.

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“É um absurdo. A Eletrobras é uma das empresas com mais ativos no mundo. O mercado não tem como avaliá-la. Duvido que venha acontecer”, emendou o político, que ainda disse que a disparada nas ações da empresa na bolsa de valores representa a importância que ela tem para o Brasil.

Já pessoas ligadas à geração de energia acreditam que é benéfica a privatização da Eletrobrás, e que pode incentivar os investimentos na geração de energia por meio de biomassa da cana-de-açúcar.

Para o diretor da Datagro, empresa que presta consultoria no planejamento energético, Guilherme Nastari, a privatização da estatal estimula a produção de biomassa. “É uma oportunidade de um sistema mais profissional e estimula a produção de biomassa dentro da própria usina sucroenergética”, afirmou.

O diretor de usina sucroenergética Antônio Eduardo Toniello Filho acredita que a notícia é boa, porque, de acordo com ele, a Eletrobras está destinada a ser uma repartição de partido político e isso deixa conturbada a produção de energia a partir de biomassa nas usinas.

“O governo atrapalha o setor sucroenergético, principalmente o nosso setor de biomassa, pois não temos incentivo algum. Com a privatização esperamos que possam surgir investimentos para produzirmos mais energia a partir desta matéria prima”, comentou Toniello.

De acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a biomassa a partir da cana-de-açúcar é um recurso com grande potencial e a participação é importante para a diversificação da matriz elétrica. Além disso, a safra coincide com o período de estiagem na região Sudeste/Centro-Oeste, onde está concentrada a maior potência instalada em hidrelétricas do país, portanto, pode ajudar na preservação dos níveis dos reservatórios.

De acordo com estimativas da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em 2020 a eletricidade produzida pelo setor poderá representar 15% da matriz brasileira, com a produção de 14.400 MW médios.

Privatização

O Ministério de Minas e Energia informou que vai propor a redução da participação da União no capital da Eletrobras, com sua consequente democratização na Bolsa de Valores, a exemplo do que já foi feito com a Embraer e a Vale. Segundo a pasta, a medida vai dar mais competitividade e agilidade à empresa para gerir suas operações, sem as amarras impostas às estatais.

Na avaliação do Ministério de Minas e Energia, os problemas da Eletrobras decorrem de ineficiências acumuladas nos últimos 15 anos. O governo permanecerá como acionista, recebendo dividendos ao longo do tempo e a União manterá poder de veto na administração da companhia, garantindo que decisões estratégicas no setor sejam preservadas.


Foto: Natália Trombeta - Esalq-USP

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